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A expressão da razão espionada pela emoção. Por quê?

Você, meu leitor, não conhece Lizzie Velasquez? Então eu tenho o prazer de apresentá-la

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Porque este é o exemplo que incomoda, realiza e ensina. É a Razão! Você pode escolher.

É possível - e tão fácil - não percebermos a força da verdade que nos habita reconditamente? Sim e não, talvez! Lizzie a descobriu, a decifrou. E mais, a colocou no seu uso e aumentou divinamente o seu patrimônio e estética moral. Agora, com doçura e generosidade ensina-nos a usá-la. Poucos sabem fazer aflorar com magnificência esplêndida e absoluta essa força voraz e adormecida, desconhecida - ou ignorada - como faz essa jovem. Impossível não envergonhar-me de minha pequenez, minha mesquinhez, essa atrevida limitação que insiste na minha ancoragem, ao deparar-me com a existência dessa energia intensa e pulsante que todos possuímos e consentimos acomodá-la no segundo plano. E, justamente, nos chega revelada através da fonte mais improvável de sabedoria, vigor e humildade; pois, assim me parece ser Lizzie Velasques. Não se permita conceder a esta força-verdade um sono longo. Reaja.

Você, meu leitor, não conhece Lizzie Velasquez? Então eu tenho o prazer de apresentá-la: assista ao vídeo e entenderá melhor as minhas considerações. Clique aqui.

Lizzie se diz palestrante motivacional. Talvez assim ela o prefira, talvez ela assim se veja. Eu não. Lizzie, ao meu sentir, representa um valor muito maior, algo imensurável, intangível, um patrimônio, uma riqueza que há muito tempo se transforma e se amolda de forma torta ou direita, dependendo da perspectiva que se queira adotar para precificá-la; se é que é possível atribuir preço a tal bem. Prefiro o substantivo "apreço" para referí-la, sobretudo porque Lizzie se faz merecedora de qualquer avaliação positiva.

Não pensem açodados que me rendi a doença de Lizzie, não! Não pensem que me enchi de pena por sua deficiência física. Essa deformação impressiona, é fato, mas, não tanto quanto a deformação moral, que é avassaladora, destrutiva, corrosiva do ser, da alma e do espírito; essa forma anormal nativa que inclina o homem ao rastejo, que desliza-o pela lama mais lodaçal com tal veemência e força e, o transforma num ser subterrâneo.

A "deformatio" de Lizzie é meramente estética porque foge longe do que temos por natural, aceitável, ambicionado, belo, bonito, atraente, "sexy", excitante e desejado. Essas são, minimamente, as virtudes físicas que esperamos encontrar nas pessoas, para nos identificarmos com as pessoas, para nos relacionarmos com as pessoas, ao menos, no primeiro momento. Somos desejosos daquilo que reputamos atraente. Queremos fruir a beleza, gozar dela e desfrutá-la e, se possível, ter a sua posse. O doce embrulhado em papel, tanto quanto mais bonito e perfeito o embrulho for, mais gostoso nos parece. Nos levamos pelo olho cego e curto que não vai além da embalagem, na maioria esmagadora das vezes. Somos deformes também. Levamos algum tempo para enxergar o que está à nossa frente - e alguns jamais veem. O juízo precoce nos é ensinado desde a tenra idade. Cuidado! Se é preto não presta, se é homossexual é promíscuo, se é paralítico ou débil é imprestável, se é feio é secundário, se é pobre é inviável, e por aí vai. Perseguimos, em mente, desde jovens, só os retos, os sábios, os lindos e os ricos; só os que detêm "pedigree". Porém, graças, a vida é a melhor escola e a idade a melhor graduação. Com o tempo vamos aniquilando essas ignominias, afastando-se delas e, com o amadurecimento da mente e da alma, vamos, pouco a pouco, lentamente, em marcha gradual nos aproximando do ser verdadeiro. Nosso olhar já não é tão cego ou curto, já tem alguma clareza, o embaçamento vai se diluindo, vemos o ser. É chegada a era da Razão.

Esse sentido singular do homem, esse conjunto de faculdades intelectuais atinente exclusivamente aos seres humanos, essa inteligência e essa compreensão, nos remete ao cimo da vida no planeta. Essa razão que nos distingue doutros animais e nos eleva, também se faz capaz de nos destruir. A razão desprovida de lógica é tão maléfica quanto à sua total ausência. Não existe razão onde não caiba coerência. Os fatos e as ideias hão se de ser conformes a fim de se estabelecer a coerência fundada na razão. Nesta equação quase matemática tem-se o resultado verdadeiro e real. Ele se insere no conjunto dos Reais (como se pudesse dize-lo se estivesse falando da aritmética). Quando a razão não prevalece é porque um ou mais fatores dessa equação é nulo. É indício de erro grave de avaliação. É preciso, é necessária uma reavaliação, reordenar as lógicas e as sequências, reestabelecer critérios e paradigmas, revalidar os padrões. Tal como a matemática, a vida não permite resultados incorretos sem castigo; eles precisam, ao menos, caber num intervalo verossímil e aceitável, assim, são passíveis de indulgência, ao menos da vida, nem sempre da matemática. Foi o que fez Lizzie; reavaliou, reordenou lógicas e sequências, reestabeleceu critérios e paradigmas, revalidou padrões. Fez-se feliz; criou a sua equação perfeita. Ao seu lado e à sua frente seguem pessoas felizes, porque decifraram a equação. Mas, desgraçadamente atrás, vêm aqueles cegos e curtos; aqueles que sugerem que Lizzie se mate, aqueles que debocham e troçam da aparência anormal de Lizzie, aqueles que ainda a repudiam e mandam-na para longe deles, porque a fealdade é grosseira, nojenta, pegajosa, infecciosa. Tornarão pois, a revê-la, ela já se aproxima do cimo e, quando chegar a hora, terão de vergar o pescoço e escorregar o olhar para cima afim de enxergá-la. Não percebem isso esses rasteiros? Enquanto a feia Lizzie se revelou pragmática na lida com os obstáculos que lhe opuseram, seus carrascos - de almas feias - seguem felizes e idiossincráticos pois, não estimulam sua razão para livrarem-se desse entusiasmo pernicioso e nocivo e do destempero que os impede de entender e de influenciar-se positivamente por aquilo que lhes é alheio e repugnante à vista curta e cega. Lizzie segue vencedora; mais um "round".

JM Almeida

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JM Almeida

João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas. 

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