MP entra com ação contra jornalista e afiliada da Globo por comentário "enaltecendo" terror em Criciúma

09/12/2020 às 18:21 Ler na área do assinante

O Ministério Público do Rio Grande do Sul iniciou uma ação civil pública contra o apresentador David Coimbra e a Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, afiliada da Rede Globo no estado.

A ação é para exigir uma indenização de R$ 200 mil, por conta dos comentários feitos durante o programa ‘Timeline', cujo assunto era o assalto a uma agência bancária na cidade de Criciúma, em Santa Catarina, na noite do dia 30 de novembro e que se estendeu até a madrugada do dia 1º de dezembro.

David chegou a dizer que os assaltantes foram ‘respeitosos’ com as vítimas, e que se não tivesse havido interferência (da polícia), tudo teria transcorrido sem incidentes de maior gravidade.

“Estavam contando ontem que eles [os criminosos] chegaram em um dos funcionários do banco e perguntaram: ‘Quanto tu ganha?’. Aí o cara disse, sei lá, dois mil, três mil reais. E eles falaram: ‘Tá vendo só? É por isso que estamos assaltando. Não estamos tirando dinheiro de ninguém, é dinheiro do banco’”, disse David.

Em seguida, ele completou, afirmando que havia uma “filosofia” na ação.

“É verdade que teve um policial que levou tiro, um vigilante também, mas se não tivesse intervenção, tudo teria decorrido numa boa. […] São bons assaltantes. Dão uns tiros, é verdade, têm bombas. Mas fazem aquilo só para pegar o banco, a instituição, entendeu?”, explicou ele.

A outra apresentadora do programa, Kelly Mattos, também fez observações sobre o crime, mas não foi acionada judicialmente.

Kelly, inclusive, encerrou os comentários sobre o assunto citando uma frase do filme Assalto ao Banco Central.

“Tem um personagem que diz assim: ‘Crime não é roubar o banco, é fundar o banco’”, lembrou.

Para o promotor de Justiça Voltaire de Freitas Michel, os apresentadores tiverem a intenção de “enaltecer a prática criminosa supostamente sem agressão aos cidadãos”. Além disso, Freitas acredita que eles quiseram “desmerecer a ação dos policiais militares que intervieram para impedir maiores danos à pessoa e ao patrimônio”.

Caso a emissora seja condenada a indenizar o estado, o valor será revertido para o Fundo de Reparação dos Bens Lesados do Rio Grande do Sul ou para entidade pública ou privada que atua na segurança pública.

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