A legítima luta de Taiwan por independência contra a opressão do Partido Comunista Chinês

31/08/2020 às 12:15 Ler na área do assinante

Há um bom tempo, o governo totalitário da China continental oprime territórios livres e prósperos, como Hong Kong e Taiwan.

Ambas as regiões vem sofrendo — em níveis distintos e variados — com a opressão da tirania despótica e truculenta do Partido Comunista Chinês.

Desde o ano passado, protestos tornaram-se recorrentes em Hong Kong; Carrie Lam, a chefe do executivo da ilha, tentou implementar leis que facilitavam a deportação de indivíduos considerados "subversivos" — na verdade, qualquer um que ouse divergir ou discordar das imposições sádicas e arbitrárias do governo ditatorial — para o continente.

Na verdade, essa resolução não passava de uma medida terrivelmente arbitrária do governo despótico de Pequim, a serem seguidas por outras, para dominar Hong Kong aos poucos.

O objetivo dos ditadores do Partido Comunista é exercer domínio completo, total e absoluto sobre o território de Hong Kong. Seus habitantes, evidentemente, lutam arduamente contra isso; afinal, se a China continental vencer, eles deixarão de ser uma das sociedades mais soberanas, independentes e economicamente livres do mundo, para se tornarem escravos do ditatorial e opressivo Partido Comunista Chinês.

Recentemente, os dirigentes do partido proibiram inclusive a circulação de livros sobre democracia na ilha.

Hong Kong foi por décadas colônia britânica. Os britânicos devolveram o território oficialmente aos chineses em 1997, com a condição de que respeitassem a soberania e a autonomia da região por no mínimo 50 anos.

Ou seja, o governo da China continental não poderia interferir nos assuntos internos de Hong Kong antes de 2047. Mas é claro que os dirigentes do Partido Comunista Chinês — sempre ávidos por poder e controle absolutos — não respeitaram, como jamais respeitariam as condições do acordo.

Seria ingenuidade pensar que comunistas algum dia respeitariam alguma coisa, que não fosse sua insaciável e voraz sede de poder.

Em um honrado gesto de solidariedade, o Primeiro Ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que está disposto a dar cidadania britânica aos habitantes de Hong Kong, caso queiram se mudar para a Inglaterra. O governo da China continental prometeu retaliação, se os britânicos forem adiante com essa proposta.

Assim como o Partido Comunista busca dominar Hong Kong, eles pretendem dominar Taiwan da mesma maneira.

Não obstante, a situação de Taiwan possui algumas diferenças consideráveis com relação a situação de Hong Kong. A começar pelo fato de que Taiwan — embora não seja reconhecida por um grande número de países — é de fato uma nação soberana e independente, e nunca esteve sob a jurisdição dos comunistas da China continental.

No entanto, Xi Jinping, o despótico mandatário chinês, pretende reunificar Taiwan à China, submetendo-a ao governo da China continental a qualquer preço, mesmo que isto ocorra na base da violência.

Apesar de insistir no diálogo pacífico para resolver esta “crise” — que na verdade não é uma crise, mas uma unilateral imposição autoritária por parte do Partido Comunista Chinês para expandir o seu domínio territorial —, Xi Jinping, o homem mais poderoso da China desde Mao, que acumula as funções de presidente, secretário geral do partido e presidente da comissão militar central, não descarta a hipótese de uma invasão militar para anexar Taiwan à força.

Evidentemente — e com toda a razão e justificativa — os taiwaneses não querem perder a liberdade que conquistaram com muito esforço e sacrifício na década de 1990. Da mesma forma que a nossa, a democracia taiwanesa é um evento recente.

Assim como a China, Taiwan também era uma ditadura, mas com muito sacrifício e perseverança, a população conseguiu suplantar a tirania, e substituí-la por um regime democrático. E obviamente, eles não estão dispostos a abrir mão da liberdade.

Os taiwaneses sabem que, uma vez que estiverem sob o domínio totalitário do governo da China continental, perderão todas as suas liberdades civis, políticas e individuais.

Como explicado acima, Taiwan nunca esteve sob a jurisdição dos comunistas da China continental. Seu desejo de manter sua soberania e lutar contra o imperialismo chinês não apenas é legítima, como é fundamental para a sua própria sobrevivência e a manutenção da sua liberdade e da sua soberania.

Mas vamos voltar algumas décadas no tempo para compreender a questão em toda a sua dimensão histórica e política.

A China continental chama-se República Popular da China, e Taiwan — também chamada de Formosa — chama-se República da China. Antes do governo comunista, costumavam ser uma única nação. Mas o que aconteceu? Como esta nação se dividiu em duas?

Até o princípio da década de 1920, a China era um único país, governado pelo partido nacionalista de um militar autoritário, chamado Chiang Kai-shek. Seu governo, no entanto, era extremamente corrupto, e durante esse período, o comunismo — amplamente financiado pelos soviéticos — começou sua plena ascensão na China.

Determinados a tomar o poder, os comunistas se insurgiram e deflagraram uma violenta e brutal guerra civil, que se estendeu por décadas. É fundamental entender que neste período da história, o comunismo estava começando a se difundir e a se disseminar pelo mundo.

As atrocidades e barbaridades que foram cometidas em regimes totalitários marxista-leninistas ainda não haviam ocorrido, e muitas pessoas sinceras realmente acreditavam que o comunismo era o melhor caminho para a conquista de um mundo melhor e mais justo.

Em virtude da ampla insatisfação popular para com o governo de Chiang Kai-shek — que beneficiava majoritariamente as ricas oligarquias chinesas em detrimento dos mais pobres e desamparados, que viviam existências paupérrimas, insuportáveis e excruciantes, em um regime não muito diferente da escravidão —, não foi nenhum pouco difícil para os comunistas arregimentar adeptos e militantes para a causa, que, em pouco tempo, juntaram-se à guerrilha para tomar o poder.

A guerra civil na China durou décadas. O conflito foi cruel, violento e atribulado. Os nacionalistas receberam apoio logístico e militar dos americanos, enquanto os comunistas receberam apoio dos soviéticos.

A princípio, ficava difícil saber exatamente quem seria o vencedor. Os comunistas no entanto, com muito esforço e persistência, venceram a guerra.

Durante o levante comunista, um homem distinguiu-se por sua liderança e bravura: chamava-se Mao Tsé-tung, indivíduo natural de Shaoshan, um distrito localizado na província de Hunan.

Um inveterado marxista-leninista, que passava muitas horas por dia dedicado a estudar literatura socialista, Mao parecia aos seus correligionários um homem disposto e determinado pela sua liderança em campo, que era sempre enérgica e resoluta.

Esta liderança, no entanto — à princípio muito elogiada e agraciada por seus colegas —, mais tarde se transformaria em brutal, violento e nefasto autoritarismo.

Ao vencerem a guerra, os comunistas monopolizaram o poder, e Mao tomou a dianteira como o líder político supremo da nação. Na sequência, fundou, em 1949, a República Popular da China. Os nacionalistas, derrotados, fugiram todos para a ilha de Formosa.

Em Formosa, a maior parte dos nacionalistas estabeleceram-se na cidade de Taipei. Chiang Kai-shek passou a chamá-la de capital dos tempos de guerra. Seria uma capital provisória, até os nacionalistas elaborarem um coeso e eficiente plano militar para reconquistar o continente e tirá-lo das mãos dos comunistas. Um evento que jamais aconteceria.

Ao se estabelecer na ilha de Formosa, no entanto, Chiang Kai-shek também passou a governá-la como ditador.

Em pouco tempo, estabeleceu um nefasto, vil e sórdido regime de terror, que sacrificou as populações nativas — embora não ao ponto de exterminá-las completamente —, e mandava torturar e matar com requintes de crueldade todos os chineses que fossem suspeitos de possuir quaisquer conexões ou vínculos com os comunistas do continente.

Consequentemente, duas ditaduras foram estabelecidas. Chiang Kai-shek e o Partido Nacionalista governavam a ilha de Taiwan (China Insular) com brutalidade, enquanto Mao Tsé-tung e o Partido Comunista dominavam a República Popular (China continental), com expressiva crueldade.

Dessa maneira, foi estabelecida a dicotomia política entre a China e Taiwan, com uma reivindicando domínio territorial sobre a outra.

Os nacionalistas de Taiwan afirmavam que eram os legítimos detentores do poder sobre a China continental, enquanto o governo comunista continental reclamava — como o faz até o presente momento —, ser o legítimo soberano político sobre a ilha de Taiwan.

Esse é um assunto que divide nações à décadas. Nem mesmo Inglaterra e Estados Unidos — há muito tempo aliados políticos ferrenhos, que concordam em vários pontos sobre diversos assuntos — nunca conseguiram chegar a um consenso sobre este tópico. Muitos veem o governo de Taiwan como sendo o legítimo governante de toda a China; afinal, os comunistas tomaram o poder depois de deflagrar uma guerra civil; portanto, através de um golpe de estado.

Não foram eleitos democraticamente, por essa razão não deveriam ser considerados os legítimos governantes.

E, ao contrário da China, Taiwan conseguiu tornar-se um regime democrático. Depois que Chiang Kai-shek morreu, em abril de 1975 (Mao morreria pouco mais de um ano depois, em setembro de 1976), ele foi substituído pelo seu filho, Chiang Ching-kuo. Gradualmente, os taiwaneses, com muita perseverança, paciência e coragem, foram desafiando a autocracia tirânica que governava a ilha, através de inúmeros protestos políticos.

Neste árduo e difícil período de repressão, milhares de taiwaneses foram torturados e mortos pelo governo ditatorial. Mas progressivamente, este povo corajoso conseguiu derrubar o regime ditatorial e estabelecer uma sólida democracia em seu lugar.

E é isso que eles lutam para preservar. A ameaça que a China continental representa é um perigo nefasto e sinistro, que pode resultar em uma conflagração bélica hostil e sanguinolenta, especialmente pelo fato de que o ditador Xi Jinping fala frequentemente que, se necessário, anexará Taiwan à força.

O ditador Xi Jinping fala constantemente em separatismo. Ele afirma que são os movimentos separatistas que comprometem a integridade política da China. Isto, no entanto, é uma falácia que busca ocultar deliberadamente suas autoritárias pretensões imperialistas.

A verdade nua e crua é que — muito mais do que separatista — Taiwan sempre foi uma unidade política independente, com seu próprio governo, sistema judiciário, exército, leis e moeda. Nunca dependeram da China para absolutamente nada. Muito pelo contrário; e eles estão plenamente dispostos a lutar arduamente contra o tirânico e maledicente dragão asiático para manter a sua independência, liberdade, soberania e integridade territorial.

Há alguns anos atrás — sendo Taiwan um arquipélago de ilhas — o governo taiwanês da época propôs ao governo chinês a concessão de algumas ilhas mais próximas ao continente.

Os habitantes destas ilhas, no entanto, protestaram ostensivamente, em reiterada objeção à proposta. Afinal, compreendiam perfeitamente que, uma vez que estivessem sob o domínio do governo comunista de Pequim, suas liberdades individuais seriam ostensivamente erradicadas e suprimidas.

Há muito tempo, a China pressiona vários países para não reconhecerem a independência de Taiwan.

Sofrendo pressão, sanções e boicotes de todos os lados — até mesmo determinadas companhias áreas não mais aterrissam na ilha, e as que o fazem recusam-se a nomear localidades específicas, como por exemplo a capital Taipei, como parte de Taiwan; ao invés disso, fazem referência a cidade como parte da China — é deplorável constatar que até mesmo os Estados Unidos, que foram o grande baluarte de apoio à resistência de Taiwan até pouco tempo, e o único motivo pelo qual o governo comunista da China continental nunca tentou ocupar a ilha à força, passou a retroceder em sua defesa da liberdade.

Infelizmente, precisamos encarar o fato de que a China continental lançou-se em um brutal e perverso plano de colonização e conquista, com disposição para dominar o mundo inteiro. Evidentemente, as nações mais próximas sentirão isso com mais brutalidade e intensidade.

As duas regiões autônomas da China, Macau e Hong Kong, estão com seus governos relativamente independentes ameaçados e sucumbindo gradualmente diante da progressiva tirania do governo central.

Assim como Hong Kong foi colônia britânica, Macau foi colônia de Portugal, assim permanecendo por 442 anos — a língua portuguesa inclusive até hoje é um dos idiomas oficiais da região.

Macau, conhecida como a Las Vegas do oriente, é o único lugar da China onde o jogo é permitido. Hong Kong, por sua vez, é um dos lugares mais economicamente livres do mundo. Ocupa ano após ano o primeiro lugar no índice de liberdade econômica da Heritage Foundation, embora atualmente esteja em segundo lugar, ficando atrás de Singapura.

Durante o período maoísta, muitos chineses fugiam para Hong Kong, buscando refúgio e segurança da repressão comunista que assolava o continente.

Tanto Macau quanto Hong Kong vivem pelo regime que o governo central chinês chama de “uma nação, dois sistemas”, formalizado por Deng Xiaoping. Xi Jinping ofereceu ao governo de Taiwan a possibilidade de ingressar neste regime, mas Tsai Ing-Wen, a presidente de Taiwan desde 2016, disse que jamais aceitará.

Corajosa, ela foi mais além: exortou Pequim a adotar a democracia.

Não obstante, Xi Jinping é um ditador autoritário e intransigente, e está determinado a resolver o assunto à sua maneira. Embora prefira o diálogo, o déspota não descartou a possibilidade de uma invasão militar.

Embora este impasse entre China e Taiwan exista há décadas — desde 1949, para sermos exatos — é evidente que o assunto vem progressivamente escalando para uma tensão política e diplomática explosiva, que pode resultar em um sanguinário conflito militar.

Xi Jinping é um tirano determinado a expandir suas ambições de poder e dispõe dos meios militares necessários para iniciar agressões contra povos livres e pacíficos. No entanto, suas invectivas buscam também consolidar sua liderança dentro do Partido Comunista Chinês.

Xi Jinping sabe perfeitamente que se retroceder um milímetro em suas decisões, e em sua busca desenfreada por poder à qualquer custo, ele não terá o respeito dos seus correligionários. E se estiver disposto a fazer concessões, correrá o risco de ser visto como um líder fraco.

Sua liderança então poderia ser questionada e isso enfraqueceria o seu domínio.

Por essa razão, ele está estrangulando cada vez mais a autonomia de todos: cidadãos, políticos, mandatários do partido, organizações independentes, mídia, governos locais, demandas por reforma e democracia. Como uma forma de garantir sua supremacia, conseguiu até mesmo incorporar sua cosmovisão política à constituição.

Como este impasse será resolvido, é impossível prever. Resta-nos apenas torcer por Taiwan — uma pequena ilha do leste asiático, com uma população de aproximadamente 24 milhões de habitantes —, que luta arduamente contra o domínio opressivo, beligerante e tirânico do implacável imperialismo chinês, que está plenamente disposto a passar por cima de tudo e de todos para saciar suas vorazes, deploráveis e desumanas aspirações por soberania absoluta e ilimitado poder desenfreado.

Se um conflito armado vier a ocorrer, que a vitória seja de Taiwan. A luta da liberdade contra a tirania sempre será árdua, mas como diz o ditado popular, o preço pela liberdade é a eterna vigilância.

Wagner Hertzog

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