Um dia a conta chega: Durante uma década e meia a nossa produção de arroz foi castigada pelo Estado

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Com a alta no preço do arroz, novamente, a militância anti-agronegócio reacendeu polêmicas sobre produtores rurais. As críticas são as mais diversas; desde culpa-los pela alta do produto, até criticar o uso de terras pela pecuária, que ocupa espaço da agricultura.

É impressionante como parte do povo brasileiro, mesmo vivendo em um país predominantemente rural, não conhece absolutamente NADA do assunto.

Primeiro, vale lembrar que, há 15 anos, o estoque de passagem de arroz, ou seja, a produção acumulada que se mantinha guardada entre uma safra e outra, era superior a 2.500.000 toneladas.

Ano passado, o estoque foi de 440.000 toneladas. Mais de 2.000.000 de toneladas a menos.

Nesses 15 anos, muita coisa aconteceu.

Em 2005, o governo federal aprovou a criação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Na época, a região já produzia 150.000 toneladas anuais do cereal. A produção foi interrompida e, hoje, a FUNAI distribui cestas básicas para o local.

Em 2012 foi aprovado o novo Código Florestal (Lei 12.651). Após isso, as intensas ações do MP, exigindo que os produtores se adequassem as novas normas, tornou o cultivo proibitivo nos varjões de MG e SP.

Com isso, a produção brasileira ficou restrita às planícies alagáveis do Rio Grande do Sul, que este ano sofreu com catástrofes naturais, e à Região do Formoso do Araguaia.

Ninguém percebeu nada disso, né? Durante uma década e meia a produção foi castigada pelo Estado e ninguém se tocou. Pois é. Alguma hora a conta chega...

Sobre a questão das terras para pecuária, nem vale a pena discutir. Chega a ser engraçado os "vegans" batendo no peito e dizendo que não consomem produtos de origem animal. Será que não?

Pra começar, o plantio dos alimentos que eles consomem usa fertilizantes e grande parte destes é feito com farinha de sangue bovino.

O sangue também é utilizado para produzir cola de madeira, que eles usam para fazer suas artes.

Depois, na hora de escovar os dentes, usam creme dental que, em sua base, contém glicerina, extraída da gordura animal.

É da gordura, também, que tiram o ácido esteárico, que serve pra dar resistência aos pneus daquela Kombi anticapitalista, na qual eles vão para os saraus, onde admiram a lua, aplaudem o sol e louvam a "Mãe Natureza", tocando seus instrumentos cujas cordas são feitas de material extraído dos intestinos bovinos.

E não para por aí. A produção de porcelana usa pó de ossos, que também é usado no refino de açúcar. Da gordura e do sebo são feitos sabões, sabonetes, velas, tintas, ceras e detergentes. Extintores de incêndio, aqueles de pó químico, usam pó de cascos.

Na área da saúde, então, piorou. Vacinas? Usam sangue. Vitamina B12? Sai do estômago. Coagulante? Dos pulmões. Fios cirúrgicos? Intestinos. Insulina? Derivada do pâncreas bovino. Hormônios para tratamento de fertilidade? Adivinhem... Saem dos ovários das vacas.

Até o leite é usado. Afinal, muitos medicamentos têm a lactose como excipiente.

Então, amiguinho, antes de criticar quem produz e bater no peito falando que você não precisa daquilo, procure conhecer um pouquinho mais sobre o assunto.

A única "culpa" do agronegócio é a de ainda sustentar esse país de pé, apesar de todos os esforços políticos para derrubá-lo.

"Algum dia nas nossas vidas vamos precisar de um médico, de um advogado ou de um policial. Mas todos os dias, três vezes por dia, precisamos de um produtor rural." (SHOEPP, Brenda)
Foto de Felipe Fiamenghi

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

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