Lembrai-vos da Bastilha

08/07/2021 às 14:12 Ler na área do assinante

Em 1789, a sociedade francesa era governada pelo Rei e constituída por três grupos, denominados “Estados”: o primeiro, constituído pelo clero, o segundo pelos nobres, e o terceiro pela classe média e produtora, os burgueses, mais o povo, que formava os “sans culottes”, os despossuídos, os empregados semiescravos.

Os impostos eram pagos somente pelo terceiro Estado, que sustentava os dois outros. As consequências disso recaiam sobre seus empregados, que recebiam salários miseráveis.

Quando a situação ficou intolerável, o terceiro Estado forçou a convocação dos Estados Gerais, uma assembleia do tipo constituinte, onde algumas distorções poderiam ser corrigidas. O terceiro Estado entrava em desvantagem nas decisões, pois os outros dois sempre se juntavam contra ele a fim de manter seus privilégios.

Desta vez, porém, algumas defecções no segundo Estado lhe deram a vitória, que não foi reconhecida. Suas reivindicações não foram levadas em conta pelo Rei, o que acabou resultando na dissolução dos Estados Gerais desembocando naquilo que se convencionou chamar de “Revolução Francesa” na qual nobres cabeças rolaram em abundância.

No Brasil de nossos dias há um primeiro Estado formado por um congresso nacional soi-disant representante do povo e encarregado de exercer o poder em nome dele, mas que na verdade é um infiel depositário desse poder. Está atulhado de delinquentes, réus em processos por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas etc e, com as exceções de praxe, trabalha única e exclusivamente em favor de seus próprios interesses.

Agora, em uma bofetada na face de todos os brasileiros, de forma servil e acovardada, obedecendo a intromissões indevidas em suas atribuições privativas, o presidente do senado da República organizou uma comissão de corruptos e desavergonhados com a finalidade de julgar as atitudes do único Presidente honrado e patriota que a Nação Brasileira conheceu depois do término do Regime Militar.

Faz parte também do primeiro Estado um Supremo Tribunal Federal que usurpou atribuições de todos os outros poderes da República, julgando, legislando e executando ao arrepio do que reza a Constituição que diz que os poderes devem ser harmônicos e independentes.

No seu furor antilibertário, se encarniça contra os adeptos do Presidente eleito por quase setenta milhões de cidadãos, ameaçando-os e mandando prendê-los sem qualquer suporte legal e ao mesmo tempo parindo decisões escatológicas para libertar prisioneiros de outras ideologias com culpa sobejamente provada e comprovada. Age como um reles partido político, o partido do demônio.

Há o segundo Estado, os novos nobres, constituído pelos parasitas que aparelham todos os setores da administração pública, e não só nada produzem como se empenham em neutralizar os esforços daqueles que lutam para produzir. Contam com a cumplicidade do primeiro Estado para saquear as riquezas da Nação e com ele se juntam para vender suas almas e nossa Pátria a potências estrangeiras por meros trinta yuanes de Judas.

E, exatamente nas mesmas condições francesas daquela época, um terceiro Estado com seus sans culottes, que sustentam os banquetes, viagens e mordomias dos outros dois com seu sangue, seu suor, suas lágrimas e seus impostos, ainda que muitos sofram e gemam com a falta dos mínimos recursos necessários para uma vida com dignidade.

A peste chinesa que assola o mundo está semeando a morte, a fome e a ruína econômica em nossa Pátria. Incontáveis recursos que poderiam aliviar seus efeitos nefastos foram desviados pelos reis anteriores e pelos primeiro e segundo Estados de então, muitos dos quais continuam impunes, graças aos esforços do STF.

Mesmo hoje, representantes das trevas continuam desviando valores do combate à peste chinesa, acumulando riqueza nos bolsos e mortes em seus acervos, e provavelmente ficarão impunes também. E, pior que tudo, a peste foi bastante conveniente para proporcionar a muitos canalhas a oportunidade de colocar a Pátria à venda e eles estão se locupletando nessa traição.

Na impossibilidade de encontrar recintos que pudessem abriga-los a todos, homens de bem deste País, o terceiro Estado, no exercício do poder que lhes pertence, convocaram para hoje, 1o de maio de 2021, reunião ao ar livre a fim de, como os franceses fizeram em 1789, alertar os outros Estados que esta situação está insustentável. E, reiterando suas decisões nas eleições de 2018, decidiram transferir incondicionalmente ao Presidente Jair Messias Bolsonaro todo o poder que lhes pertence, para que ele aja da maneira que entender mais adequada a fim de resolver a situação de anomia em que o País se encontra.

Senhores responsáveis pela condução da vida política e jurídica deste País: os senhores têm ignorado os repetidos avisos que a sociedade brasileira lhes vem enviando, até agora pacificamente, em português claro e olhando-os nos olhos. O recado de hoje é incisivo! Não admite dúvidas nem interpretações bisonhas.

Cuidado! Quem se propõe a esquecer a história se arrisca a ser devorado por ela. O povo tem hoje pouco pão e terá cada vez menos nos tempos sofridos que se aproximam. A cada dia que passa tem menos a perder. Não ousem manda-lo comer bolos!

A Bastilha é mais frágil do que os senhores imaginam. Basta um rastilho de pólvora aceso para derrubá-la. A pólvora já vem de há muito se acumulando na base de suas muralhas e sempre pode aparecer alguém suficientemente determinado a acendê-la. Só falta uma justificativa suficiente.

Não a forneçam!

Cel. José Gobbo Ferreira

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