Políticos, é chegada a hora de lavar os pés!

03/04/2021 às 06:22 Ler na área do assinante

Se para a medicina, lavar as mãos é recomendável para proteger das doenças; na política, "lavar as mãos" significa covardia.

A tradição cristã relembra, nessa sexta feira da paixão, a crucificação de Jesus Cristo e a sua morte no calvário. Dia mais triste da era cristã. Mas, Jesus venceu a morte, ressuscitou e nos ensinou o valor da vida e por isso celebramos todos os anos a Páscoa.

A crucificação de Jesus foi um evento que ocorreu, provavelmente, entre o ano 30 d.C. e 33 d.C., mas, em pleno século 21, encontra significado e simbolismos que nos remete ao calvário de Jesus.

A pandemia que assola o mundo dizimando milhões de pessoas, pôs a prova os nossos representantes políticos.

Como se não bastasse a crise sanitária, os políticos do Brasil, mais especificamente, os governadores e prefeitos, gananciosos pelo poder, submetem a população a arroubos de autoritarismos, com prisões e atos de violência física, violando os diretos mais básicos do cidadão, sob o pretexto de salvar-lhe a vida. Um cenário de horror sem precedentes.

Guardadas as devidas proporções de tempo e lugar, vivemos uma espécie de calvário nesses tempos de pandemia.

Segundo o bacharel em Filosofia e doutor em Teologia Élio Estanislau Gasda, Jesus não se adequava ao sistema político da sua época, pregava o amor ao próximo e a justiça.

“A morte de Jesus foi consequência da sua maneira de viver. Traído, caiu vítima de uma conspiração. Era um rebelde. O sistema não o suportava. Não se enquadrava na ordem.”

Lembrando que ordem na época era matar, oprimir, escravizar...não havia temor algum.

“O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45).”

“Suas palavras e ações em sintonia na defesa dos pobres, da justiça e de todas as vidas em situação limite. Cativou multidões, fez amigos, despertou esperanças. Não viveu para si mesmo, mas para o povo. Dedicou sua vida combatendo as forças da morte, a doença, as injustiças, a fome, a violência. Tendo como único critério o amor ao próximo, era profundamente livre diante da lei, das autoridades, da religião e dos costumes” ...

O doutor Élio Gasda nos dá uma importante mensagem quando afirma:

“Jesus enfrenta um duplo processo. As autoridades religiosas o entregaram à autoridade política, o procurador romano Pôncio Pilatos, sendo por este crucificado, uma pena reservada a crimes políticos. O poder religioso, quando ameaçado, procura apoiar-se no poder político para manter-se. Jesus era um perigo real aos poderes. Poderosos trabalharam unidos para proteger seus interesses em perigo. Tudo isso exigia uma solução radical. A morte mostra que o conflito chegou ao extremo. Jesus não foge do conflito, nem muito menos modifica sua mensagem. Preferiu ser executado a trair sua consciência. Nada o detinha. Então, foi crucificado entre dois rebeldes políticos.”

Qualquer semelhança com os acontecimentos políticos da atualidade não é mera coincidência.

Outro artigo do frade Alberto Maggi diz:

“Jesus não morreu pelos ‘nossos pecados’ e sim por enfrentar o sistema”.
“Os Evangelhos são claríssimos: Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres”
“A morte de Jesus não se deve apenas a um problema teológico, mas econômico. O Cristo não era um perigo para a teologia, mas para a economia” ...

E explica:

“A próspera economia do templo de Jerusalém, que o tornava o banco mais forte em todo o Oriente Médio, era sustentada pelos impostos, ofertas e, acima de tudo, pelos rituais para obter, mediante pagamento, o perdão de Deus. Era todo um comércio de animais, de peles, de ofertas em dinheiro, frutos, grãos, tudo para a “honra de Deus” e os bolsos dos sacerdotes, nunca saturados” ...
“A indignação dos escribas pode parecer uma defesa da ortodoxia, mas na verdade, visa salvaguardar a economia. Para receber o perdão dos pecados, de fato, o pecador tinha que ir ao templo e oferecer aquilo que o tarifário das culpas prescrevia, de acordo com a categoria do pecado, listando detalhadamente quantas cabras, galinhas, pombos ou outras coisas se deveria oferecer em reparação pela ofensa ao Senhor. E Jesus, pelo contrário, perdoa gratuitamente, sem convidar o perdoado a subir ao templo para levar a sua oferta.”

Imaginem! Quem é esse homem que veio desestabilizar a economia de Jerusalém, oferecendo o perdão gratuito ao povo?

Não havia mais necessidade de ir ao templo levando ofertas, nem de submeter-se a ritos de purificação, nada disso. Não, bastava perdoar para ser imediatamente perdoado…

O mais alto órgão jurídico da época decidiu: “Jesus deve ser morto”; ele e seus discípulos, porque representava um perigo, Ele e sua doutrina.

Assim, o frade Alberto Maggi, biblista italiano conclui o seu belo artigo dizendo que:

“O verdadeiro inimigo de Deus não é o pecado, que o Senhor em sua misericórdia sempre consegue apagar, mas o interesse, a conveniência e a cobiça que tornam os homens completamente refratários à ação divina.”

Embasada por esses dois teólogos, Élio e Alberto, levanto aqui alguns questionamentos?

O que mudou desde os tempos de Jesus até hoje?

Qual o verdadeiro motivo pelo qual tentaram matar o Bolsonaro?

Por seus defeitos? Ou por que ameaçou fechar as torneiras dos cofres públicos? Ou por tomar a popularidade de outro político?

O motivo é econômico? Ou os políticos de oposição são humanistas e preocupam-se de fato com a vida dos brasileiros?

Será que o presidente Bolsonaro deve fechar os olhos para as mortes por depressão, desemprego, fome, suicídio? Enquanto o cidadão morre pela boca, literalmente, sufocado pela censura, pelas máscaras ou pela falta do ar?

Quem são os verdadeiros genocidas do nosso tempo?

Deixo claro que não há e nunca houve um político que se compare ao perfil de Jesus. Não há a intenção de fazer essa analogia. Há até um que se acha “a viva alma mais honesta do país”, mas, fracassou na proposta de honestidade e amor ao próximo.

O nosso atual presidente não é perfeito. Mas, sem dúvida, é o homem certo para esse momento de transição de uma política de esquerda, cujo “templo” era uma feira livre, para uma política mais à direita conservadora, para resgate dos valores e da ordem.

Desde o início da pandemia ouvimos milhares de vezes: “lave as mãos” e entendemos que para a medicina, lavar as mãos é recomendável para nos proteger das doenças. Já no sentido figurado, significa isentar-se das responsabilidades. Quando "lavar as mãos" ocorre na esfera política, significa covardia.

A expressão “lavar as mãos” tem sua origem nas histórias bíblicas. Era tradição um preso ser libertado durante a Páscoa Judaica. A decisão de soltar Jesus ou o assassino Barrabás foi passada para a multidão que acompanhava o julgamento por Pôncio Pilatos. E Jesus acabou sendo crucificado. Ao passar a decisão para o público, Pôncio se isentou dessa responsabilidade, representadas pelo ato de lavar as mãos enquanto dizia a seguinte frase:

“Estou inocente deste sangue. Lavo as minhas mãos”.

Isso me faz lembrar um certo político "inocente"...

Nesse momento, em que a fragilidade da vida fica evidente, em que os valores são rechaçados, as rixas políticas ficam mais acirradas, convoco a todos os Brasileiros a buscar inspiração e tirar uma lição da cerimônia de “lava pés” em que Jesus, na última ceia, tomou a atitude de fazer aquilo que só a um escravo cabia, lavou e enxugou os pés de seus discípulos. Ato de pura humildade, pois, colocou-se na posição de servir e dando o exemplo, pediu que eles lavassem os pés uns dos outros.

Nossos governantes precisam entender que o poder autêntico está em um coração humano e bem-intencionado. Não importa o cargo, quando o maior cede, quebra a estrutura de poder, entende que o verdadeiro poder está no coletivo.

Essa parábola cabe muito bem aos servidores públicos. Não há poderosos. E se há, são aqueles cuja vida é serviço. Somos iguais perante a lei dos homens e de Deus.

Todos os que se encontram em papel de liderança devem praticar a humildade, “lavando os pés” uns dos outros. Servir. Garantir os direitos do povo sofrido pela ameaça constante da morte eminente.

A Páscoa desse ano vem carregada de significado. Fala de morte e de ressureição.

A todas as pessoas que perderam seus entes queridos nessa pandemia, nossos sinceros sentimentos de pesar. Lembrem-se do significado da Páscoa: ressurreição, a passagem da morte para a vida. Afinal, é morrendo que se vive para a vida eterna.

Feliz Páscoa a todos!

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Bernadete Freire Campos

Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.

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