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Se não cair pela saúde, vai cair pela cultura … Kakay e a narrativa sem limites da esquerda contra Bolsonaro

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O advogado lulopetista, Antonio Carlos de Almeida Castro, vulgo Kakay, voltou a atacar o governo federal em sua coluna baseada em narrativas apócrifas, no periódico Folha de S.Paulo.

Kakay, que também é conhecido por circular em ambientes internos do Supremo, calçando sandálias e vestido com bermudas e camisetas coloridas, “quer porque quer” que o governo invista dinheiro na cultura, mesmo em tempos em que a saúde, mais do que nunca na história do país, é que necessita, não apenas de dinheiro, como de atenção e muita investigação sobre verbas federais utilizadas sem qualquer transparência por governadores, prefeitos e gestores municipais pelo Brasil afora.

O título, “A cultura asfixiada e seus algozes, incentivo ao setor não é opção programática, mas obrigação constitucional”, é o primeiro indício de que vem narrativa brava e ideológica na sequência.

E começa, então o espetáculo:

“Constatar, a esta altura, que a cultura brasileira está sob ataque oficial soaria óbvio para qualquer observador minimamente atento … Além dos flertes quase diários com a censura e do vergonhoso aparelhamento de instituições do quilate de um Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), os principais mecanismos de apoio à produção artística estão paralisados, ou quase isso, há pelo menos dois anos.”

Ora, o pretenso colunista acredita mesmo que o governo flerta quase diariamente com a censura e, mais ainda, seja responsável pelo aparelhamento de um órgão que passou décadas, sendo aparelhado, na verdade, pela própria esquerda lulopetista, e que ainda sofre profundamente com o impacto e a presença de esquerdistas travestidos de servidores?

Em seguida, o doutor, que esteve recentemente nas manchetes por ser o possível “protetor” de uma maleta com equipamentos de escuta, plantada em sua própria residência para receptar conversas sigilosas no Palácio do Planalto, segundo o site Terça Livre (confira no link – https://tercalivre.com.br/com-8-meses-de-atraso-velha-midia-descobre-denuncia-de-allan-dos-santos-sobre-maletas-de-espionagem-em-brasilia), reconhece que mesmo havendo dinheiro, o governo tem ao seu lado, a lei e o orçamento que, por sinal, estão sendo respeitados, mas alega que a questão dos repasses previstos estão travados, ora por culpa da demora em analisar pedidos ou prestações de contas de produtores, ora por, como afirmou, “descaso ou um plano macabro”.

Em seguida, Kakay demonstra preocupação com empresas pequenas de produção independente, que não contam com os próprios meios de difusão, e que estariam a beira de um colapso, em um momento de tamanha vulnerabilidade, na crise da Covid-19 e etc …

Mas curiosamente, ele não se desespera, no mesmo texto, com os milhões de brasileiros, que não são artistas e sequer têm a chance de fazer qualquer pedido de financiamento com dinheiro público via Lei Rouanet e afins, e que estão realmente passando fome ou sem condições de alimentar pelo menos os filhos.

Kakay também não cita as milhares de empresas fechadas pelo “fique em casa” na esteira da mesma crise do vírus chinês.

O texto segue exaltando a cultura brasileira e o fato de sermos uma potência neste quesito, e lembra que nossa música, audiovisual, literatura, designa, artes plásticas ou de rua são reconhecidas internacionalmente … também concordamos com tudo isso, claro …

mas por que, então, se há tal reconhecimento, a cultura não consegue “andar sozinha”, se autofinanciar e ficar livre das “amarras financeiras públicas” (pra não dizer mamata), ou mesmo consegue financiamento junto a entidades e fundações internacionais que estariam aptas a fomentar uma cultura tão rica? … Nem uma palavra dele sobre isso!!!

A sequência de ataques vem com os números a partir da constituição de 88, que ajudou a expandir o setor a partir dos anos 2000 e que elevou a produção de longas metragens para quase 200 em 2018 e que houve o desmantelamento da ANCINE e que trata-se de uma indústria que emprega 5 milhões de pessoas …

Ele disse 5 milhões de pessoas … confesso que gostaria de uma auditoria, pois este número parece um tanto exagerado, considerando que o número de metalúrgicos, segundo o Ministério do Trabalho, é de 1,7 milhões, e a indústria nacional, como um todo, emprega cerca de 10 milhões de trabalhadores – seria, então a indústria cinematográfica, segundo Kakay, responsável pela metade dos trabalhadores formais na indústria nacional? … mas o disparate matemático é ainda mais atrapalhado (para não dizer outra coisa) quando em uma rápida pesquisa obtemos a informação de que a indústria nacional do cinema norte americano (estou falando de Hollywood) emprega pouco mais de 2 milhões de trabalhadores.

Ainda nos números, o advogado cita que o governo não incentiva a cultura por meio de renúncias fiscais, e que cada real que o país deixa de cobrar do setor, segundo estudo da FGV, retorna R$ 1,59 para a economia, mas esqueceu de dizer que ainda que tenha ocorrido uma redução dos valores oferecidos pela extinta Lei Rounet (substituída por outra que simplesmente encerrou a mamata de grandes artistas milionários e criou ferramentas para que o pequeno artista ou produtor, que necessita de fato, tenha acesso a verba pública), o governo manteve a possibilidade para que empresas com interesse em investir no setor o façam, com direito, sim, a recuperar o investimento por meio de incentivos fiscais.

Este link do jornal Gazeta do Povo (https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/cultura-na-pandemia-como-tem-sido-o-fomento-a-iniciativas-culturais-durante-o-isolamento-social/) traz uma reportagem esclarecendo estas informações e informando ainda que as próprias empresas, com forte queda de arrecadação em função da crise, e sem ver qualquer possibilidade do setor cultural dar retorno (justamente pela falta de público e interesse da população, obrigada a ficar em casa), tiraram o pé do acelerador e deixaram de investir e buscar o governo pelo incentivo. Na reportagem, há também a notícia da ajuda financeira que o governo manteve para pequenos produtores e artistas, na esteira do auxílio emergencial (mas Kakay ignorou qualquer informação sobre isso em seu texto)

A coluna é encerrada com a citação da Constituição, que impõe ao Estado a obrigação de apoiar e incentivar a cultura e que a mesma deve ser obedecida, sob risco de que os agentes públicos sejam acusados de cometer ato de improbidade administrativa, o que levaria a perda da função, suspensão dos direitos políticos e pagamentos de multas (mais um entre as centenas de narrativas que buscam, como agulha no palheiro, algo para culpar o governo, a ponto de se abrir um processo de Impeachment, antecipando 2022 e blablabla)

Kakay diz então que o Ministério Público Federal, que já teria se atentado para essa realidade, começaria a apertar o cerco (vem de tanto lado que o Palácio do Planalto deveria criar o Ministério do Cerco Apertado, para administrar tudo isso), ajuizando ações de improbidade administrativa e cobrando explicações e providências dos agentes responsáveis.

Enfim, segundo o advogado da maleta, Bolsonaro deve ser processado e perder o cargo por não ajudar os artistas brasileiros!

Parodiando as frases poéticas de outros autores, que o colunista utilizou no início e no final do texto,

“Nunca escrevi … sou apenas um tradutor de silêncios”
“Só uso as palavras para compor os meus silêncios”

Sugiro ao mesmo que, com ou sem palavras, traduzindo ou não … mantenha-se em silêncio.

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Foto de Uélson Kalinovski

Uélson Kalinovski

Jornalista desde 1996, com especialização em Ciência Política e mais de uma década de experiência na cobertura dos temas nacionais, em Brasília.
Executivo da produtora UK Studios, em Jundiaí/SP.
ukalinovski@gmail.com / Uelson Kalinovski (Facebook e YouTube) / @uelsonkalinovsk (Twitter)

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