Eleições em Belo Horizonte e o uso do dinheiro público nas campanhas

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Ninguém tem a menor dúvida que a questão financeira faz toda a diferença numa eleição. Isso em detrimento aos conceitos ideológicos, de caráter, da moralidade, do civismo, da ética, enfim, de tudo que deveria servir como referência para uma eleição mais justa e equilibrada.

Que o diga a história de muitas eleições em tempos nem tão distantes dos dias de hoje. Como não se lembrar do coronelismo, dos votos de cabresto, dos casos de “troca” de votos por iogurtes, dentaduras e óculos?

Hoje, com o advento da tecnologia, além desses sistemas citados, que ainda existem, o poder de convencimento vem na volúpia de informações maliciosas pelas redes sociais e imprensa, onde o mecanismo associa a cultura da mentira e do ódio com o poder da disseminação delas e a manipulação de massas.

Assistimos neste ano, tendo como pano de fundo a pandemia, a demonstração cabal do usual formato de garantias financeiras para políticos. Com todos os esforços de muitos segmentos da sociedade, o Congresso Nacional não se sensibilizou em abrir mão dos altos valores destinados aos partidos políticos. Pelo contrário, a sanha de acesso a recursos fez os políticos brigarem até o fim por mais dinheiro, atropelando todo e qualquer bom senso.

Como parte da população já tem esse tipo de filosofia política como um dos males que nos assombram, e com isso criou uma espécie de retração para nomes que se utilizam desse meio, tomo esse fato para formar parâmetros sobre os candidatos a prefeito de Belo Horizonte. E sugiro que façam o mesmo com os candidatos de sua cidade.

À parte, a questão do financiamento de pessoas físicas para campanhas de candidatos, também tem seus senões, claro! As pessoas físicas, geralmente, estão atreladas a empresas, o que torna inócuo a proibição de financiamento empresarial nas eleições. A dependência e troca de favores prevalecerão nestes casos.

Isso posto, cito alguns candidatos que já se utilizam de dinheiro público em suas campanhas, e outros que não usam.

O campeão, como esperado, é o atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD). Tem à sua disposição R$1.150.000,00 milhões de reais do fundão para gastar como bem entender na sua campanha. Por óbvio, existem as regras que devem ser respeitadas, inclusive, com prestação de contas. Aliás, a prestação de contas do Kalil, por ocasião das eleições de 2016, trouxe muita dor de cabeça a ele junto aos tribunais eleitorais. Chegou a ter suas contas reprovadas por recolhimento de recursos de origem não identificada. Fora a grana gasta para sua defesa. Mais de 10 advogados para isso. Imagina quanto não custou e quem bancou isso?

Os esquerdistas, para variar, também usam dinheiro público. Nilmário Miranda (PT) mais de R$1.131.000,00, Áurea Carolina (Psol), R$530.000,00 e Wadson Ribeiro (PCdoB), R$200.000,00.

Luiza Barreto (PSDB) tem R$500.000,00 para torrar, e João Victor Xavier (Cidadania), R$200.000,00.

Bruno Engler (PRTB), tem recursos disponíveis por seu partido, mas abriu mão e não utiliza dinheiro público em sua campanha!

Cinco candidatos tem 100% sua campanha financiada com dinheiro público: Alexandre Kalil (PSD), Nilmário Miranda (PT), Luiza Barreto (PSDB), Wadson Ribeiro (PCdoB) e Wanderson Rocha (PSTU).

Quatro tem parte dos recursos com o dinheiro do fundão e parte em doação de pessoas físicas: Áurea Carolina (Psol), João Vitor Xavier (Cidadania), Lafayette Andrada (Republicanos) e Marcelo de Souza e Silva (Patriotas).

Rodrigo Paiva (Novo) e Wendell Soares (Solidariedade) tem 100% de recursos em doações de pessoas físicas.

O único que tem sua campanha financiada com recursos próprios é Fabiano Lopes Ferreira (PROS).

*Dados parciais até o dia 16 de outubro de 2020, conforme publicação oficial do TSE.

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Foto de Alexandre Siqueira

Alexandre Siqueira

Articulista

@ssicca no Twitter

Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo... da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!

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