Desnorteado, Moro vai prestar serviços para escritório que advoga para a empresa de Joesley

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O ex-juiz federal Sérgio Moro é um homem muito contraditório mesmo.

Ele acaba de ser contratado pelos advogados Walfrido Warde e Valdir Simão para elaborar um parecer em um litígio empresarial.

Os três almoçaram juntos e acertaram a parceria, em novembro, depois que Moro cumpriu a quarentena de seis meses, após a saída dele do Governo Bolsonaro.

Até aí, tudo bem, correto? Não!

Pra quem não sabe, Warde é um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil, atuando em favor da JBS nos casos em que a empresa está envolvida com a justiça.

A empresa de Wesley e Joesley Batista é uma das que estavam sendo investigadas na força-tarefa da Operação Lava Jato, que Moro comandava.

Walfrido ainda subcontratou os advogados Leandro Daiello e Valdir Simão para trabalharem em questões diferentes. E, para completar a cereja do bolo, Walfrido agora chamou Moro para “fortalecer” o time.

Além desses, há outros juristas e policiais que, ao se aposentarem, estão “prestando serviços” (ou seria informações sigilosas?) para os advogados do frigorífico que está sendo investigado em cinco operações da Polícia Federal.

A JBS tornou-se o centro das atenções, depois que um dos seus sócios, Joesley Batista, gravou o ex-presidente, Michel Temer (MDB), dando aval para “comprar” o silêncio do ex-deputado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois que ele havia sido preso na operação Lava Jato. A gravação foi feita em março de 2017.

Joesley e o irmão, Wesley Batista, fizeram um acordo, na época, de delações premiadas que garantiriam aos dois não serem denunciados criminalmente pelo Ministério Público Federal (MPF), nem correrem o risco de serem presos ou utilizarem tornozeleira eletrônica e, ainda poderiam continuar administrando o conglomerado de empresas da família. Entre elas: Vigor, Alpargatas, Banco Original, Âmbar, Flora (sabão Minuano e xampu Neutrox) e produtoras de celulose.

O problema é que o Grupo J&F, do qual a JBS faz parte, estava bem enrolado nas investigações. Contra ele, há, nada menos, que cinco operações policiais distintas os investigando em diversas frentes:

Operação “Sépsis”, desdobramento da Lava Jato que investigava aporte irregular de R$ 940 milhões do FI-FGTS na produtora de celulose Eldorado Brasil, pertencente ao Grupo J&F;
Operação “Greenfield” (fraude nos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Funcef (Caixa Econômica Federal);
Operação “Cui Bono” (investigava suspeitas de que o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), e Eduardo Cunha teriam participado de esquema de fraude na liberação de recursos da Caixa em troca de "vantagens ilícitas. Aliás, foi no apartamento de Geddel Lima que a PF encontrou R$ 51 milhões guardados em malas e caixas, em 2017;
Operação “Carne Fraca” (empresas de alimentos e frigoríficos foram denunciados porque praticavam irregularidades como venda de certificados sanitários e pagamento de propina a fiscais e agentes de inspeção para que continuassem atuando na ilegalidade;
Operação “Bulish” (investigava fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da subsidiária BNDESPar, ao grupo JBS.

Diante de tudo isso e de todas as tentativas frustradas de Moro para alcançar visibilidade e voltar a ter credibilidade junto ao povo brasileiro, a única coisa boa que ele fez foi ter saído do governo e não manchar o nome do presidente Bolsonaro.

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