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Dilma tenta reunir forças para as batalhas finais

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A Presidente Dilma já está enfrentando a 3ª batalha antes da final, com perspectivas de derrota nessa e também na próxima. 

A atual é na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, onde ela precisa da maioria dos votos (33 de um total de 65) para que essa não aprove o parecer favorável para levar o processo à plenária. 

Os indícios são de que será derrotada, assim como em plenário, onde precisa assegurar no mínimo 172 votos contrários ao impeachment para uma vitória segura, ou contar com  abstenções para que os favoráveis não alcancem 342 votos.

Com a perspectiva de derrota na Câmara dos Deputados, onde o ambiente já parece ser altamente desfavorável, a alternativa estratégica é recuar e se preparar para as batalhas finais, em campo mais favorável: o Senado Federal.

As linhas de defesa, na planície,  em campo aberto seriam insuficientes. Sugerem os manuais de estratégia militar que mantenha o inimigo ocupado e organize as suas últimas forças para o entorno do topo do morro para a defesa final do seu castelo. 

Se ainda não conseguir evitar o avanço na Comissão do Senado que irá aceitar ou não o processo, deverá concentrar as forças já dentro do castelo para a sua defesa. Se contar com o apoio de 28 Senadores sairá vitoriosa e poderá permanecer no castelo até 2018, se outros ataques não ocorrerem.

A grande arma que ainda lhe resta é o Ministério, dentro da tradicional munição "toma lá, dá cá". Diante da inevitável defecção do PMDB, que supostamente tem 7 Ministérios, a estratégia de reunir as suas forças para a batalha final, seria uma ampla recomposição ministerial, inteiramente distribuída entre a bancada de Senadores.

O foco tático está em ceder cargos ministeriais a deputados para vencer uma batalha com poucas possibilidades de vitória. Se ela gastar a parca munição que lhe resta nessa batalha perderá a oportunidade para reforçar as últimas linhas. Estrategicamente não pode gastar o "toma lá, dá cá" com deputados, mas usar com os senadores. 

Dos 7 ministérios do PMDB, 2 são de senadores (Kátia Abreu e Eduardo Braga), um filho de Senador (Helder Barbalho) e um de indicação do Senador Renan Calheiros (Eduardo Alves).  Os dois primeiros poderiam ficar, mas com a obrigação de conseguir mais um ou dois votos de senadores. 

Dos 32 ministérios ou órgãos cujo titular tem status de Ministro, tirando os da quota pessoal da Presidente, sobrariam cerca de 20 ministérios a serem distribuídos entre os Senadores.

Os senadores cooptados se comprometeriam a votar contra o impeachment,  se licenciariam na véspera para assumir o mandato e votar contra o impeachment na seção final do julgamento. Com os seus votos garantiriam a permanência da Presidente e, no dia, seguinte, voltariam aos seus cargos ministeriais.

O núcleo duro da base aliada no Senado teria 13 senadores, sendo 12do PT e 1 do PCdoB. O PT começou a legislatura com 14 senadores, mas perdeu Marta Suplicy e Delcídio do Amaral. Para chegar aos 28 necessários faltariam 15. A maior bancada móvel é do PMDB que teria 16 senadores. O desembarque do PMDB do Governo, previsto para o dia 29 de março, não significa que todos os senadores do PMDB fiquem a favor do impeachment. Além dos dois senadores integrantes do Ministério, Roberto Requião, do PMDB do Paraná associou-se ao pedido da bancada de apoio do Governo contra Sérgio Moro, no CNJ. E tem se posicionado contra o impeachment.

O Governo tem mais de 16 cargos ministeriais para oferecer aos senadores indecisos.   

Quantitativamente simples. Eticamente condenável, mas para sobreviver "tudo é válido", ou "guerra é guerra". Politicamente duvidoso. E se houver traições? Que pode ocorrer nas vésperas ou no dia? 

2/3 dos senadores terão que concorrer à reeleição e para garantir mais 8 anos a partir de 2019. O que para muitos será considerado um importante "salvo conduto" para não cair nas mãos do Juiz Sérgio Moro. Eles acham que com o foro privilegiado estão menos sujeitos ao risco prisão.

Para garantir a sua reeleição eles precisam atender ao seu eleitorado. Precisam ver e sentir a direção dos ventos: tanto a seu favor, como dos concorrentes. 

A batalha final poderá antecipar as eleições senatoriais de 2018. 

E os eleitores dos senadores terão que ficar muito atentos à movimentação dos senadores do seu Estado, já que são eleitos estadualmente.  

O movimento vem pra rua criou um site para acompanhamento da posição dos deputados e dos senadores, com o objetivo de instrumentar os seus adeptos a pressionar os contra o impeachment assim como os indecisos. 

O último placar divulgado indica - no Senado - 35 senadores a favor; 25 contra e 21 indecisos. 

Por essa conta o Governo  perde a penúltima batalha. Os favoráveis ao impeachment só precisam de 6 votos dos indecisos para levar o processo a julgamento. Nesse momento ela seria afastada por 180 dias. 

Mas para o afastamento definitivo, em sessão plenária do Senado ela só precisaria de mais 3 votos de senadores. A dúvida é se com as sucessivas derrotas anteriores ela poderia contar com os 25 atualmente considerados contra. O seu núcleo duro está entre 13 a 15 senadores.  

Os números mostram um Brasil dividido. Do centro-oeste para baixo, incluindo o sudeste e o sul, onde está a maioria da população e do eleitorado brasileiro, o placar é altamente favorável ao impeachment. Mas a linha de defesa da Presidente está no norte e nordeste onde tem os votos necessários para a sua manutenção. 

O placar a partir de quarta-feira dará uma ideia melhor sobre a composição das forças.  

Jorge Hori

                                  https://www.facebook.com/jornaldacidadeonline

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