Os jogos políticos de Rodrigo Maia durante a pandemia

18/09/2020 às 10:45 Ler na área do assinante

Rodrigo Maia testou positivo para Covid-19.

A notícia do dia é um bom momento para lembrar as proezas do Presidente da Câmara durante a atual pandemia.

Passando a imagem de um político de posições “ponderadas”, politicamente corretas e com um carimbo de bom republicano, o comandante do Centrão usou todos os artifícios para politizar a pandemia e jogar, em cada fala, caras e bocas, a opinião pública contra o Governo Federal.

A mídia esteve em Lua de Mel com ele desde que começou a ser o inimigo número 1 do Chefe do Executivo.

A mesma pessoa que não quis usar o Fundo Eleitoral ("míseros" R$ 3 bilhões) para combater o Covid 19, foi a que avisou o Governo para se preocupar em salvar vidas e esquecer da política fiscal, metas e crescimento econômico, como se uma coisa excluísse a outra.

O valor do Fundo Eleitoral, só para ter uma ideia da incoerência, daria para comprar 45 mil respiradores, salvando milhares de vidas.

Com truques de linguagem e jogos de palavras, pertinentes aos seus interesses políticos, ele tentou se mostrar um legislador responsável, descolando-se da figura do Presidente da República quando este estava com a imagem desgastada com as saídas de Henrique Mandetta e de Sérgio Moro.

Mas a estratégia não colou.

Conseguiu a proeza de transformar em >Frankenstein o Plano Mansueto. O rombo do Governo Federal será de mais de R$ 200 bilhões, dando praticamente um cheque em branco para os estados, sem contrapartida digna e mínimas exigências de responsabilidade fiscal.

O plano, iniciativa do Poder Executivo para tirar da lama os estados endividados - como o caso do Rio de Janeiro -, era muito interessante para o contexto federativo, mas quando chegou na Câmara ficou cheirando enxofre. Tudo joguetes políticos, usando questões sérias com uma pitada de desonestidade intelectual.

Maia é aquela pessoa que manda o povo ir à merda com uma voz mansa e palavras esteticamente adequadas de poeta parnasiano. Ele persegue o caos no orçamento público com um discurso vazio e sem rumo.

A mesma situação acontece na Reforma Tributária, cenário que Maia estimula repasses de recursos a estados e municípios, a título de compensação de futuras perdas, em prejuízo à União.

Só para dizer aos antibolsonaristas de plantão e esquerdistas de coração, todas essas questões promovidas pelo presidente da Câmara serão um atraso para o País e prejudicam investimentos que comprometerão a infraestrutura e a produção do Brasil.

Sem falar das pautas éticas, que foram jogadas para escanteio durante a gestão de Maia.

Ele barrou a votação do fim do foro privilegiado, já aprovado no Senado. Por ”coincidência” o bom moço tem processos e a decisão poderia prejudicá-lo futuramente.

Por fim, Maia tenta após cinco anos de mandato uma ilegal reeleição.

Circo de horrores de quem tenta dar a última tacada antes de sair de cena. Depois disso, se a justiça não estiver na contramão da lei, ele vai desaparecer, mas os problemas vão continuar e aparecer. Maia deixou a democracia mais doente ao usar uma fala doce, mas com interesses bem azedos.

Thiago Lagares - Jornalista

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