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O “furo” de Toffoli

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É impressionante a facilidade que os partidos políticos têm de usar o Poder Judiciário para perseguir adversários ou pessoas que criticam suas atitudes ou declarações. O aparelhamento do Estado é visível para quem quiser ver.

Em entrevista domingo (21/2) ao programa "Canal Livre", da Band TV, o ex-presidente do STF Dias Toffoli utilizou o famigerado "inquérito do fim do mundo", considerado inconstitucional até pelo seu colega de tribunal, o ministro Marco Aurélio de Mello, para defender a prisão e a censura de jornalistas, políticos, veículos de Imprensa e internautas.

O inquérito, criado a título de punir criadores de fake news e financiadores de atos supostamente antidemocráticos, já vai completar 2 anos e até agora não apresentou qualquer resultado concreto. Uma das pessoas perseguidas pelo inquérito sem pé nem cabeça, o jornalista Oswaldo Eustáquio, está paraplégico por causa de um acidente sofrido dentro da cadeia.

Detalhe: Eustáquio foi preso sem flagrante e sem julgamento. Seus advogados, assim como os advogados de outros investigados, reclamam de não terem acesso aos autos -- num evidente cerceamento de defesa.

Além de demorado (e utilizado pelo ministro Alexandre de Moraes para intimidar seus críticos), há poucos dias a Polícia Federal concluiu as investigações a respeito dos supostos atos "antidemocráticos" que teriam servido de desculpa para a abertura do inquérito e entregou o relatório ao STF e à Procuradoria Geral da República (PGR). No documento, os investigadores revelaram que não foi encontrada nenhuma prova contra os investigados. Mesmo assim, o inquérito continua existindo — com base aparentemente em nada, além de manchetes de jornais.

Mas isso é pouco.

Sem apresentar nenhuma prova, ao final da entrevista Toffoli anuncia em tom sensacionalista que Moraes estaria "descobrindo" supostas contas no exterior que estariam abastecendo os tais "atos antidemocráticos".

Os entrevistadores ficam eufóricos e demonstram acreditar piamente no "furo" jornalístico apresentado pelo ministro do Supremo. Nunca é demais lembrar, mas Toffoli revelou recentemente que seu grande "sonho" é ser uma espécie de "editor" da internet para "salvar" os brasileiros das notícias falsas e dos discursos de ódio...

Haja credulidade!

Bons tempos aqueles em que o Jornalismo era pautado pelo ceticismo dos repórteres em relação aos políticos, e pela checagem dos fatos, antes de eles serem publicados.

Em tempo: Toffoli possui ligações íntimas com o Partido dos Trabalhadores, aonde atuou por vários anos como advogado, antes de ser alçado ao cargo de ministro do Supremo pelo então presidente Lula. Já Alexandre de Moraes foi filiado por muitos anos ao PSDB (até ser indicado membro do STF pelo então presidente Temer).

Em tempos de "censura", precisamos da ajuda do nosso leitor.

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Foto de José Roberto Azambuja

José Roberto Azambuja

Jornalista político com incursões em comunicação e estratégia.
Possui mais de 20 anos de experiência em Brasília e conhece de perto o funcionamento dos Três Poderes.
Formado em Jornalismo e pós-graduado em Marketing Político, atualmente, administra a agência Comunica Bem Consultoria

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