Além das inúmeras denúncias de corrupção, pesa contra Renan ataque a jornalista com ofensas misóginas e machistas

03/06/2021 às 14:16 Ler na área do assinante

Esta semana, depois das ofensas recebidas pela oncologista e imunologista Nise Yamaguchi na CPI da Covid-19, voltou a circular na internet uma postagem de 2019 do senador Renan Calheiros (MDB-AL), em que ele ofendia a jornalista Dora Kramer, colunista da Revista Veja, depois de ser derrotado na disputa à presidência do Senado Federal.

A comunicadora relembrou a polêmica de 2019 e escreveu no Twitter:

"Obrigadissima à CPI por esquecer os ataques machistas de Renan Calheiros a mim. Muita coerência", ironizou.

Dora havia chamado o parlamentar de arrogante no artigo que analisava o resultado das eleições para o Senado. Furioso, Renan respondeu, em sua conta no Twitter, que já tinha sido assediado, sexualmente, pela jornalista. Ele também insultou o pai da congressista Simone Tebet (MDB-MS), que foi uma das articuladoras da vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP).

"A Dora Kramer (Veja) acha que sou arrogante. Não sou. Sou casado e por isso sempre fugi do seu assédio. Ora, seu marido era meu assessor, e preferi encorajar Geddel e Ramez, que chegou a colocar um membro mecânico para namorá-la. Não foi presunção. Foi fidelidade."

A repercussão ao tuíte do emedebista foi tão negativa que ele apagou o post horas depois.

Ricardo Noblat, amigo da comunicadora e também integrante da Veja, disse:

"Seu post, senador, dá a real dimensão do seu caráter. Ou da falta dele", respondeu Noblat.

A colunista Cora Ronai, do Globo, também saiu em defesa da jornalista e condenou o ataque:

"Renan, o Canalha, revela-se no ressentimento: acaba de postar o tuíte mais machista, asqueroso e repulsivo da política brasileira em todos os tempos, o que não é dizer pouco", disparou.

Apesar das juras de fidelidade no casamento, Renan, que foi presidente do Senado Federal, foi derrubado, em 2007, depois de ter sido acusado de direcionar emenda parlamentar em favor da empreiteira Mendes Junior. Em troca, segundo a denúncia, o lobista da empresa pagava a pensão alimentícia devida pelo senador a uma filha que teve em relação extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso.

A cassação foi recomendada pelo Conselho de Ética, mas, ao fim, ele foi absolvido em plenário numa votação secreta. Embora tenha conseguido preservar o mandato, ele teve de abrir mão da presidência da Casa, cargo que voltou a ocupar posteriormente por outros dois biênios.

No Supremo, ele responde a 17 processos e é um dos principais alvos da “Operação Lava Jato” em liberdade. Com esse “brilhante” histórico e currículo, o senador foi escolhido pelos seus pares como um nome excelente para a relatoria da CPI da Covid, que tenta incriminar o presidente Jair Bolsonaro por crime de responsabilidade. Mas, até o momento, a oposição não tem nada de concreto.

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