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Bandeiras nas ruas e boas intenções não são o suficiente para mudar o país

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Já escrevi várias vezes sobre o que é o Conservadorismo.

Já expliquei, diversas vezes, que é "a ideologia de não ter ideologias".

Os acontecimentos desta semana, porém, me fizeram ver que essa ideia ainda não foi bem compreendida por grande parte dos brasileiros.

Pra começar, não existe um "conservador radical". Ser conservador é ter jogo de cintura, saber se adequar ao cenário. É guiar-se pelo farol da liberdade e entender, naquele momento, o que é o melhor para a sociedade. É preservar o que é bom e eliminar o que não é.

Como defensores da liberdade, obviamente, os conservadores defendem o Estado Mínimo. vêem-no como um "mal necessário".

É lógico, portanto, que um conservador não concorde, em condições ideais, que o governo sustente projetos culturais, por exemplo. Foge da alçada do Estado. Pode ser perfeitamente bem administrado pela iniciativa privada.

Pergunto, então: Existe possibilidade de que o governo, hoje, não interfira na cultura?

Foram mais de 30 anos de aparelhamento esquerdista. Se não houver interferência, a balança não equilibra. O setor não vai se desaparelhar sozinho.

O mesmo vale, por exemplo, para programas de transferência de renda. Em um cenário ideal, é claro que não devem existir. Um programa social deve ser pensado para que a permanência do cidadão seja a menor possível; para que ele tenha a oportunidade de, o quanto antes, caminhar com as próprias pernas.

Novamente, pergunto: Nas atuais circunstâncias, existe essa possibilidade? Especialmente com essa crise mundial, onde milhares de empresas faliram e milhões de trabalhadores perderam o emprego, muitos brasileiros dependem do governo para que consigam colocar comida no prato.

Vivemos, no presente, as consequências de incontáveis ações tomadas a médio e longo prazo, no passado. Um país não muda da noite para o dia. As medidas tomadas hoje, então, não repercutirão amanhã, mas nos anos seguintes.

Bolsonaro foi eleito nas urnas. Nas urnas, também, para o Congresso Nacional, foram eleitos inúmeros esquerdistas, centristas e estelionatários eleitorais.

O que, então, deve fazer o Presidente? Cruzar os braços, agarrado à sua insuficiente base de governo, e esperar o barco afundar, ou buscar apoio para aprovar seus projetos e cumprir seus compromissos de campanha?

Se aliar ao "centrão" não é o sonho de nenhum direitista. Mas o "voto de minerva", que permite que o Governo Federal faça acontecer, está na mão do "centrão".

De que adianta Bolsonaro "comprar guerra" com aqueles que podem ser aliados?

Que vantagem isso trará para o Brasil?

Na melhor das hipóteses, teremos um governo estagnado por falta de capital político, no meio da maior crise mundial desde 1929; na pior, derrubam o Presidente e assumem o poder "na marra".

Sei que isso pode ser decepcionante para quem despertou para a política "anteontem" e ainda acredita que, enquanto unicórnios dourados peidam arcos-iris entre as nuvens de algodão doce do céu verde e amarelo, somente bandeiras nas ruas e boas intenções são o suficiente para mudar o nosso país.

Desculpem-me por decepcioná-los, direita tutti-frutti, e bem vindos ao mundo real.

"Política é a arte do possível, não do ideal." (BISMARK, Otto Von)
Foto de Felipe Fiamenghi

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

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