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Mudança de paradigma (neofacismo global e a guerra brasileira)

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Esqueçam direita vs. esquerda. Tal dicotomia conceitual e analítica, que diagramou o século XX, não explica mais nada da realidade atual. O buraco é mais fundo. E apavorante!

O embate no mundo de hoje não se dá entre capitalismo e socialismo, mas entre república (aqui entendida como regime político de preservação das liberdades fundamentais, do estado de direito e do interesse coletivo) e crime organizado – que não tem coloração ideológica e tampouco se encaixa em regramentos democráticos tradicionais.

Uma onda global de totalitarismo invade o planeta em pleno século XXI, ameaçando as duras conquistas civilizatórias auferidas pela humanidade no ocaso do último milênio: democracia, direitos humanos, liberdades fundamentais, estado de direito, etc.

O problema é que o neofascismo ascendente ressurge sob a capa enganosa de “democracia”, iludindo e manobrando, preferencialmente, as novas (e inadvertidas) gerações, alienadas em seus falazes e rasos smartphones – em que a informação (ou desinformação) é confundida com conhecimento – e desavisadas quanto ao trágico passado histórico e suas árduas e pedagógicas lições.

Para esses artífices do “admirável mundo novo”, democracia (mero “artifício burguês”) não é para ser respeitada, mas usada (em benefício próprio); não para ser cumprida, mas manipulada (em favor da conquista e preservação do poder).

Os representantes da “nova ordem” raptaram o significado clássico do conceito para transformá-lo, ladinamente, no seu extremo oposto, desorientando corações e mentes, numa orquestrada operação midiática sustentada, diuturnamente, por redes de comunicação e propaganda, sócias remidas do degenerado e astucioso empreendimento.

A tática é, justo, acusar os outros daquilo que os seus protagonistas, na verdade, são: fascistas, genocidas, golpistas, ditadores, racistas, preconceituosos, obscurantistas (etc., etc.) – confundindo os intelectos menos precavidos com artimanhas simuladas e intencionalmente espetaculosas.

Amoral e pragmático, o crime organizado não trafica o poder com ideologias ou utopias – aos moldes “progressistas” e “românticos” do passado –, mas com pecúnias e compensações – anunciando a morte e sepultamento do devoto e sincero “classicismo revolucionário”.

Trata-se de um ambicioso e irrefreável “bloco de poder”, de tessitura transnacional, que não está para “passatempos” (“eleições limpas”, “representatividade popular”, “legitimidade governativa”), nem para “brincadeiras” (disputas nos limites da lei). Age com furor e virulência, sempre que necessário, expondo-se, sem comedimentos, à luz do dia em seus arbitrários, nítidos e desenfreados propósitos.

Em sua lógica de poder, “eleições não se ganha, se toma” – para o que tudo, absolutamente tudo (sem qualquer peso na consciência) se torna “válido”, justificável: da corrupção sistêmica ao arbítrio ou casuísmo judicial; da fraude eleitoral ao assassinato seletivo.

Adeptos do “pensamento único” e da “ética” do “politicamente correto”, autoproclamam-se os donos da Razão e da Verdade e, portanto, “curadores”, em última instância, da sociedade – contra quem os adversários não passam de ignorantes desprezíveis e desalumiados desafetos.

Funcionalmente, o poder imperial da grana interdita, ancorado no narcotráfico, em grandes grupos econômicos (financeiros e tecnológicos) e em regimes políticos ditatoriais, compra e promove, em cada local (países e regiões), os seus respectivos agentes e colaboradores, preferencialmente situados nas cúpulas e entranhas dos aparelhos estatais e dos veículos de comunicação de massa (ou a esses alçados): políticos, governantes, juízes, procuradores, advogados, intelectuais, jornalistas, artistas – e demais convenientes “passistas”.

Assim, no Brasil hodierno – como, de resto, nos demais países (a exemplo das Américas) –, nada se dá por acaso. Tudo, ao contrário, apresenta-se limpidamente concatenado ao enredo-padrão do aguerrido roteiro “globalista” e de suas ordinárias e contumazes urdiduras (só não vê quem não quer): a reação e o desmonte da Operação Lava Jato; a perseguição acirrada ao Governo Bolsonaro (outsider do esquema); a soltura de Lula sem julgamento do mérito de sua condenação (com resgate casuístico de seus direitos políticos); a impunidade generalizada aos crimes de colarinho branco; a venda delituosa e desvairada de sentenças judiciais; a resistência ao aperfeiçoamento e transparência do sistema de auditagem das urnas eletrônicas; o faccioso e indecoroso ativismo político do STF e do TSE; o choque programado e proposital entre Poderes da República; o impenitente e próspero arbítrio judicial; a imoral e antirrepublicana degeneração das Casas Legislativas e do sistema partidário; as CPIs estapafúrdias e artificiais; o menosprezo e desacato ao pacto constitucional e suas cláusulas pétreas; a censura seletiva das redes sociais e de adversários políticos; o jornalismo tendencioso e militante; o terrorismo midiático e politização da pandemia; os permanentes conluios, bravatas e maquinações de toda espécie – batalhas de uma mesma e única guerra!

As oligarquias cleptocráticas que, ainda hoje, dominam a maioria dos espaços decisórios do país (estatais ou não) são elites diretamente financiadas pelo crime organizado e, dele (não do povo ou da nação), representantes ativas.

As exceções (que existem!) confirmam a regra.

É nesse diapasão (e com esse “espírito”) que parte significativa dos projetos de lei, acordos políticos e inquéritos e sentenças judicias é arquitetada e executada no país – institucionalizando-se, por consequência, sob o rótulo da “legalidade” (e sem qualquer pudor), o crime e o arbítrio.

A “guerra brasileira”, portanto, reflete um quadro mais amplo e dramático da cisão global atualmente em consumação; só que, agora, em níveis paraestatais e ideologicamente irrelevantes. É como se fosse, por analogia, outra “Guerra Fria” (entre dois grandes blocos antagônicos), apenas que em diferenciados moldes e estratagemas e metamorfoseadas e menos evidentes motivações.

É o crime, ipsis litteris, e não mais a ideologia, tout court, que aspira ao poder planetário – contra o qual, uma vez triunfante, não existirá mais a quem (ou a que) recorrer.

Sim: a democracia e a república estão em perigo – e, com elas, a liberdade e a civilização (nas exatas fôrmas da profecia de Orwell). Talvez resida aqui a significação máxima e a substância axial do que se poderia denominar de Terceira Guerra mundial – ao que tudo indica, já em curso!

Alex Fiúza de Mello. Professor Titular (aposentado) de Ciência Política da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Ciência Política (UFMG) e Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP), com Pós-doutorado em Paris (EHESS) e em Madrid (Cátedra UNESCO/Universidade Politécnica). Reitor da UFPA (2001-2009), membro do Conselho Nacional de Educação (2004-2008) e Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Pará (2011-2018).

Quebraram as nossas pernas!

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