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Dialeto não-binário ou linguagem neutra, um desacato à língua portuguesa

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Pessoas não-binárias são aquelas que não se identificam com nenhum dos dois únicos gêneros - masculino e feminino – ou se reconhece em ambos.

Sob esse prisma, criou-se um dialeto; uma série de variações de pronomes e de palavras utilizadas para o reconhecimento dessas pessoas, isto é, o dialeto não-binário, linguagem neutra ou inclusiva. Ocorre que essa linguagem pode ser muitas coisas, menos inclusiva.

Pronomes como ‘elx’, ‘todxs’, por exemplo, estão sendo usados em empresas, em escolas com o intuito de incluir o público não-binário. Porém, esse vocabulário inclui somente esse nicho, excluindo os surdos que se comunicam por meio da leitura labial, os cegos que utilizam um software que abarca o português (configurados de acordo com a norma padrão) e atrapalha as pessoas que têm dislexia. Além disso, a norma padrão da língua portuguesa já inclui o gênero neutro.

No latim, língua paterna onde se deriva o português, o espanhol e o francês, existe o gênero masculino, o feminino e o neutro, que era definido pela escrita com a terminação em ‘U’. Quando o latim deu origem ao português, esse gênero neutro foi incorporado pela variação masculina – antes ‘elu’, agora ‘ele’.

Dessa forma, quando se diz ‘boa noite a todos’, o pronome indefinido variável ‘todos’ refere-se ao público masculino e feminino. Percebe-se também a concepção de que a língua portuguesa é machista é uma falácia. Ela é masculina, já que temos a variação no gênero feminino ou bigênero como a palavra ‘criança’.

A França, país progressista, aboliu o uso da linguagem neutra em escolas. Segundo o Ministério da Educação, essas “armadilhas artificiais” atrapalham o aprendizado dos alunos e prejudicam as pessoas com deficiência mental. A Academia Francesa classifica essa reforma imediata da língua como uma “injunção brutal, arbitrária e descoordenada, que ignora a ecologia do verbo”.

No Brasil, tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei que veda o uso da linguagem neutra nas escolas, em documentos oficiais, em editais de concursos públicos e em ações culturais, esportivas, sociais ou publicitárias. A justificativa é taxativa como deve ser: desacata a língua portuguesa, nosso patrimônio cultural.

Foto de Nathália Fernandes

Nathália Fernandes

É formada em Jornalismo e Letras.

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