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Sob efeito da "droga da obediência" eleitores põem em risco a verdadeira democracia

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Desde as eleições presidenciais de 2018, em que o Brasil elegeu o presidente Jair Bolsonaro, apresentado pela mídia como: antipetista, antissistema, rebelde e desobediente; percebi que finalmente uma verdadeira mudança poderia ocorrer. 

Afinal, foi justamente essa rebeldia que encontrou ressonância nos mais de 57 milhões de eleitores. Foi nesse contexto inédito da política Nacional que me lembrei de um livro que havia lido na minha juventude: “A Droga da Obediência”. 

Lançado no final do Regime Militar, o livro “A Droga da Obediência (Os Karas # 1)” do escritor brasileiro Pedro Bandeira, está mais atual do que nunca. Um livro feito para jovens, cheio de aventuras e com atmosferas infanto-juvenis, cujas lições valem para todas as idades. 

Para além da imaginação do autor, recorto aqui apenas a parte que me serve a este artigo, especialmente o ponto em que o escritor questiona através da invenção da Droga da Obediência, e as implicações que isso pode ter para qualquer pessoa, criticando todos aqueles que obedecem cegamente, aqueles que não questionam ordens e aqueles que, por terem algum tipo de vantagem diante de outros indivíduos, se acham realmente no direito de a todos dominar, segregar, forçar. 

A história gira em torno da investigação de uma macabra trama internacional, conduzida pelos jovens personagens "Os Karas", que descobrem uma organização criminosa chamada Pain Control, liderada pelo Doutor Q. I., um cientista maluco que planejava dominar o mundo. O objetivo era controlar toda humanidade com o uso da droga da obediência, uma substância muito perigosa cujo efeito era a total submissão. Ele almejava transformar a humanidade em uma sociedade obediente e servil, em que um homem tem poder absoluto sobre todo o resto.

O bioquímico responsável pelo experimento testou a droga em animais que só agiam sob comando, até mesmo para comer. 

Depois dos testes com animais o bioquímico informou que a droga podia ser testada nos “loucos”, mas, o Doutor Q. I., para sua surpresa, disse que “a droga maravilhosa” estava sendo testada nos “jovens mais saudáveis que pudemos encontrar”!

A Droga da Obediência funciona perfeitamente:

“Experimentamos em pó, em comprimidos, em líquido, injetada, cheirada, aspirada e até fumada, na forma de cigarros. E os resultados foram sempre bons.” 

Aumenta o desempenho físico sem limites, de maneira que a cobaia repetia qualquer ordem sem demonstrar cansaço nem desejo de parar. Sob o efeito da Droga da Obediência, nenhuma cobaia manifesta desejo algum.

Uma vez tomada a primeira dose da droga, era necessário reforço de tempos em tempos para garantir o desempenho das cobaias.

"E essa droga maravilhosa vai abrir caminho para o nosso sonho de perfeição: a Pain Control vai transformar-se na Will Control!", disse o Doutor Q.I. 

Controle da dor. Controle da Vontade! É isso.

"Já imaginou? Já pensou no que será controlar a vontade e a iniciativa da humanidade? Já imaginou o que será uma sociedade em que nenhuma ordem, nenhuma instrução venha a ser contestada? 
Não haverá mais prisões, porque os criminosos serão readaptados pela Droga da Obediência. Não haverá mais sofrimento, nem ansiedade, nem loucura, nem dor. Não haverá mais greves, nem passeatas de protesto. Nenhum soldado jamais desertará nem se perguntará por que está sendo mandado para a guerra. 
Obedecerá e pronto! Não será mais necessário suspender uma remessa de vacinas ou de adubos para algum país onde esteja havendo uma revolução. Com a Droga da Obediência, não haverá mais o desejo de fazer revoluções. Porque não haverá mais desejos de espécie alguma. 
Só o nosso desejo, só a nossa vontade comandando a espécie humana!"

A principal mensagem que o livro A Droga da Obediência passa é que a inocência e a obediência NÃO SÃO valores a serem preservados, pelo contrário:

“Só a desobediência é capaz de transformar o mundo. A obediência só perpetua os mesmos erros de sempre”. Só o respeito pela liberdade de cada um pode garantir a sobrevivência da humanidade. 
Só o respeito pelas opiniões divergentes pode garantir o progresso. Só a desobediência modifica o mundo!"

Deixo para o leitor tirar as suas próprias conclusões e analogias sobre este recorte que fiz do livro De Pedro Bandeira.

Do meu ponto de vista está claro que vivemos, atualmente, uma crise de autoridade. 

A crise é gerada e alimentada pelos poderes da união, que em seu art. 2 diz que esses poderes devem ser independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, não podendo haver interferência nas ações de competência de outro Poder. 

O que vimos até agora é que o STF além de não respeitar o presidente (Poder Executivo), ainda autoriza prefeitos e governadores a fazerem o que bem entendem em relação a gestão da pandemia. Sob o pretexto de salvar vidas violaram os direitos mais elementares do cidadão. Sob o véu do medo fizeram outros obedecerem como seres irracionais. Controle da vontade? Controle da dor? 

O STF certamente faria uso da Droga da Obediência para calar um a um “o gado” do Chefe maior da Nação. Rasgaram a Constituição e inventaram as próprias leis. 

Aplaudidos a cada ato de violação dos direitos do povo, seguem soberanos, certos de que basta arrancar o presidente da cadeira para que se perpetuem no poder. Posicionam-se do lado de qualquer pessoa ou instituição que se declare desafeto do presidente. 

Enquanto isso, inadvertidamente, os eleitores de oposição, só por não gostar do presidente colocam em risco a democracia.

Leis que contrariam a Constituição não devem ser obedecidas. 

A obediência é uma virtude se houver aceitação consciente das ordens dadas por outros. E se essas ordens são consideradas justas.

As pessoas obedecem com facilidade quando admiram, respeitam ou amam. A obediência que vem do amor traz a força do exemplo e a certeza da melhor escolha. 

Discípulos de Cristo obedeciam a Jesus porque O amavam.

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Bernadete Freire Campos

Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.

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