J.R. Guzzo crava: “Barroso, o ‘grande líder’ da oposição"

12/09/2020 às 19:36 Ler na área do assinante

O inigualável jornalista José Roberto Guzzo, em mais um brilhante artigo publicado na Revista Oeste, analisa o Supremo Tribunal Federal e faz uma afirmação bombástica e extremamente preocupante: Barroso é o grande líder da oposição.

Na opinião do jornalista, “o ministro Luís Roberto Barroso, a exemplo do que vem acontecendo com frequência alarmante entre a maioria dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal, tem oferecido ao público uma sequência do que parecem ser acessos cada vez mais severos de excitação nervosa”.

Irônico em sua análise, Guzzo diz o seguinte:

“O ministro, ultimamente, parece ter convencido a si próprio de que é o grande líder da oposição no Brasil — e como vive 100% selado dentro de um mundinho onde ninguém é capaz de alertá-lo sobre o perfeito despropósito de achar uma coisa dessas, ele vai em frente. Por que não? Barroso é levado terrivelmente a sério pela mídia, pelo senador Alcolumbre e por outros colossos da nossa vida política, intelectual e ‘civilizada’. É natural que acredite, como o galo Chantecler da fábula de Rostand, que o sol só nasce porque ele canta. Seu mais recente manifesto à nação e ao mundo foi também um dos mais esquisitos do seu repertório. Falando num inglês de curso Berlitz mal concluído, naquele sotaque de brasileiro que tenta imitar o que imagina ser a pronúncia ‘norte-americana’ (era um vídeo do Instituto Fernando Henrique para uma plateia estrangeira), Barroso revelou que o Brasil vive numa dic-tator-ship, que o presidente Bolsonaro é a favor da tortura e outros prodígios da mesma natureza. Levou meia hora para falar esse dic-tator-ship, assim mesmo, sílaba por sílaba. Quis parecer um tipo cosmopolita. Acabou sendo apenas cômico.”

E na sequência, o jornalista destrói as afirmações do ministro:

“Como assim, ‘ditadura’? Para levar a sério por mais de cinco minutos a acusação do ministro, seria preciso que ele demonstrasse, com base em algum fato objetivo, por que o Brasil de hoje seria uma ditadura. E então? Quais os atos contra a democracia, as leis e as ‘instituições’ praticados por Bolsonaro ou membros do seu governo? Em que data? Em que lugar? O governo enviou à Câmara ou ao Senado algum projeto que possa ser descrito como antidemocrático? Qual? Quando? E decreto — há algum decreto presidencial contra a democracia? Houve algum episódio, em vinte meses de governo, em que o presidente da República deixasse de cumprir alguma ordem da Justiça ou qualquer outra determinação legal? Talvez nenhum outro governo na História do Brasil tenha sido tão atacado pela imprensa como o de Bolsonaro — começou a apanhar antes mesmo de tomar posse e não parou até hoje. Durante esse tempo todo, não houve nenhuma tentativa de censura, aberta ou disfarçada, contra qualquer órgão de comunicação. Nenhum jornalista brasileiro ou estrangeiro foi incomodado até hoje, por nenhum motivo. (O ex-presidente Lula, a título de comparação, quis expulsar do Brasil um correspondente norte-americano que deu a entender num artigo que ele era bêbado: só não o expulsou porque não conseguiu.)”

Impecável, Guzzo faz as palavras ganharem brilho:

“O que houve, e apenas uma vez, foi uma tentativa de ação legal contra um jornalista que escreveu o seguinte: ‘Eu quero que o presidente morra’. Mas e daí? A coisa não deu em nada, e nem deveria mesmo dar, porque não é contra a lei querer que o presidente, ou qualquer outra pessoa, morra. O problema é apenas de quem escreveu, do veículo que publicou isso e dos leitores, a quem cabe julgar esse tipo de desejo. Jornalistas são processados o tempo todo na Justiça, pelos mais diferentes motivos — não estão acima da lei, como se sabe. Nessas ocasiões, procuram um advogado e esperam a decisão da Justiça. Qual é o problema? Não há nada de errado com isso. Em compensação, Barroso despacha a poucos metros do ministro Alexandre de Moraes, que já censurou a revista digital Crusoé, proibiu que jornalistas de direita escrevessem ou falassem nas redes sociais, cassou perfis no Twitter, meteu a Federal em cima deles, apreendeu celulares, mandou depor, o diabo. Esse mesmo ministro conduz há um ano e meio um inquérito absolutamente ilegal contra quem ele considera divulgadores de ‘notícias falsas’.”

E por fim, faz o seguinte questionamento:

“Quem é o censor da imprensa nessa história: Bolsonaro ou o STF?”

Barroso sabe a resposta, mas jamais vai admitir.

da Redação
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