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Carta a um irmão

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Olá, meu irmão.

Em primeiro lugar eu gostaria de te dizer que, apesar de tentar entender os seus motivos, eu não gostaria de estar na sua pele e no final eu te explico o porquê.

Estranho esse nosso mundo, não é, mano? Um mundo onde as pessoas se diferenciam pelos gostos, pelas origens, pelas preferências, pelos credos, mas sobretudo pela cor. Somos tantos seres diferentes no exterior, que nem dá pra contar. Ainda bem... Imagine que mundo sem graça seria se fossemos todos iguais. Mas somos diferentes apenas no biotipo. no resto, sobretudo no interior, somos iguais. A dor que você sente não é menor que a minha, seus amores e ódios não são menores que os meus... Apenas as causas são diferentes.

Eu entendo e te apoio quando você fica revoltado quando dizem que você é um "preto de alma branca". Eu também fico. Afinal, ,que cor tem a alma? A alma é incolor, meu irmão. Ela pode ser boa ou ruim, bonita ou feia, leve ou pesada porque a alma está diretamente ligada ao caráter, mas não à cor da pele.

O que me deixa confuso, irmão querido, é o seu grito pedindo a liberdade que você já tem, e também o seu rancor por uma história que você não viveu. Porque seus ancestrais foram escravizados? Ora, irmão.... Os meus também foram. Em algum momento da história todos os povos foram dominadores e dominados, escravizadores e escravizados. Não conheço qualquer povo que tenha sido plenamente livre ou eternamente cativo, a não ser pelas amarras ideológicas equivocadas que colocam em si mesmos.

Você já viu algum judeu ou cigano se colocando até hoje nos fornos dos campos de concentração? Já viu algum judeu ou cigano fazendo cobranças à atual Alemanha pelo que ocorreu num passado bem mais recente que a escravidão dos seus ancestrais? Não viu, não é? Nem eu. E sabe porquê? Porque embora tenham sido vítimas de uma das maiores atrocidades da história (senão a maior), eles resolveram superar o passado, viver o presente e enxergar o futuro, não perdendo o precioso tempo de uma vida fazendo cobranças que já foram prescritas pela história. Decidiram olhar pra frente, e divisar um futuro justo para todos, sem cair na armadilha cruel do vitimismo.

Talvez agora, mano, você entenda quando eu disse que não queria estar na sua pele. Não porque ela é negra, pois isso não me faria diferença, mas porque é marcada pelas dolorosas chibatadas que a sua ideologia e seu vitimismo lhe dão, quando você mesmo se recolhe a uma senzala virtual e se acorrenta no tronco dos conceitos mentirosos que lhe venderam.

Você pode ser mais que isso, irmão. Todos podemos, porque somos diferentes apenas na quantidade de melanina. A consciência disso é o que faz a distinção entre as nossas almas... Enquanto a minha está leve pela certeza que tenho de que não te devo nada além do respeito, a sua está pesada pelas suas eternas cobranças aos seus iguais de pele diferente.

Que tal então você, em seus discursos, parar de dar protagonismo a uma escravidão que você não viveu?

Feliz dia da consciência de que somos mais do que negros e brancos. Feliz dia da consciência de que somos irmãos, e que podemos coexistir fazendo um mundo melhor, sem cobranças e sem distinções. E eu te convido a celebrar isso na minha casa grande, que é construída pelo amor que tenho por você, e sem aqueles muros que te convenceram a construir para nos separar.

Do teu irmão que leva a sério e entendeu na íntegra aquele ensinamento de Jesus: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei."

Beijo na sua alma... incolor.

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