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A pandemia e os mais vulneráveis: cresce o número de moradores de rua

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Em meio ao acirramento da pandemia no Brasil, aumenta cada vez mais a vulnerabilidade da população em situação de rua. Entre eles, estão desempregados e trabalhadores informais, como guardadores de carros e vendedores ambulantes. Desde 2012, cresce o número de pessoas sem moradia, chegando a mais de 200 mil em 2020. Os dados atualizados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que recentemente concluiu duas pesquisas sobre esse segmento social:

“Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil” e “População em Situação de Rua em Tempos de Pandemia: Um Levantamento de Medidas Municipais Emergenciais”.

Os pesquisadores alertam: a propagação do novo coronavírus torna mais vulnerável quem vive na rua e exige atuação mais intensa do poder público.

Não é diferente em Brasília, capital do país, centro político, síntese do Brasil. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social, o Distrito Federal tem 2.260 pessoas em situação de rua que são acompanhadas pelo Serviço Especializado em Abordagem Social.

Os profissionais explicam os direitos, programas e benefícios sociais em suas abordagens e caso queiram, as pessoas assistidas são encaminhadas para os centros especializados em assistência social (Creas) ou para os dois centros de referência especializados para população em situação de rua (Centros POP), localizados respectivamente no Plano Piloto e em Taguatinga, duas regiões onde é maior o número daqueles que vivem nas ruas.

Nesses locais são ofertados atendimentos individuais e coletivos, oficinas, e os frequentadores podem fazer refeições (café da manhã, almoço e lanche) ao longo do dia. Também é possível acessar espaços para guarda de pertences e realizar a higiene pessoal. Funcionam como ponto de apoio para quem sobrevive nas ruas.

Há, ainda, no DF, 14 restaurantes comunitários, que fornecem alimentação gratuita para quem não tem onde morar. Por questões de segurança e higiene, durante a crise sanitária, estão restritos à entrega de marmitas, das 11h às 14h, não sendo permitida a permanência nos refeitórios.

Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em termos de rendimento nominal mensal domiciliar per capita e em termos de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), comparado a outros estados, o Distrito Federal ocupa o primeiro lugar no ranking. O último censo contabilizou 2.570.160 pessoas, sendo hoje a população estimada em um pouco mais de 3 milhões.

No entanto, existe grande desigualdade social e desde o ano passado, o isolamento, associado ao medo de contágio, reduziram o número de voluntários que prestavam assistência aos mais vulneráveis por meio de doações de comida, roupas, sabonetes, entre outros. Esse quadro se repete em todas as Unidades da Federação.

Soma-se a isso a queda nos rendimentos de trabalho. A propagação da Covid-19 afetou de forma significativa o mercado brasileiro. A análise dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-1, realizada mensalmente durante todo o ano passado e ainda este ano, revela os impactos negativos da pandemia e as perdas, em especial dos trabalhadores por conta própria e do setor de serviço doméstico.

De acordo com esses levantamentos os efeitos adversos da crise no mercado de trabalho tendem a persistir ainda durante algum tempo.

A taxa média de desemprego em 2020 foi recorde em vinte estados do país, acompanhando a média nacional, que aumentou de 11,9% em 2019 para 13,5% no ano passado, a maior da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. De acordo com o IBGE, o Brasil tem cerca de 52 milhões e meio de habitantes que vivem abaixo da linha da pobreza, um quarto de sua população, com rendimento domiciliar entre 145 e 420 reais per capita mensais, mesmo antes da recessão causada pela Covid-19.

Grande parte dos pobres do país são pretos ou pardos e mulheres. A última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE apurou que o aluguel era um ônus excessivo para os brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, correspondente a um terço da renda disponível. Ainda, que existem no Brasil 79 milhões de pessoas (38,2% da população) vivendo em domicílios localizados em áreas com violência ou vandalismo.

Pesquisadores de diversas instituições já observaram que os impactos da pandemia atingem toda a população brasileira, mas de modo diferente, sendo as populações historicamente vulnerabilizadas as mais afetadas, com maiores números de casos e taxas de letalidade por contaminação da doença.

Sem moradia adequada e vivendo nas ruas, torna-se difícil seguir as recomendações mais simples para o enfrentamento da pandemia, como lavar as mãos e isolar-se em casa ao menor sintoma da doença.

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Foto de Simone Salles

Simone Salles

Jornalista, Mestre em Comunicação Pública e Política

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