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Revigorando a utopia brasileira: O Brasil e os brasileiros são muito maiores do que os seus problemas e desafios...

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Para começar, vamos definir Utopia:

“Qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem estar da coletividade.”

E acrescento: ... onde as pessoas gozem de plena liberdade de ir e vir; de se expressar; de desenvolver seu potencial e com isso, tenham a possibilidade de ser feliz.

Assim...

Quero compartilhar a visão e porque não dizer a minha intuição, baseada em fatos, de que um novo tempo se apresenta e com ele a percepção, mesmo que sofrida e obviamente parcial, da UTOPIA que consciente ou inconscientemente elaboramos em nossas cabeças sobre um MANANCIAL DE RIQUEZAS E OPORTUNIDADES que podem permitir ao Brasil e aos Brasileiros como Nação e como País, realizar seu tão decantado POTENCIAL.

Sabemos que não é fácil... dado o intenso embate político dos últimos 5 anos e que é até certo ponto natural, depois de muito tempo em que os brasileiros não tinham voz e eram regidos, na verdade conduzidos pela mídia e pelos interesses que nem sempre eram os seus, pra dizer o mínimo, o que nos afastou um tema que considero central e essencial para entender o momento e a oportunidade histórica que se afigura e onde temos a possibilidade de começar a reescrever ou escrever um novo capítulo do desenvolvimento do Brasil e da sociedade Brasileira como um todo.

Diante disso, tenho me empenhado num trabalho quase missionário de fomentar a discussão que o presente nos coloca sobre um Brasil que queremos e a nação que potencialmente podemos ser: algo que, pela primeira vez em mais de 500 anos, parece estar próximo de um alinhamento, mas que depende de todos e de cada um de nós, pois nada vem sem luta.

Idealizar um País não é apenas parte do imaginário de um povo, mas é sobretudo uma energia propulsora que nos impele adiante, mesmo contra todas as adversidades, que nos distanciam quase que o tempo todo dos nossos sonhos e aspirações. Esse ideal, está intrinsecamente relacionado à não perda da esperança que alimenta nossa resiliência e nos mobiliza e que até de forma mágica nos diz que tudo pode ser melhor e que essa melhoria está ligada a uma conjunção de fatores que estão presentes sim, no nosso imaginário, mas sobretudo na possibilidade que surge no horizonte e nos permite “navegar” com afinco nessa direção, quase sempre com ventos contrários, mas desta vez com alguns ventos a favor!

BRASIL ALEGRIA E COR: TRADUZINDO A UTOPIA

Onde a ALEGRIA representa um traço marcante dos Brasileiros e COR representa as Riquezas Naturais, mas também e principalmente, o Mosaico Étnico e Cultural que vem de um processo de síntese racial da sociedade brasileira e da rica Cultura que isso produziu e vem se desenvolvendo ao longo do tempo desde o “chamado Descobrimento”.

Essa visão, no meu caso, nasceu de um estudo iniciado em 1998 (e se estende até hoje) com base em longas conversas mantidas inicialmente com o Joãosinho Trinta enquanto desenvolvíamos juntos um Portal de Cultura Popular onde eu era o produtor e cujo anfitrião era o Joãosinho, o qual apresentava sua rica obra cultural incluindo vários dos seus projetos nos quais trabalhava na ocasião ou que fizeram parte de um primoroso acervo artístico e Cultural construído por esse artista genial, ao longo de muitos anos e que é reconhecido por todos que tiveram a oportunidade de ver, crer e se emocionar com eles.

O portal trazia na homepage a alegoria de uma escola de samba onde as “ALAS” representavam as categorias do Portal que eram nove. Dentre elas, duas chamavam absolutamente mais a atenção: a Ala da Alegria e que em termos de conteúdo nos levou a mapear mais de 5.000 festas populares ao redor do Brasil e que culminava com a frase: “A alegria é a energia do terceiro milênio”, dita por ele e que definia o Brasil como a Nação mais feliz e mais alegre do Planeta (nesse aspecto, nenhum país poderia ser mais rico do que o Brasil no novo milênio que se apresentava).

Essa Energia, de alguma forma, embora se manifestasse através da cultura presente nas nossas festas populares (e no cotidiano da população, claro), se encontravam restritas (a grande maioria dos Brasileiros e dos estrangeiros pouco conheciam essa extraordinária riqueza) o que representava uma grande perda de potencial a ser resgatada: algo que poderia produzir grande valor econômico e humano para o Brasil, se convenientemente explorado e inteligentemente desenvolvido.

A outra Ala a chamar a atenção era a da Raça Síntese onde abordávamos o Colorido da Raça Brasileira (etnicamente conhecida como Povos Novos), fruto de uma síntese Étnica que foi mesclando Brancos, Vermelhos, Negros e Amarelos, não sem lutas e sofrimento porem, produzindo uma Raça diferenciada, a Raça Brasileira: rica e diversificada do ponto de vista étnico, artístico e cultural e atribuindo-nos certas características pessoais que foram sendo construídas e que foram herdadas e expandidas pelas novas gerações, apresentando atributos como: alegria, resiliência, persistência e principalmente, criatividade e intuição.

Essa Síntese Racial, segundo Darcy Ribeiro, diferentemente do que ocorreu em outros lugares como nos Estados Unidos (Etnicamente conhecido como Povos Transplantados) cuja cultura fora imposta pelo Branco Europeu, no caso pelos Portugueses (assim como os Ingleses fizeram na Austrália, outro bom exemplo), num modelo de “Colonização” que já veio “pronto”. Já no Brasil dada sua característica de Exploração, permitiu um processo que representava uma autoconstrução Étnica “nova” e resultaria em algo tão peculiar que não encontraria nenhum precedente ou paralelo parecido no mundo.

A Raça síntese que o Joãosinho chamava de “Raça Neo Ariana”, já representava uma espécie de Utopia nacional, na visão dele. A mesma que o político, escritor, educador e filosofo Mexicano, José Vasconcelos (José Maria Albino Vasconcelos Calderón), atribuira o nome de “Raça Cósmica” e que também, segundo ele, tinha como epicentro o Brasil e se caracterizava por ser mais criativa e intuitiva do que as demais ao redor do planeta: não se tratava de ser melhor ou pior e sim, diferente. Ou seja, Joãosinho e José Vasconcellos defendiam a mesma visão da formação de uma raça diferenciada no Brasil: a Raça Síntese Brasileira (que em uma oportunidade discuti amplamente com o grande Filósofo Mario Sergio Cortella, que também tem profunda compreensão do tema).

Assim no entender de ambos, tínhamos a Utopia da Raça Síntese que produziria uma nação poderosa. Nessa direção, talvez fosse a tão proclamada “Nova Roma”, idealizada e defendida pelo Político e Antropólogo Darcy Ribeiro no seu trabalho de uma vida escrito e reescrito ao longo de 30 anos e concluído em 1995 às vésperas de sua morte (ele nos deixou em fevereiro de 1997), e intitulado “O POVO BRASILEIRO”: uma leitura fundamental para entender a formação do Povo Brasileiro. De todo esse intenso trabalho de pesquisas surgia para mim uma visão clara da UTOPIA DA RAÇA BRASILEIRA, capaz de mudar a realidade dos Brasil após um longo e sofrido período histórico de Exploração e Subserviência que determinaria desde sempre, nossa histórica baixa autoestima.

Quando pensamos nisso o que nos vem à mente mais uma vez é, do ponto de vista simbólico: o que são UTOPIAS?

Segundo o brilhante e sensível escritor e jornalista Eduardo Galeano, autor da Trilogia Memórias do Fogo, onde descreve a saga dos povos latino-Americanos: “utopias são bandeiras fincadas no Horizonte... e quando damos dez passos na sua direção, ela se afasta dez passos. Então perseveramos e caminhamos 1000 passos e ela se afasta também, 1000 passos. Então para que servem as UTOPIAS?

As UTOPIAS servem ... para caminhar!”

Foi assim que os Brasileiros foram “caminhando” e depurando intuitivamente mais e mais essa Raça Especial fortemente impactada por processos imigratórios a partir da abertura dos Portos Brasileiros pela família Real em 1808, quando vieram para cá núcleos étnicos de várias regiões do mundo e rapidamente se integraram à nacionalidade brasileira, inicialmente constituída pela matriz “aberta” feito por Índios (cujos estudos marcam sua presença no Brasil há cerca de 12.000 anos (há indícios entretanto datados entre 20 mil e 40 mil anos.

Tais estudos, falam de sua origem Asiática, tendo atravessado o Estreito de Bering há 62 mil anos). Eles seriam, em número 3 milhões, representando 1.000 povos diferentes no ano de 1500), Portugueses e Africanos (estima-se em 4 milhões os que foram trazidos para cá como escravos) a partir do Descobrimento.

Dessa forma, a partir de 1808 tínhamos um segundo ciclo Étnico que enriqueceria ainda mais essa matriz extraordinária que se formou no Brasil desde os primeiros 3 séculos, a partir de 1536.

Desde sempre, por 500 anos, os Brasileiros viveram paralelamente uma interminável Distopia e foram submetidos a modelos de exploração, dominação e subserviência (que não vem ao caso aprofundar nesse texto) afetando absolutamente a sua autoestima, como citei. Isso promoveu considerável atraso no desenvolvimento do país, em todos os sentidos, mas principalmente humano, basta olhar nosso IDH, o 79º do mundo, com uma economia que oscila entre o sexto e nono maior PIB do Planeta, com potencial para figurar entre as 5 maiores com base nas suas características e nos investimentos que vem fazendo no Agronegócio, por exemplo, onde o Brasil possui atributos especialmente favoráveis em termos de clima.

Mas nem por isso os brasileiros deixaram de sonhar e abandonaram sua UTOPIA...

A FORÇA DO BRASIL E O PODER DA NACIONALIDADE

Foi, dentre outros fatores, a visão sistêmica e o pragmatismo do grande mestre Peter Drucker, numa de suas últimas entrevistas do alto de seus 96 anos de pura lucidez e pouco antes de nos deixar, que nos trouxe uma constatação que nunca ousamos explorar adequadamente, talvez por não ter consciência desse fator até então... me refiro ao poder da nacionalidade brasileira.

Disse ele, em matéria de 2006 da HSM cujo título é “As árvores não crescem até o céu”:

“Na minha opinião, não há outro país no mundo em que a nação seja tão forte quanto no Brasil. Eu provo isso com uma história antiga, de 1955. Eu fui ao Brasil e visitei uma joalheria aberta por um refugiado húngaro chamado Hans Stern. Fiquei muito impressionado e, quando fui para o aeroporto pegar o voo de volta para casa, comentei com um funcionário do Ministério da Fazenda que me acompanhava: 'Que notável realização desse refugiado húngaro!'. O jovem me corrigiu prontamente e de modo incisivo: 'O sr. Stern não é húngaro; ele é brasileiro!' Essa é uma história brasileira; não se repetiria em outros lugares. Estou certo de que não há no mundo maior sentido de nação. Por exemplo, em nenhum país do mundo alguém com o sobrenome Kubitschek, filho ilegítimo de um carpinteiro tcheco, poderia ter sido eleito presidente. Só no Brasil... E digo mais: o povo brasileiro sabe que o Brasil é a mais forte nação do mundo hoje. Até existe no Japão um sentido nacional quase tão forte quanto o brasileiro, mas é excludente. No Brasil, alguém pode chegar e tornar-se brasileiro em cinco anos. Você percebe a força disso?”

Traduzindo: em nenhum outro país do mundo alguém consegue, não sendo nascido lá, adquirir a nacionalidade local. No Brasil ao contrário, ao franquear a nacionalidade Brasileira para todo aquele que deseje “ser brasileiro”, faz com que o sentido de nacionalidade seja uma de suas maiores vantagens competitivas. Isso está presente, apenas para citar um exemplo: no potencial Turístico (onde temos diversos núcleos étnicos de todo o mundo) que temos e que representa: emprego, renda e divisas.

Assim, com o surgimento das Redes Sociais principalmente, esse sentimento veio aflorando, ao ponto de eleger o candidato mais improvável que se poderia imaginar às vésperas das eleições de 2018, o que representou um BASTA da população aos interesses corruptos que afastaram o Brasil de cumprir seu indiscutível potencial econômico e social. Ou seja, à partir de agora os Brasileiros experimentavam, via redes, um grau de engajamento que permitia gradativamente o surgimento de um movimento de resgate da autoestima e dos valores de sua nacionalidade.

Com isso, uma poderosa energia contagiou progressivamente boa parte da população o que nos permite imaginar que o Joãosinho, o José de Vasconcelos, o Darcy Ribeiro e sobretudo, o Peter Drucker, cada um à sua maneira, tinham razão em acreditar no poder da nacionalidade (dos que a possuem de forma nativa ou a adotaram mesmo não tendo nascido aqui) e no potencial desses Brasileiros que tem a dádiva de viver neste lindo e Rico País.

Temos assim, uma oportunidade histórica de explorar essa riqueza Étnica e Cultural para construir uma visão de nação e um grande país, com menos desigualdades e mais oportunidades para todos, mesmo que seja um processo longo e onde “toda importante caminhada começa pelos primeiros passos na direção certa”, como sabemos.

O BRASIL E OS BRASILEIROS SÃO MUITO MAIORES DO QUE OS SEUS PROBLEMAS E DESAFIOS...

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JMC Sanchez

Articulista, palestrante, fotografo e empresário.

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