desktop_cabecalho

O que esperar quando Influencers, blogueiros, youtubers e participantes de reality shows resolvem fazer análise política...

Ler na área do assinante

Em uma coisa, temos que dar o braço a torcer: Os sequentes escândalos da Era petista, somados à polarização ideológica que veio em seguida, fizeram com que os brasileiros começassem a prestar atenção na política.

Em um país onde o supérfluo sempre foi o essencial, pela primeira vez, por exemplo, a nomeação de um novo ministro do STF é discutida com a mesma paixão que, outrora, só era vista nos debates de boteco sobre a escalação da Seleção.

Porém, nem tudo são flores. Acostumados com a cultura de "política e religião não se discute", com pouquíssima cultura ideológica e habituados a receber informações já "mastigadas" pela imprensa, com o advento das Redes Sociais, uma parte significativa da "massa" passou a ouvir (e tomar como verdade) as "análises" dos "influencers" (seja lá o que isso signifique).

De repente, blogueiras de moda, participantes de reality shows, musas fitness, jogadores de videogame, vendedores de curso, youtubers e roqueiros irrelevantes se tornaram os "papas" da análise politica.

O problema é que, a maior parte destes "pensadores contemporâneos", não tem NENHUMA base. Atingiram o sucesso nessa nova dinâmica social, que cria celebridades instantâneas, mas são pessoas "normais", saídas do sistema educacional brasileiro (que mais doutrina do que educa). Têm um nível cultural pífio e um total desconhecimento sobre a mais rasa filosofia.

Suas análises, então, baseiam-se exclusivamente no senso comum; têm a profundidade de um pires. E talvez seja justamente esse o segredo do sucesso. Não "provocam" o espectador. Dizem exatamente o que o público quer ouvir.

Pegam uma manchete e, sem qualquer responsabilidade sobre a veracidade dos fatos, "cospem" uma opinião que é confortavelmente aceita pela "massa" (que adora pensar com "paixão"), sem qualquer pensamento crítico.

Vimos isso, claramente, com as noticiais sobre a atual tragédia na Bahia. O foco não é sobre as vítimas, ou sobre a atuação vergonhosa do governador do estado. Todas as atenções se voltaram ao Presidente gozando suas férias.

"É UM ABSURDO BOLSONARO ESTAR DE FÉRIAS, ENQUANTO A BAHIA PADECE."

Oras, em um país com 200 milhões de habitantes e proporções continentais, SEMPRE HAVERÁ ALGUMA TRAGÉDIA ACONTECENDO. Nessa época, quando TODOS OS PRESIDENTES TIRAM FÉRIAS, então, é recorrente. As chuvas causam estragos TODOS OS ANOS.

Não lembro de Dilma ser questionada por estar de férias quando aconteceu o mesmo no RJ. Não lembro de lula ser questionado por estar de férias quando SC sofreu seu maior desastre natural. E nem teria porquê. Eram presidentes, não bombeiros, socorristas ou qualquer coisa do tipo.

Bolsonaro já havia liberado recursos milionários para o estado, mas as notícias eram sobre ele sentado em um barzinho na praia, ou dançando em um barco. As manchetes estampavam as falas do governador Rui Costa, dizendo que o dinheiro não era suficiente e criticando a "ausência" do Presidente no estado. O mesmo Rui Costa, porém, há 15 dias, chamou a visita de Bolsonaro ao sul da Bahia de "ato político de campanha".

Agora, com 700 milhões liberados ao Ministério da Cidadania, para assistência às vítimas do desastre, o foco mudou para a "recusa" do Presidente à ajuda da Argentina; que se resumia a dez almoxarifes dos capacetes brancos. Nenhum socorrista, nenhum médico, nenhum suprimento. UMA DEZENA DE ALMOXARIFES.

Para qualquer observador minimamente esclarecido, fica clara a intenção do governo (esquerdista) Argentino: Se Bolsonaro aceitasse a irrelevante "doação", teriam a narrativa de que o Presidente "precisou" de socorro dos "inimigos" socialistas. Se não aceitasse, como aconteceu, teriam a narrativa de que ele recusou ajuda humanitária por não se preocupar com a vida do povo.

Em qualquer dos cenários, a narrativa sustenta a "nobreza" do ato dos "hermanos" e ataca o Presidente brasileiro.

Só que as notícias não são escritas por observadores minimamente esclarecidos, mas por militantes profissionais. Depois, são analisadas com o fígado pelos "influencers", que sabem que "lacrar" dá "likes", e repassadas ao povo, que não tem qualquer interesse em buscar um contraponto e formar uma opinião própria, por meio de "stories" do Instagram ou videozinhos do Tik Tok.

Nos últimos anos, aprendemos a discutir política. Espero que, neste ano, aprendamos a discuti-la do jeito certo. Caso contrário, é tão inútil quanto reclamar da escalação da Seleção.

Que venha 2022, que será um dos anos mais importantes da história, onde tomaremos uma decisão que impactará diretamente as próximas gerações. Que entendamos que um ano novo (e principalmente uma política nova) depende de novas atitudes.

"Alea Jacta Est." (JÚLIO CÉSAR)

Assine o JCO:

https://assinante.jornaldacidadeonline.com.br/apresentacao

Foto de Felipe Fiamenghi

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

Ler comentários e comentar