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Assegurar a impunidade virou sinônimo de fazer justiça: O que está acontecendo? O que esperar?

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Pessoas de bem, intelectualmente honestas e conscientes, que notam o que vem acontecendo nas democracias pelo mundo (Austrália, Áustria, Itália, Alemanha, Holanda, Canadá, EUA, Brasil...) e conseguem manter a clareza de raciocínio preponderando sobre as reações emocionais ou instintivas, tendem a chegar a uma conclusão indutiva consensual: estamos em guerra; em guerra onde as forças armadas serão as últimas a entrarem em ação. Enquanto isso, vale tudo por parte dos inimigos. No caso do Brasil, especificamente, a judicialização da política e da vida como alimento do ativismo judicial delinquente, por meio de narrativas vazias, principiológicas, estapafúrdias, politicamente corretas, veladamente golpistas, retoricamente comoventes de incautos, não tem limites.

A ousadia institucional ocorre, ao menos, por duas razões. Primeira: não há vácuo do exercício do poder. Se Congresso Nacional pactua com os agentes da injustiça por motivos óbvios e intuitivos, e se o chefe de Estado e as Forças Armadas - que sabemos estarem ao lado do povo, das liberdades e da Constituição - vêm aceitando a corrosão do Estado de Direito e a implantação de "democracia" totalitária pelo sistema de "justiça" e por seus comparsas, previsível que os avanços totalitários continuem e, assim, a perplexidade tome conta cada vez mais de milhões de brasileiros que clamam por um basta.

O segundo motivo dos abusos corriqueiros e intencionais: há um "centro de gravidade", de sustentação, que invisível e constantemente garante a certeza da impunidade dos canalhas ousados, que querem porque querem derrubar o presidente da República, sob o verniz de uma pseudojuridicidade.

Robert Greene explica:

"É da natureza do poder apresentar uma fachada vigorosa, parecer ameaçador e intimidante, forte e decisivo. Mas esta demonstração externa é, com frequência, exagerada ou mesmo totalmente ilusória, visto que o poder não ousa mostrar suas fragilidades. E sob a aparência está a sustentação sobre a qual o poder se apoia - seu 'centro de gravidade'. (...) Atacar este centro de gravidade, neutralizá-lo ou destruí-lo, é a estratégia fundamental na guerra, pois sem ela toda a estrutura entrará em colapso. (...) Atingir o centro de gravidade terá efeitos psicológicos devastadores, desequilibrando o inimigo e induzindo a um pânico de dar calafrios . (...) O centro de gravidade do inimigo é onde uma ferida doerá mais, o ponto onde ele é mais vulnerável. Atingi-lo ali é a melhor maneira de encerrar um conflito definitiva e economicamente." 33 Estratégias de Guerra.

A dúvida que vem à tona: qual seria esse "centro de gravidade", capaz de fazer inimigos da Pátria oprimirem, subjugarem senão humilharem, de modo aberto, escancarado, desavergonhado ou mesmo desesperado, o presidente da República, as Forças Armadas e o povo brasileiro de bem? Simples: a ditadura linguística, semântica, moral, ideológica e sobretudo jurídica do politicamente correto.

"Críticas" passaram a significar "preconceitos"; "assegurar a impunidade" virou sinônimo de "fazer justiça"; "ministro do Supremo Tribunal Federal" equivale à espécie de "ser supremo, abaixo apenas de Deus"; "Direito" foi reduzido a "princípios", que, assim como a palavra "Constituição", na ponta da linha, materializam "vontades ou idiossincrasias de ministros". Não por acaso, a frase "ordem judicial não se discute; se cumpre" - transformou-se em algo similar ao mandamento "amar a Deus sobre todas as coisas".

Compreensível, naturalmente, essa novilingua orwelliana, essa ressignificação forçada das palavras que estamos vivenciando neste Brasil do início da terceira década do século XXI, porque, na origem de tudo (1988), vendeu-se a ideia de que a expressão "guardião da Constituição" quer dizer "dar a última palavra sempre sobre o que diz ou não a Constituição", pouco importando se as "decisões" ou "interpretações" tripudiam do dever imperioso de fundamentação.

Por isso, tanto faz se usurpam competências, destroçam liberdades fundamentais, quebram a federação, solapam pretensões democráticas, ameaçam a soberania nacional, subvertem a ordem jurídica e social, promovem o controle mental das pessoas pela imposição do medo, fomentam o caos, denotam golpe institucional por defraudamento do sistema jurídico.

E agora, depois de a lambança institucional quase que consumada? O Brasil distópico tem jeito? Claro que sim! O presidente da República, Jair Bolsonaro, volta e meia, menciona a passagem bíblica, que associa a ignorância do povo ao seu perecimento, e nitidamente vem se esforçando para conscientizar as pessoas sobre o que de fato vem acontecendo. Deixa claro que, uma das soluções eficazes, é a reação do povo, colocando os autocratas em seus cubículos. A outra solução, caso não haja a necessária - mas improvável, na minha opinião - reação popular ... Bem, prefiro deixar a bala de prata com o presidente da República: confio em seu timing e no controle que tem da situação, por mais que aparentemente grave e angustiante ela se apresente para nós. Afinal, ele não disse que sabe onde está o câncer do país, que sabe o que tem que fazer e, com a população consciente, que nós, patriotas, venceremos a guerra? A conferir.

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Renato Rodrigues Gomes

Mestre em Direito Público, ex-oficial da Marinha do Brasil (EN93), escritor (autor da trilogia Conscientização Jurídica e Política, disponível na Amazon).

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