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A nau dos insensatos: A lição que tiramos com a indicação de Kassio Nunes para o STF

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No barco dos apoiadores de Jair Bolsonaro tem de tudo.

A indicação recente para o STF de Kassio Nunes e a reação de alguns desses navegantes ao que os desagradou deixa claro alguns aspectos interessantes sobre a imaturidade política da chamada direita - ou conservadores em geral.

Raramente se viu, na esquerda, seus apoiadores descendo do barco do grande líder por causa de uma chuvinha qualquer.

Não.

Nem por causa de tempestades, aliás, ou desastres como o de 2005, o mensalão, que evidentemente chocou muitos dos apoiadores lulistas.

Em contrapartida à fidelidade canina dos comunistas - tão criticada pelos conservadores - existe agora a turma de direita que se auto atribui a função de vigilantes eternos, com direito a embarque e desembarque do barco a qualquer momento.

É o que mais se vê, uma espécie de apoiadores condicionais, que enxergam no apoio ao presidente uma espécie de exercício de virtude -políticamente correto aliás- que lhes permite decidir com a velocidade de um raio o certo e errado, o que deveria e o que não deveria ser feito.

Caso contrariados, descem do barco.

Depois, à luz de alguma razão evidente, sobem de novo.

Algumas semanas ou dias depois, novamente contrariados, descem novamente.

Uma espécie de nau dos insensatos.

Ora, desde a Grécia, onde se sabe foi inventada a democracia - e seus avanços e recuos - o apoio político não pode ser encarado dessa forma imediatista, mal dos brasileiros em geral.

A política é exercida num ambiente que compreende erros, acertos, vitórias e derrotas.

O tempo - e o bom senso - são o melhor termômetro político.

O fundamental, sempre, já dizia Machiavel, é o objetivo final.

A esquerda compreende muito bem isso tudo e pratica, como se sabe.

A escolha de um líder pelo voto para dirigir uma nação implica em fidelidade, dentro de certos limites, naturalmente.

Esse limite não pode estar condicionado a qualquer vento contrário.

Ou à qualquer discordância.

Mais ou menos como casamento, lembram?

‘Na alegria e na tristeza, etc…’

Se queremos - e os verdadeiros conservadores querem - um país melhor, uma verdadeira mudança, ela deverá necessariamente ser construída.

E isso demandará tempo, erros e acertos, perdas e ganhos.

Com imediatismo, nada se conseguirá, a não ser estar eternamente atrás da esquerda, que conhece muito bem esse jogo.

Há muito que ser aprendido.

Inclusive a se considerar as opções disponíveis com clareza.

Se pular do barco, deve se considerar se há outro no horizonte.

O que não acontece hoje.

Não há nada no horizonte.

Quem pula ou se agarra desesperado no salva vidas da esquerda ou morre afogado.

É o que temos.

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Marco Angeli Full

https://www.marcoangeli.com.br

Artista plástico, publicitário e diretor de criação.

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