Redes Sociais e ataques pessoais, inconcebível
A Justiça tem que punir com rigor e quem for atingido deve ser indenizado
17/06/2015 às 06:10 Ler na área do assinanteServidor público federal utilizava a estrutura do órgão para ataques pessoais.
É inconcebível a utilização das redes sociais para ataques pessoais. Seja contra quem for. Ninguém é juiz de ninguém.
Não se pode tolerar postagens que tentam imputar ao ex-presidente Lula insinuações com relação a um suposto gosto pela cachaça ou por qualquer outro tipo de bebida.
Da mesma forma, também é inadmissível a utilização das redes sociais para fazer ligações do senador Aécio Neves ao consumo e tráfico de drogas.
Também é lamentável comentários medíocres sobre a sexualidade de quem quer que seja.
Pois bem, redes do Ministério da Fazenda e do Serpro, estatal responsável pelo sistema de tecnologia da informação de todo o governo federal, foram usadas para disseminar mensagens com acusações de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) traficava e consumia drogas.
As informações estão em dados entregues pelo Twitter ao judiciário de São Paulo, após processo aberto pelo tucano contra usuários do site.
O perfil do responsável pelas postagens nesses órgãos é o do chefe da divisão de "projetos e tecnologias educacionais" do Serpro em Belo Horizonte, Márcio de Araújo Benedito.
Na ação, Aécio pediu a quebra do sigilo de dados dos perfis para tentar identificar os autores das postagens.
O juiz Helmer Augusto Toqueton Amaral determinou que o Twitter entregasse os dados ao tribunal e, depois de analisar o conteúdo das postagens, autorizou o acesso dos advogados de Aécio aos dados de 20 usuários.
Ele concluiu que esses perfis produziram conteúdos que vincularam Aécio ao tráfico e ao consumo de drogas, o que daria ao tucano o direito de identificar os detratores.
De acordo com os dados entregues à Justiça, o funcionário do Serpro também usou equipamentos da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, uma organização social ligada aos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. Ele acessou as redes dos órgãos por mais de três meses e usou estruturas de três Estados diferentes: Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Brasília.
Todos os órgãos citados negaram vínculo com o caso.
Márcio Benedito nega ter feito "comentários que possam ser interpretados" como uma vinculação de Aécio ao tráfico e uso de drogas.
Notificado em setembro, ele diz que não apagou qualquer mensagem, embora publicações relacionadas nos dados entregues à Justiça não apareçam quando buscadas em sua conta.
Uma vez caracterizada sua culpa, que a punição seja rigorosa. É o que se espera.