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Uma análise das tendências do quadro eleitoral de 2022: Entre fatos e fakes

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A maioria das pesquisas eleitorais publicadas a partir do final do ano passado aponta a liderança isolada do ex-presidente Lula na disputa pelo Palácio do Planalto, em 2022 – quando não, a sua vitória já no primeiro turno, com ampla vantagem em relação aos demais candidatos.

Muitas dessas pesquisas, contudo, são acusadas de adulteração e facciosismo, particularmente  em razão de suas fontes hipoteticamente tendenciosas de financiamento (bancos privados,  grandes grupos de comunicação, certas corporações empresariais e profissionais, partidos de  oposição ao atual Governo, etc.), interessadas – segundo a crítica – na prévia manipulação da  opinião pública por intermédio da persuasão e do sugestionamento do voto, a exemplo de tentativa similar fomentada durante o pleito de 2018 – cujo resultado final veio a desmantelar os prognósticos artificialmente plantados, com desmoralização dos institutos envolvidos.

Verdade ou mentira, é aconselhado ao eleitor, num primeiro momento, por recomendável e  imperativa prudência, duvidar de todas as informações e estatísticas intencionalmente “ofertadas” na franqueada arena política, ao menos por três razões preliminares, de elementar  e categórica fundamentação:

1) as eleições ainda estão (relativamente) distantes e muitas ocorrências e imprevistos  poderão proporcionar significativas alterações no cenário político, a cada etapa do  circuito, subvertendo tendências de conjuntura;
2) as candidaturas ainda não estão definitivamente confirmadas e podem vir a ser  substituídas, fundidas ou eliminadas – à revelia das vontades individuais dos  pretendentes ou de suas bases de apoio – por imposição de fatores diversos ou casualidades circunstanciais ao longo do sinuoso trajeto;
3) a possibilidade de manipulação dos institutos de pesquisa é uma contingência real, a  contar das vergonhosas falsificações historicamente já sucedidas e, indubitável e  notoriamente, comprovadas.

Isso posto, cabem, não obstante, para fins de raciocínio criterioso e congruente a respeito da  matéria, algumas imputações analíticas mais aguçadas no rastreamento dos sinais em evidência como pilares de referência, tendo-se em vista uma avaliação mais realista e consistente das  tendências do quadro atualmente desenhado, pautada, basicamente, em simples observações  empíricas e mera dedução lógica, ancoradas em sintomas e acontecimentos de materialidade  exclusivamente factual, a sugerir uma revisão (ao menos parcial) das expectativas  presentemente plantadas – destoante das narrativas de conteúdo meramente subjetivista ou  do corriqueiro e unilateral proselitismo ideológico-partidário. 

Primeiramente, há de se considerar muito estranha a necessidade de aglutinação de todos os partidos, lideranças políticas e grupos empresariais de oposição, de todas as tendências e matizes ideológicos – assim como a virulência dos ataques unissonamente desferidos – contra  um candidato que já é dado, de antemão, como “derrotado”. Se assim o fosse, em verdade, Bolsonaro seria tratado, inapelavelmente, como “cachorro morto”, ou “carta fora do baralho”, sem qualquer relevância política no “mercado do voto” – e não como máximo inimigo comum, a ponto de forçar até uma compulsiva aliança entre o PT e o PSDB (outrora “inconciliáveis” adversários), como se intenta, declaradamente, no momento.

Da mesma forma, se o PR estivesse mal nas apurações de bastidores (que não são expostas, propositalmente, a público), o indubitável e vigoroso antipetismo, que permanece vivo e irrefutável em segmentos expressivos (quiçá majoritários) da sociedade brasileira (ainda alimentado pela memória da Lava Jato), já teria migrado para algum outro candidato da chamada “terceira via” – que, contudo, permanece eleitoralmente raquítica e sem sinais de evolução.

Impensável, igualmente, seria imaginar um acordo possível entre o pragmático e cobiçoso “Centrão” e o Presidente da República, caso o Chefe da Nação estivesse, efetivamente, em declínio eleitoral (como propalado pela grande mídia), particularmente no Nordeste – base e reduto tradicional da maioria dos políticos que constituem essa “federação” partidária.

Se assim decorresse, o PR já teria perdido, há muito, o apoio da maioria dos convencionais “centristas” (grande parte constituída de lideranças políticas nordestinas), que a essa altura estariam  negociando diretamente, a peso de ouro, com o(s) outro(s) virtual(is) candidatos ao trono (como  sempre o fizeram!), sem o risco de cometer qualquer suicídio político.

É fato, ademais, que, inobstante os indicadores “oficiais” das pesquisas propalados, o candidato Lula apresenta sérios problemas de aparição pública, em qualquer local ou região do país (como fartamente registrado em vídeos viralizados na internet), já tendo cancelado programações mais abertas de campanha por receio de manifestações incontroláveis de rejeição popular; ao passo que, ao inverso, o seu principal adversário, o Presidente Bolsonaro, exibe, continuamente, sinais evidentes de forte apoio popular por onde se desloca, no Brasil e no exterior (igualmente transmitidos em vídeos e filmagens), colocando em dúvida a tese de seu apregoado e suspeito “derretimento eleitoral”.

Outros sintomas e evidências poderiam ser, aqui, identicamente aludidos e acrescentados, na mesma linha de argumento – como as preferências detectadas pelas plataformas das redes sociais (número de seguidores dos candidatos e de seus apoiadores, de likes e deslikes dos  correspondentes canais de youtubers, registros de maior ou menor participação em lives dos candidatos e tipologia dos comentários postados, etc.) –, mas bastam os anteriormente já  citados para se chegar a algumas conclusões exordiais e propedêuticas, ainda que, por  enquanto, interinas e provisórias – como recomenda a ponderação analítica em política. São elas:

a) As vantagens aludidas pelas pesquisas em favor de Lula, com indisfarçável desdoiro ao desempenho eleitoral de Bolsonaro, são, probabilisticamente, inautênticas e improváveis;
b) Mantida a candidatura do líder do PT até o final do itinerário (o que dependerá de fatores conjunturais), a tendência é que a disputa se dê, irrevogavelmente, entre ele e o atual Presidente – sem chances objetivas para uma “terceira via”;
c) Ainda que Bolsonaro possa ter perdido sustentação em setores da classe média que o apoiaram nas últimas eleições – segundo afirmam alguns analistas –, em compensação há fortes indícios de seu crescimento eleitoral na região nordestina – reconhecido por experientes políticos locais –, graças ao impacto das obras de infraestrutura já  concluídas ou em andamento e ao avanço do programa Auxílio Brasil (em substituição  vantajosa ao Bolsa Família);
d) Em razão disso, já tendo obtido mais de 57 milhões de votos nas últimas eleições e,  atualmente, evolução da adesão nos principais rincões do Nordeste (onde registrou a  sua maior derrota em 2018) – com visíveis e resilientes sinais de efetiva popularidade (aparições públicas, manifestações de rua, passeatas, motociatas, etc.) –, dificilmente  Bolsonaro estaria registrando menos de 35% das intenções de voto na largada da  presente disputa presidencial (contrariando o que afirmam as pesquisas), com amplas  chances de carrear para si, ulteriormente, parte majoritária dos votos que, antipetista  por princípio, tenderá a se concentrar em outros candidatos, no primeiro turno;
e) O número de indecisos ainda é relevante e terá, por certo, impacto significativo no resultado final do pleito. Isto significa, a priori, que parcelas expressivas da população ainda aguardam alguma alternativa ao lulismo/bolsonarismo; mas, na ausência de candidaturas atraentes ou confiáveis (como parece indicar o quadro), tenderão a se posicionar, no segundo turno, em favor de algum dos candidatos em disputa – o que favorece, em princípio (em razão do antipetismo), a Bolsonaro;
f) Como as eleições terão feições absolutamente plebiscitárias, com temperatura política altamente elevada, dificilmente o voto nulo (ou a abstenção) – como insinuado por  muitos – prevalecerá sobre a participação ativa do eleitor (mesmo que a contragosto);
g) Os elevados e análogos índices de rejeição apresentados tanto por Lula, quanto por  Bolsonaro (que são reais!) se anulam reciprocamente – e só teriam impacto  eleitoralmente determinante caso houvesse um terceiro candidato em crescimento (o  que não ocorre).

Esses são, por assim dizer, os parâmetros que sugerem uma reanálise mais realista e isenta do panorama político de momento, podendo ocorrer, obviamente, alterações significativas de cenário, especialmente ditadas pelo comportamento da economia, por eventos internacionais  de grande impacto ou por imprevistos políticos de forte repercussão – além das inesperadas  “surpresas”, já programadas pelas forças em combate, municiadas por “material de guerra”  guardado para ser utilizado, taticamente, em timing apropriado.

Sim, o Brasil vive uma verdadeira guerra de narrativas, de assassinatos de reputações (até de pessoas) e de obstinadas perseguições (inclusive judiciais), que poderá descambar, no transitar de um irascível ano eleitoral, para patamares ainda mais preocupantes e violentos de manifestação coletiva, de consequências políticas insondáveis e de efeitos socioeconômicos nefastos – não excluída, aqui, uma trágica e temível crise institucional, de difícil controle e  desfecho, uma vez instalada.

Quanto a todas essas nebulosas e imprecisas possibilidades, é certo, só o tempo – com os seus  incertos e oscilantes vendavais – poderá confirmar.

O que não se pode olvidar, contudo, é que, nesse campo de guerra, as “trincheiras” são  inúmeras, assim como variadas as “munições” e complexas as duras (e espurcas) batalhas, de antemão prenunciadas – a começar pela segurança e transparência do escrutínio das urnas, hoje  sob forte e intolerável suspeita.

Em qualquer conjunção, por conseguinte, independentemente de suas cambiáveis e  inescrutáveis configurações futuras, o conselho é apertar os cintos e se preparar, com a devida  precaução e firmeza, para um front de severas turbulências que, com compulsória antecedência, já se anuncia no enevoado horizonte!

Alex Fiúza de Mello. Professor Titular (aposentado) de Ciência Política da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Ciência Política (UFMG) e Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP), com Pós-doutorado em Paris (EHESS) e em Madrid (Cátedra UNESCO/Universidade Politécnica). Reitor da UFPA (2001-2009), membro do Conselho Nacional de Educação (2004-2008) e Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Pará (2011-2018).

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