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A trágica vida pregressa de Joice Hasselmann

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A deputada federal Joice Hasselmann, que se elegeu na “onda Bolsonaro”, quando gritava que era mais parecida com o presidente que os próprios filhos e se intitulava “a Bolsonaro de saias”, coleciona histórias bizarras e duvidosas.

Em 2016, na véspera do Natal, a então jornalista e ativista política, recebeu um gato morto em sua residência. Se dizendo amante dos animais, ficou chocada com o animal morto, mas fez questão de ir às redes sociais mostrar que não tinha medo. Já em 2018, logo após ser eleita, a parlamentar recebeu a cabeça de um porco, com peruca loira, quando estava em um hotel, registrada com outro nome e em andar incerto e não sabido. Mas o tal delinquente, que até hoje ninguém sabe quem é, conseguiu localizar e mandar a cabeça do pobre animal. Mesmo “modus operandi”: animal morto – indignação – redes sociais para mostrar que não tem medo – história morre sem solução. Doente? Sim ou claro?

Mas Joice “mudou de lado” e se aliou a Rodrigo Maia e ao famoso “centrão da oposição”. Com reuniões secretas em seu apartamento funcional, com as deputadas de todos os partidos, Joice é a responsável por estimular, junto com João Doria, fiel escudeiro da moça e (des)governador de São Paulo, a saída dramática do biógrafo e ex-juiz, Sérgio Moro.

Logo depois, a parlamentar, que estava acima do peso, emagreceu e passou a atuar nas redes como blogueira fitness em seu tempo livre. Nas demais horas, ela estava no twitter, com baixa relevância, atacando o presidente.

As fotos sensuais e legendas histéricas não surtiram o efeito esperado. Assim como os vídeos de culinária postados em seu canal esquecido nos pântanos do YouTube. A única coisa que a parlamentar conquistou foram piadas e memes.

Envolta em dezenas de polêmicas, ela também ficou conhecida pelo que foi chamado de “gabinete da Peppa”, onde pedia a seus assessores, que cadastrarem CPFs falsos e criassem perfis também falsos para atacar os parlamentares de base e retirar vídeos do contexto para estimular ataques contra a deputada federal Carla Zambelli e Bia Kicis. Após esse episódio, estranhamente, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fakes News, foi enterrada junto com a vergonha na cara da deputada.

Dona de uma personalidade histriônica, Joice, em 2020, teria anunciado que se separou do neurocirurgião Daniel França, após o Ministério Público de São Paulo iniciar uma investigação contra o médico e João Doria, por desvio de verbas da Saúde.

A informação era de um site de fofoca, e Joice desmentiu ainda na mesma semana.

A Nevro Serviços Médicos, empresa de Daniel, foi contratada por João Doria em novembro de 2018, pouco depois do segundo turno das eleições, para fornecer, segundo o contrato, “profissional para o atendimento de cirurgias eletivas no centro cirúrgico, três vezes por semana, neurocirurgião para visitas médicas diárias e profissional para atendimento ambulatorial, duas vezes por semana, além de coordenador e de neurologista para cobertura a distância 24 horas por dia”. Durante os meses de novembro de 2018 a fevereiro de 2019. No entanto, o Hospital Regional de Registro, onde os serviços deveriam ser prestados, não realizou neurocirurgia alguma. A denúncia, que consta no inquérito da polícia, é de que os pagamentos teriam sido feitos no período, e a Nevro teria recebido R$ 595 mil. Segundo o inquérito, um paciente chegou a morrer, ao ser encaminhado ao hospital e não receber o atendimento.

Mas, inexplicavelmente, o médico que até então estava separado de Joice, aparece dormindo no quarto ao lado em que a parlamentar diz ter sido brutalmente agredida.

Em resumo: No sábado, dia 17 de julho, Joice disse que estava sozinha em seu quarto, no apartamento funcional, em Brasília. O marido dormia em outro quarto, porque, segundo ela, ronca muito. A última coisa que diz se lembrar é do capítulo da série Ressurection (Ressurreição), disponível na plataforma Netflix, a qual estava “maratonando”. Depois disso, acordou, já no domingo, caída entre o banheiro e o quarto em uma poça de sangue, conforme relatou à reportagem:

"O que eu sei, o que eu vi, foi que domingo, umas 7h da manhã eu acordo entre meu quarto e o banheiro, no closet, com uma poça de sangue. Estava muito frio, eu estava muito gelada e tinha perdido muito sangue. Depois do susto, a primeira reação que eu tive foi 'Ah, eu desmaiei né? Tive um mal súbito sei lá, um princípio de infarto, nossa vida é tão pesada... Sei lá, desmaiei, bati o nariz, nariz sangra com facilidade, deve ser isso. Me arrastei até o meu banheiro e, quando eu cheguei no banheiro, tinha pingos de sangue no banheiro, o tapete estava empapado de sangue e o que me chamou a atenção foi o espelho, tinha gotas de sangue como se fosse jato. Mas como o sangue do meu nariz vai estar no espelho? Mas eu estava totalmente atordoada, imediatamente eu pedi socorro. No domingo, fui fazer os exames no Sírio Libanês. Só que, antes disso, eu já tinha conversado com meu marido, que é médico, ele veio me socorrer”.

Ora senhores... O marido estava no quarto ao lado e não ouviu a esposa ser brutalmente agredida, mas a ouviu pedir socorro às 07h00 da manhã? Hummm. A moça coleciona cinco fraturas no rosto, sendo duas delas no nariz e as outras nos seios da face, uma na coluna (vértebra C7), dois dentes quebrados, um abaulamento na cabeça, mas sem comprometimento da parte interna do crânio, joelhos roxos, assim como parte da costela esquerda, abaixo do seio, e um ombro machucado. Um rasgo no queixo foi selado com cola cirúrgica e o marido não ouviu um gritinho sequer? Nada?

Como Joice adora um drama, estilo novela mexicana, ela passou a acreditar que sofreu um ataque e, como ela gosta de ser exclusiva, disse que pode ter sofrido uma “tortura sofisticada”, da qual o mundo político ainda não tinha notícia. “Eu tenho duas suspeitas”, contou a deputada, que denunciou o caso ao Departamento de Polícia Legislativa (Depol), incluindo os nomes que ela cogita como responsáveis. Ainda segundo a parlamentar, ela não quer a Polícia Federal no caso, porque ela não confia em alguns membros do órgão.

Mas tem mais. Na sexta-feira (23/07), o Metrópoles divulgou que Joice não registrou ocorrência na Polícia Civil (PCDF) e nem fez o exame de corpo de delito, bem como limpou toda a cena do suposto crime. Como de costume, a parlamentar deu um tom mais fantasioso à história quando disse que: “não posso dizer que foi um desafeto político ou mesmo se foi alguém que entrou na minha casa. Mas esse é um local público, a chave de um apartamento funcional não é uma chave que fica só comigo, outras pessoas em departamentos da própria Câmara têm. E pessoas já passaram pela minha casa, já trabalharam aqui, já tiveram cópia da chave. Então, seria muito simples e muito óbvio eu dizer: ‘Olha, eu tenho desafetos políticos, me ameaçam de morte, eu vou culpar fulano’. Mas vamos deixar as investigações seguirem”.

Quer dizer que uma deputada não troca a chave ao ocupar uma residência nova, como todos os outros parlamentares? E não, não é um local público. Para entrar nos prédios funcionais, você tem que ter a autorização do deputado e seu RG fica registrado na entrada do prédio, assim como tem dezenas de câmeras te monitorando a cada passo.

Ao G1, a deputada ainda afirma que vai processar pessoas que acusam o esposo por lesões que sofreu, e diz que é mais fácil ela agredi-lo. O médico também se defendeu, por meio de coletiva de imprensa neste domingo (25/07), ao lado dela, e afirmou que está colaborando com as investigações da Polícia Legislativa.

Já em entrevista para José Luis Datena, Joice disse que “algum tempo atrás, um segurança encontrou um maço de cigarro no apartamento, mas não deram bola” mesmo que ninguém seja tabagista em sua residência. Logo depois, outro segurança “encontrou indícios de que alguém esteve no apartamento”, mas também não foi motivo de alarme.

Uma pessoa que é constantemente ameaçada como ela diz que é, encontra em seu apartamento, cigarro e pegadas, mas não se preocupa? Em que mundo ela vive?

Na mesma entrevista ela frisa que somente o segurança Cristiano tinha a chave do apartamento. Ora senhores, na sexta-feira ela disse que diversas pessoas tinham a chave. Afinal, quem tem a chave do apartamento?

A parlamentar disse, ao site Poder 360, no domingo (25/07) que irá processar quem está divulgando “informações falsas” sobre a suposta agressão que sofreu. Uma das autoridades citadas por ela é o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno. Joice também citou o cantor Roger Moreira e a apresentadora Antônia Fontenelle.

Triste fim. Essa, nem Freud explica.

Publicado originalmente na Revista A Verdade.

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Camila Abdo

Jornalista da equipe A Verdade

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