Para além do discurso: Para proteger a infância de nossas crianças, precisamos falar de educação sexual

Ler na área do assinante

Precisamos focar em ações concretas, preventivas e educativas, pois o discurso inflamado e explosivo pouco favorece a mudança gradual, constante e sólida.

Nossas crianças estão sendo vitimas de estupro e agressões, então, devemos dirigir nossa atenção para as causas desses males, compreendê-los e analisá-los objetivamente, sem a contaminação ideológica, para não termos que lidar, no futuro, com crianças sendo jovens mães e com a morte de inocentes bebês.

A questão é que o tema educação sexual está bastante contaminado graças a um jornalismo militante, partidário e desonesto que compreende erotização infantil como prática saudável e necessária dentro e fora do ambiente escolar.

Educar a criança para saber como reagir a assédios e estupros, quem procurar e como reportar o ocorrido, é algo de extrema importância e que não deve ser confundido, dentro de um debate sério, com o ato de despertar precocemente a sensualidade de meninas e meninos, tornando-os assim, infelizmente, em presas mais fáceis de ser seduzidas por predadores sexuais, sejam estes mulheres ou homens.

Erotização infantil é um ato nefasto que serve como primeiro passo para a normalização e futura legalização da pedofilia. Se uma menina é ensinada que uma música que tem por coreografia a imitação de movimentos e posições que fazem alusão ao ato sexual e, por conseguinte, que incentiva a sensualidade precocemente, é adequada e desejável, como ela poderá se defender de investidas de um pedófilo ou pedófila?

O site lunetas, no artigo Erotização infantil: o que é perigo real e o que é mito?, afirma:

“Dito isto, vamos aos conceitos. Segundo a própria definição de dicionário, “erotização” é a “ação ou resultado de erotizar-se”, que por sua vez é ‘provocar sensações eróticas em alguém ou em si mesmo; sentir excitação’.
Portanto, a erotização infantil é praticar essa ação em relação a crianças.
Vale ressaltar que a erotização infantil pode se dar de forma direta ou indireta, ou seja, com ou sem a participação imediata da criança.
Deste modo, podem ser englobados como processos de erotização tanto um a peça publicitária que exponha o corpo da criança de forma sexualizada quanto um abuso sexual consumado(...).” (grifo nosso)

Sobre sexualização o mesmo artigo, define:

“Já a sexualização, como o próprio nome indica, é uma ação que ocorre de fora para dentro, ou seja, não é um processo natural da criança. Assim, a sexualização precoce é uma manobra externa, que adultiza a criança, e muitas vezes é encabeçada por atores sociais como publicidade infantil, sociedade de consumo ou mesmo por adultos do seu convívio que indiretamente expõem a criança a repetir padrões de comportamento inadequados para sua faixa etária.” (grifo nosso)

A articulista e psicóloga Judinara Braz, no artigo Erotização infantil - uma violência silenciosa e perigosa, complementa: “Não são poucas as oportunidades que as crianças estão tendo de conviver com propagandas, filmes, desenhos animados, novelas que despertam a sedução, a exposição do corpo; além de serem vigiadas por pedófilos que se aproveitam das postagens de fotos tão ingênuas dos familiares em redes sociais.

Recentemente, a Revista Época, datada em 26 de outubro de 2015, apresentou uma manchete com o seguinte título:

“Rede social não é lugar para criança”.

Nessa reportagem, ela apresenta um índice alto de homens com comportamento característico de pedofilia, que visitam as redes sociais em tempo integral a fim de satisfazer seus desejos, tendo como preferência propagandas de produtos infantis, que sempre trazem a imagem de crianças dóceis, bonitas e vistosas.” (grifo nosso)

Falar de educação sexual é construir, antes de tudo, um diálogo entre a família, a escola e com as diversas religiões presentes na sociedade. As famílias são as responsáveis primárias pela formação intelectual, disciplina e socialização das crianças, além de transmitir valores morais e éticos, portanto, seu protagonismo não deve ser roubado pelo estado ou ignorado. É enfrentar com coragem e objetividade um assunto complexo e sério.

As religiões fazem parte da construção sócio-histórica da humanidade. O Brasil é uma nação onde a religião católica e protestante teve e segue tendo peso e valor.

O Brasil é uma nação enriquecida graças a herança filosófica e teológica especialmente da matriz católica e tal fato não pode ser esquecido. Outras religiões, já que o cenário religioso brasileiro nas últimas décadas vem se tornando mais plural e rico, também devem ser ouvidas.

Por fim, a escola deve promover a educação sexual para:

Ensinar sobre higiene e cuidados com o corpo diferenciando cada sexo (feminino e masculino)

Deve proteger a criança da ação de predadores sexuais, estupradores e molestadores, ensinando quais partes do corpo podem ser tocadas por outros e aquelas que não podem. A criança deve ser ensinada a reconhecer um toque normal e saudável de um nocivo.

Deve ensinar a criança a reconhecer e reportar um assédio e/ou violência sexual.

Meninos e meninas devem saber a quem transmitir seus dramas e dores. Mesmo que o abusador e estuprador seja membro da família da vitima, a criança deve ser incentivada a denunciar para a escola o caso.

Deve conhecer e entender a importância e uso dos canais apropriados como disque 100, o app Direitos Humanos Brasil e o site ONDH ( Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos).

Nunca deve ser papel da escola ensinar ideologia de gênero, sexualizar ou promover a erotização do alunado. As famílias devem resgatar seu protagonismo e fiscalizar as ações das escolas onde seus filhos estudam.

A família está acima do estado e não pode ser refém de uma ideologia nem de leis imorais, como também de políticas públicas mal concebidas.

Para além do discurso tão aguerrido, busquemos evitar a dor, a violência e morte (física, emocional, espiritual) de nossos pequenos.

Graças a Deus temos uma guerreira como a ministra Damares Alves para lutar por nossos filhos junto conosco.

Foto de Carlos Alberto Chaves Pessoa Júnior

Carlos Alberto Chaves Pessoa Júnior

Professor. É formado em Letras pela UFPE.

Ler comentários e comentar