É impossível que o socialismo exista sem um nível implacável de violência

20/05/2021 às 17:09 Ler na área do assinante

O socialismo é uma doença política, social e ideológica, convenientemente disfarçada de doutrina séria. Onde quer que essa doença se espalhe, produzirá um rastro de mortes, violência, miséria, degradação e destruição sem precedentes. Exemplos práticos não faltam para comprovar essa verdade irrefutável. Venezuela e Argentina são apenas dois casos recentes — que estão entre os mais dramáticos na história da América Latina —, mas a verdade é que no decorrer do século 20, dezenas de países sucumbiram em consequência da praga socialista, sendo arrastados pelo seu implacável vórtice de tirania, desavenças e destruição em direção à ruína total e ao declínio absoluto.

Socialistas são, antes de tudo, criaturas obcecadas pelo poder. Não raro tentam conquistar o poder político à força — através de golpes de estado —, para implantar o seu projeto de poder "redentor" sobre a sociedade. Foi isso o que fez Hugo Chávez em 1992, na Venezuela. Depois que fracassou e foi preso, ele percebeu que seria muito melhor se conquistasse o poder através de eleições; assim, o socialismo como ideologia teria um aspecto "democrático" e tanto sua presidência quanto o seu projeto de poder pareceriam legítimos, visto que foram chancelados pelo voto popular.

Depois de alguns anos de estatizações implacáveis e intervenções radicais do estado na economia, as condições na Venezuela rapidamente se deterioraram. Em pouco tempo, as condições econômicas e a situação social dos venezuelanos se deteriorou drasticamente, como poucas vezes vimos no decorrer da história. Como o socialismo — enquanto sistema e ideologia política — não respeita a ordem natural de mercado, o colapso econômico será sempre inevitável; ocorrerá em questão de pouco tempo. Com o colapso econômico, virá a hiperinflação, a escassez de alimentos e o desemprego, que serão catalisadores de distúrbios políticos e sociais, que sempre irão eclodir em turbulentas e sanguinárias conflagrações civis, geralmente com muitas mortes.

A Argentina atualmente está exatamente nesse caminho. Com o retorno da esquerda ao poder, políticas radicalmente intervencionistas se tornaram corriqueiras; e ainda que resolvam problemas no curto prazo, no médio e no longo prazo provocam inflação, desemprego, fuga de capital e falência generalizada de empresas. As consequências inevitáveis de todas essas medidas intervencionistas irracionais e malignas acabam fatalmente provocando níveis inenarráveis de pobreza e miséria entre a população.

Hoje, quase metade da população argentina está vivendo na mais absoluta miséria. O país — que entre o final do século 19 e o princípio do século 20 foi um dos mais ricos do mundo e rivalizava com os Estados Unidos em progresso e desenvolvimento — atualmente sofre as agruras do retrocesso socialista, conforme enfrenta um amargo e deplorável processo de venezuelização.

Infelizmente, todas as deploráveis políticas intervencionistas e estatizantes implementadas pelo presidente socialista Alberto Fernández — que assumiu a presidência da Argentina no final de 2019 — já começaram a mostrar suas deletérias consequências destrutivas na área econômica, com a subsequente deterioração das condições materiais e da qualidade de vida da sociedade. Atualmente, 45% da população argentina está soterrada na mais atroz e degradante miséria.

O nível brutal de deterioração, aflição e caos social provocado pelo socialismo invariavelmente faz com que a sociedade expresse o seu descontentamento, que frequentemente se transforma em revoltas. Para conter as turbulências civis e as sublevações populares, o governo irá recorrer à violência para reprimir os manifestantes. E então a eclosão de grandes conflitos entre a população e o estado se tornam inevitáveis. Consequentemente, inúmeras pessoas — especialmente civis — acabam morrendo nos confrontos.

A tragédia da Nicarágua

Embora conflitos urbanos entre civis e as forças de repressão do estado tenham se tornado frequentes na Venezuela desde o final do governo de Hugo Chávez, o exemplo mais dramático que podemos citar nessa questão com certeza está na América Central. Protestos e massacres terrivelmente violentos vem acontecendo na Nicarágua há pelo menos três anos. Tanto quanto a Venezuela, a Nicarágua é mais um exemplo característico da tragédia socialista, embora receba — comparativamente — pouca cobertura da mídia tradicional.

Desde abril de 2018, a população vem realizando protestos consecutivos contra o governo do ditador socialista Daniel Ortega, que oprime de forma brutal e truculenta a sociedade nicaraguense através de um tirania sanguinolenta, que já se estende por quatorze anos. Ortega vem se perpetuando no poder através de eleições fraudulentas desde 2007. Ele já havia liderado o país anteriormente, tendo servido como presidente de 1979 a 1990, depois de conquistar o poder por meio de uma revolução como guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação. Durante esse período, a Nicarágua foi palco de uma das mais violentas guerras civis na história da América Latina, que ceifou a vida de mais de trinta mil pessoas.

Como qualquer ditadura socialista, o regime de Daniel Ortega é excepcionalmente brutal, e oprime a população com um nível letal de truculência e agressividade. Desesperados, os nicaraguenses estão fazendo o possível para se libertarem da tirania socialista. Se a situação continuar como está, uma guerra civil pode eclodir na Nicarágua a qualquer momento. E assim o país pode acabar experimentando mais uma vez os horrores de um sanguinolento conflito doméstico, que lembra a tragédia de um passado não muito distante, que de uma forma ou de outra parece sempre acompanhar as ambições totalitárias dos revolucionários sandinistas.

Os confrontos da população contra as forças repressivas do estado, que continuam de forma ininterrupta desde que começaram, em 2018, até o momento contabilizam mais de quinhentos mortos, dois mil e oitocentos feridos e mais de mil e quinhentas pessoas presas. Por enquanto, não existem indícios de quando esse conflito popular — que gradualmente vem se transformando em uma sanguinolenta e feroz guerra civil — irá terminar. Possivelmente, a população, demasiadamente exasperada com a truculência da ditadura de Daniel Ortega, está disposta a levar a insurreição até às últimas consequências, visto que anseia se libertar da deplorável e maléfica ditadura socialista que aterroriza o país.

Daniel Ortega é um ditador implacável, conhecido por frequentemente ordenar que as forças de repressão do estado massacrem todos aqueles que ousam se opor ao seu regime cruel e totalitário. Aterrorizar jornalistas, vandalizar e fechar redações de jornais que criticam o seu regime e executar massacres e chacinas contra civis e cidadãos desarmados são atrocidades recorrentes em sua ditadura. E da mesma forma que a tirania bolivariana da Venezuela tem as milícias de collectivos que servem para aterrorizar e até mesmo matar cidadãos e manifestantes que de alguma forma ousam expressar descontentamento com o governo, na Nicarágua, Daniel Ortega conta com o apoio de milícias de criminosos armados — financiados por ele —, que se ocupam de reprimir e eliminar opositores do regime.

Indivíduo extremamente imoral, perverso e devasso, Daniel Ortega foi acusado por sua enteada, Zoilamérica Narváez, de ser um criminoso sexual sádico e depravado. Há alguns anos, ela redigiu um extenso relatório, onde descrevia como o ditador nicaraguense cometeu abuso sexual contra ela sistematicamente, por um período superior a uma década. Como todo o sistema judiciário da Nicarágua está submisso a Daniel Ortega, no entanto, as acusações jamais se transformaram em processos formais. O caso acabou indo parar na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Em 2018, ocorreu uma tragédia na Nicarágua que afetou de forma muito particular a nós, brasileiros. Em 23 de julho de 2018, a pernambucana Raynéia Gabrielle Lima foi assassinada a tiros em Manágua, capital da Nicarágua, pelo paramilitar Pierson Gutiérrez. A jovem residia na Nicarágua, onde estudava medicina. A fatalidade teria acontecido por ela ter passado acidentalmente com seu carro em um local onde estavam sendo realizados protestos contra o governo. O assassino era integrante de um grupo paramilitar responsável por reprimir — em caráter extraoficial — manifestações contra a ditadura de Daniel Ortega.

Quando a estudante foi assassinada, a população fazia protestos contra a reforma da previdência que fora sancionada pelo ditador. Ortega então ordenou que suas milícias reprimissem as manifestações de forma brutal e violenta; consequentemente, mais de trezentas pessoas foram assassinadas pelas tropas populares da ditadura.

Quando Pierson Gutiérrez foi positivamente identificado como o assassino da jovem, ele foi preso, julgado e sentenciado a quinze anos de prisão. No entanto, o assassino cumpriu apenas um ano de cárcere, sendo solto — por uma trágica ironia do destino — exatamente um ano depois do crime. Pierson Gutiérrez foi solto com base em uma lei de anistia sancionada pelo próprio Daniel Ortega. Na época, o Itamaraty emitiu um parecer repudiando a anistia do criminoso.

A família da vítima nunca foi notificada sobre o julgamento do assassino; em nenhum momento a justiça nicaraguense teve a consideração de entrar em contato com a família da vítima, para mantê-los informados sobre os procedimentos legais. Tudo foi realizado às pressas, sem o consentimento e o conhecimento dos familiares de Raynéia. Na época do devido processo legal, o julgamento do acusado durou apenas trinta e cinco minutos, e ocorreu a portas fechadas.

A estudante foi agraciada postumamente com um diploma pela Universidade Americana de Manágua, onde ela estudava. Ariana Ortega — neta do ditador — compareceu ao evento, mas apenas para manifestar escárnio e desprezo, visto que ela ostentava, na ocasião, uma jaqueta da Frente Sandinista de Libertação, a organização criminosa disfarçada de partido político que tortura, sacrifica e extermina os nicaraguenses, da mesma forma que o Partido Socialista Unido da Venezuela faz com os venezuelanos.

Quando foi assassinada, Raynéia — então com trinta anos —, estava no último ano do curso. Uma vida plena de anseios, projetos e objetivos foi cruelmente ceifada, como consequência da repressão criminosa orquestrada por um maléfico e desprezível tirano, cuja maior ambição é se perpetuar no poder. Uma correligionária teve sua vida violentamente interrompida, e sua família sofreu uma perda irreparável. Infelizmente, Raynéia foi mais uma vítima da violência e da brutalidade da doença socialista, uma sórdida e aviltante depravação política, que causa níveis inenarráveis de aflição, sofrimento e mortandade por onde passa.

Conclusão

A tragédia socialista é uma tragédia humana; e acima de tudo, um crime contra a humanidade. Como é possível constatar, a violência — especialmente a violência do estado contra os cidadãos — é uma das características mais proeminentes do socialismo. É impossível não existir violência em um regime socialista. Da mesma forma, repressão, totalitarismo, ausência de liberdade, fome, miséria, medo, insegurança, sofrimento e mortandade são todos sintomas inerentes à ideologia socialista.

O socialismo é uma grande farsa. Como disse o renomado intelectual e economista espanhol Jesús Huerta de Soto, "o marxismo é a maior fraude intelectual na história do pensamento humano". É lamentável que essa ideologia imprestável continue a enganar, ludibriar e seduzir as pessoas. É fundamental entender que o socialismo na teoria promete o paraíso, mas na prática sempre entrega a pior versão do inferno. Na América Latina não faltam exemplos lamentáveis dessa tragédia: Venezuela, Cuba, Argentina, Nicarágua. Mas os militantes socialistas brasileiros nunca se mudam para nenhum desses países. Por quê motivo?

Como os fatos perfeitamente comprovam, é impossível que o socialismo exista sem um deplorável e desmesurado nível de violência. A violência sempre estará presente em regimes socialistas, porque suas irracionais políticas intervencionistas sempre irão levar a nação ao colapso econômico, o que causará enormes conflagrações sociais, que invariavelmente se transformarão em monumentais e trágicas insurreições civis. Através dos exemplos práticos descritos, é fácil perceber que é totalmente impossível que o socialismo exista sem violência, da mesma forma que é completamente impossível viver sem respirar.

Wagner Hertzog

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