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Fux tem medo da luz, não de Bolsonaro ou de Mendonça

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Mal tomou posse o novo ministro do STF, André Mendonça, o medo tomou conta da corte.

A sua sabatina - todo mundo viu - foi um drama. Ele foi questionado sobre sua fé religiosa, se saberia separar fé e direito, religião e Constituição. Respondendo, disse ele: “Na vida, a Bíblia, no Supremo a Constituição”.

Só que aquele medo já existia. O medo veio com a posse de uma outra pessoa em um outro cargo. Bolsonaro disse que iria indicar um ministro terrivelmente evangélico (entre aspas). Agora, o ministro Fux já deu o seu recado: a corte não admitirá introjeção de valores evangélicos extremos em suas decisões. Isso ele falou em entrevista ao Estadão.

Medo ou preconceito? Vamos começar com preconceito. De medo falo ao final.

Não há nada de errado em não querer que extremismos tomem conta do Poder Judiciário. Não só do Poder Judiciário, como também de qualquer outro poder. Radicalismos não podem fazer parte de uma democracia, sendo peculiar a regimes totalitários.

O grande problema é quando algo normal passa a ser visto como radical ou quando radicalismos deixam de ser observados em si próprios, somente vistos nos outros. Foi o próprio Barroso, outro ministro do STF, que falou que a verdade não tem dono. Enquanto isso, a mentira tem, ele mesmo disse. E a hipocrisia, tem dono?

Ou seja, o problema é ver o normal como radical ou extremo.

Por acaso, a humanidade perdeu o bom senso, o senso de medida? Acho que sim, lamentavelmente, e as vozes conservadoras de, como dizia Platão, uma justa medida, um justo meio, tendem a enfrentar todo um coletivo idiota e sem qualquer pensamento público. O público, para a ética do igualitário, se confunde com o particular, o individual, de grupos, não sendo um querer comum. Ou melhor, despreza o interesse comum.

Então, o problema é saber o que é normal e o que é radical ou extremado. Este é o grande problema em toda democracia, acertar o alvo, colocar em prática os direitos de cada um. Acertar o ponto.

Querem apostar uma coisa? Eu aposto que Fux achará radicalismo o que é exatamente o normal para conservadores. Duvidam? E não só Fux, como todo o Supremo Tribunal Federal, engajado no coletivismo cego por uma ética humanitária.

Eu confesso, sou pessimista. Considerando as decisões progressistas do STF sobre temas polêmicos como aborto, gênero, etc., defender a vida, a família, o cristianismo, mais dia menos dia, serão apenas coisas e não valores a serem heroicamente defendidos e encaixará no “radical” de Fux. Pensando bem, não sei se é pessimismo ou realismo, pessimismo ou precaução.

O Estado laico, defendido por Fux e seus comparsas materialistas, não pode se confundir com Estado ateu. Ateísmo não combina com a Constituição, que já no seu preâmbulo valoriza a proteção de Deus.

A luta é contra uma sociedade dodói, do mimimi, do narcisismo, que não aceita o pluralismo, ideias contrárias, principalmente quando estas ideias vêm de conservadores e religiosos. Os ministros são materialistas, idealistas, todos eles, ao menos é o que se vê das decisões que tomam conta de nosso noticiário.

Então, o que parece vir na contramão do ideal progressista vai ser taxado como extremo. E isso é preconceito. Isso é cristofobia.

Certa vez, Stephen Hawking afirmou que “A religião é um conto de fadas para pessoas com medo do escuro”. John Lennox deu-lhe uma resposta certeira: “O ateísmo é um conto de fadas para pessoas com medo da luz”.

Com relação ao ministro Luiz Fux, o seu medo da luz é tanto que ele não vai conseguir controlar o seu preconceito. Não vai! Nem ele nem a trupe do supremo materialismo.

Sérgio Mello. Defensor Público no Estado de Santa Catarina.

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