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Depois de seguidas derrotas, Moro está prestes a tomar mais uma decisão errada

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Sergio Moro abandonou a magistratura pensando em ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Para tanto, assumiu o superministério da Justiça e Segurança Pública. Com ambição desmedida, achou que poderia derrotar o presidente Jair Bolsonaro e deixou o ministério para ser candidato de oposição ao Planalto pelo Podemos. Deu ruim!

Depois, abandonou o Podemos, que havia investido alguns milhões na sua candidatura, e foi para o milionário partido União-Brasil, para ser senador por SP. Não rolou.

Numa última tentativa, seu nome foi lançado a deputado federal por São Paulo para ser puxador de votos. Mais uma tentativa frustrada, dessa vez pelo TRE-SP que despachou Moro de volta para seu estado.

O ex-juiz parece ter compromisso com o erro e já está de olho numa possível candidatura ao governo paranaense.

Sergio Moro prepara um documento que tem sido chamado de "República do Paraná", com propostas na área de segurança pública, economia, educação e saúde para o estado.

Apesar do documento a ser formulado pela pré-campanha de Moro ser chamado de plano de governo, aliados dizem que a iniciativa não deve ser interpretada como um pré-anúncio da decisão do ex-juiz pela candidatura ao Executivo estadual.

"O plano pode servir também em caso de uma candidatura ao Senado, por exemplo", disse o presidente do União Brasil no Paraná, deputado Felipe Francischini.

A apresentação de um plano de governo, porém, é uma tarefa tradicionalmente associada a campanhas por cargos no Executivo.

O partido encomendou uma pesquisa para mapear a avaliação de Moro no estado. Os números vão dar o rumo a ser tomado na campanha do ex-ministro da Justiça.

Segundo pessoas próximas a ele, o projeto de lançar Moro ao governo do estado é mais uma intenção do partido do que um plano do ex-juiz. Mas, aliados acreditam que, ao longo da pré-campanha, o nome dele poderá se fortalecer na corrida pelo Palácio Iguaçu.

Dados preliminares da pesquisa apontam que Moro tem mais força nos grandes centros urbanos do estado e não está mal avaliado nas pequenas cidades.

Desde que foi barrado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o ex-ministro intensificou a agenda no Paraná. As viagens devem subsidiar o plano de governo a ser lançado nas próximas semanas.

Além disso, está previsto um evento do União Brasil para 30 de junho, em Curitiba, com a presença de Moro e do presidente do partido, Luciano Bivar, pré-candidato à presidência da República. A sigla tem o maior fundo eleitoral deste ano.

Pesquisas de intenção de voto indicam que, no cenário atual, o favorito ao governo do Paraná é Ratinho Junior (PSD), atual governador e pré-candidato à reeleição.

Ratinho está alinhado a Bolsonaro.

Extremamente otimistas, aliados de Moro acreditam que atualmente, mesmo sem a pré-campanha ao governo, ele já teria condição de ir ao segundo turno contra Ratinho.

A decisão do partido e do ex-juiz, porém, ainda depende dos cenários eleitorais a serem traçados nas próximas semanas. Se ele tiver mais garantias de vitória na disputa pela vaga no Senado, a preferência deve ser por essa candidatura.

Também não está descartada a possibilidade de Moro concorrer à Câmara dos Deputados para ampliar a bancada da União Brasil. Sem o ex-juiz, o presidente da sigla no Paraná afirma que o partido deve eleger cinco deputados federais no estado - Francischini ocupa uma vaga na Câmara e tentará a reeleição.

O pai dele, Fernando Francischini, é apoiador de Bolsonaro e teve o mandato de deputado estadual cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), cuja decisão foi confirmada pela Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal). A ala bolsonarista do União Brasil no Paraná tentou barrar a candidatura de Moro pelo partido, mas o presidente da sigla garantiu que o ex-juiz tem lugar garantido na eleição deste ano.

Felipe Francischini minimizou as resistências ao ex-ministro na sigla.

"A questão do Moro foi muito recente [a decisão do TRE de São Paulo]. Não houve uma conversa ainda, mas acredito que não haverá problema. Essa é uma questão interna do partido. Vai ser um diálogo entre União Brasil nacional com União Brasil do Paraná", afirmou o deputado federal.

Em eventual disputa pela vaga do Senado, Moro deverá concorrer contra o senador Álvaro Dias (Podemos), que foi padrinho político do ex-juiz no período em que ele esteve no Podemos.

Vamos aguardar para ver se dessa vez é para valer ou será outro tiro na água do ex-heroi. 

Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

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