A queda de Moisés

23/07/2020 às 06:50 Ler na área do assinante

O pior governador que a história de Santa Catarina já viu, começou neste dia 22 de julho de 2020 a contagem regressiva para ser expurgado do cargo.

O Deputado Júlio Garcia, eleito por unanimidade presidente da ALESC, acatou o parecer favorável da Procuradoria da casa, baseado no processo que apura irregularidades na equiparação salarial de Procuradores do Estado.

Assim, admitido o pedido, o mesmo será processado perante o Poder Legislativo e está dada a largada para o processo de impeachment do Carlos Moisés e da Vice Daniela Reinehr.

Não há dúvidas que esse é um processo político que vai tramitar pelo procedimento jurídico.

Moisés foi o maior erro que os catarinenses (nos quais me incluo cheio de arrependimentos) cometeram.

Além deste fato específico o governador cantor, está sendo investigado pelas gravíssimas irregularidades na compra de respiradores, cuja falta está pondo em colapso a saúde do Estado no curso da pior crise de saúde da nossa história que é a pandemia de COVID-19, o que também é objeto de outros pedidos de impedimento e de uma CPI que caminha a passos largos na direção de colocá-lo na linha de tiro por ter conhecimento dos fatos e até - ainda que carente de um aprofundamento investigatório mais seguro - participação direta nos mesmos.

A verdade é que Moisés deslumbrou-se com o mel que a vida lhe deu.

Neófito no jogo político do qual é um "off side" deslumbrou-se com o poder. Vestido de um colete laranja, com cara de pamonha e atitudes de um bobo da corte, não cumpriu no exercício do cargo, minimamente, o principal fundamento, que é a busca do diálogo com a sociedade, com as instituições e com a classe da qual passou a ser integrante.

Arrogante, se pôs como imperador, agarrado aos agrados, mordomias e confortos do seu pequeno castelo de sonhos.

Cercou-se de gente gulosa (alguns dos quais já na cadeia), vaidosos, chinelões prepotentes e deixou o Estado à deriva.

E logo nós, que sempre fomos referência no gerenciamento de crises humanitárias, estamos passando essa tragédia de amplitude mundial sem comando e sem bussola, tudo indicando que teremos os piores indicadores dentre todos os Estados do país.

A ALESC deveria acatar o clamor popular e apurar o petiço e expurgar o mais rápido possível esta síntese de incompetências do cargo.

Ante o sofrimento, a dor da morte de centenas de catarinenses, Moisés deveria ter, pelos menos, a grandeza cívica da farda que vestiu quando bombeiro e renunciar para nos poupar deste desgaste nessa hora trágica. Mas sua pequenez só vem confirmar o dito popular: "nada é tão ruim que não possa ficar pior".

Já passou da hora.

Luiz Carlos Nemetz

Advogado membro do Conselho Gestor da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes, professor, autor de obras na área do direito e literárias e conferencista. @LCNemetz

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