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O flagrante de uma conversa cheia de surpresas com um eleitor de Lula

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Saindo ontem de um shopping na Barra preferi pegar um taxi em vez de chamar um Uber. Aconteceu então o improvável: conheci um taxista eleitor do Lula. Primeira vez que acontece. Ele reclamou do preço da gasolina e o assunto chegou rápido na política. Era um carioca sorridente e bem falante.

—  Vou de Lula mesmo! Porque ele foi pobre e se preocupa com os pobres. Ele roubou? Roubou. Mas que político não é ladrão? Pelo menos na época dele eu tinha picanha na grelha e cerveja na geladeira.

Eu concordei sorrindo amarelo. Tem coisa que não vale a pena explicar. Mas o sujeito estava mesmo a fim de falar de política. Se virava a todo instante pra conversar.

— E o senhor, vai votar em quem? Ó, não tenho nada contra Bolsonaro. Fica tranquilo. Cada um vota em quem quiser. Eu só acho o Lula melhor.

Então não resisti. Quem me conhece sabe como reajo nessas horas. Não se mexe com roteirista. Eu sempre aproveito esse tipo de situação pra usar tudo que aprendi com atores.

— Vou de Lula também, claro.
— Aí, tamo junto!
— Até porque eu não quero ser preso de novo.

O sorriso sumiu do rosto do sujeito. Eu continuei olhando a janela como quem não quer conversa.

— Você já foi preso, cara?  Por quê?
— A Lava-Jato aqui do Rio me pegou. Perdi quase tudo.

O semblante do cara mudou MUITO. Fingi ficar sem jeito.

— Mas ó, eu não sou corrupto não. Eu tinha uns esquemas aí com o Pezão, mas era tudo legal. Foi aquele filho da puta do Bretas que implicou comigo e fudeu minha vida. Botei tornozeleira e tudo. Gastei uma nota com advogado, mas me livrei. 

Ele me olhava cada vez mais ressabiado.

— Eu só me ferrei porque minha empresa prestava serviço de limpeza predial pro governo. Só com o Cabral ganhei três licitações. Meu escritório fica ali no Centro Empresarial pra onde a gente está indo.

Na verdade eu estava indo para a minha endocrinologista. Mas disfarcei bem. Voltei rápido ao personagem:

— Eu só sei, meu senhor, que eu ganhei MUITA grana na época do PT e do Cabral. Muita! Saudade é pouco. Lula tem que voltar!

O sujeito não sabia se acreditava ou não. Melhor assim.

— Empresa de limpeza dá dinheiro assim é?
— Negócio com governo sempre dá. Mas com o governo certo, não com esse lixo do Bolsonaro. Nos governos do PT eu comprei minha casa em Angra e cheguei a ter dois Q7. Agora só me sobrou a casinha de Mangaratiba. Se não fosse Lava-Jato eu tava bem até hoje. Tive que passar terreno pra nome de sogra morta, carro pra cunhado, transferi apartamento pra filho, foi uma merda federal.

Gostaria de ter fotografado a cara do sujeito.

—  Se o Lula ainda fosse presidente, ninguém tava preso. Ninguém. Nem o Cabral! Quem estragou foi a Dilma. Mas Lula voltando em outubro, acaba esse governo de merda que está aí, e tudo volta a ser como era. Graças a Deus! Tenho tudo planejado já. Sem Lava-Jato e com o Bretas pianinho, eu recupero tudo: casa, iate, lancha, e até as mulherzinha que eu pegava antes.

Eu ri quando disse isso, mas sozinho. O sujeito fechou a cara. Chegando ao destino, eu o cumprimentei:

— Em outubro é nós com Lula, cara. Você vai ter de volta suas picanhas e eu meus barquinhos. Tamo junto!

Ele sorriu sem saber ainda se acreditava. Pouco importa. O recado estava dado. Claro que não devo ter mudado o voto do sujeito. Mas se o fiz se tocar por dez segundos o quão otário ele estava sendo como eleitor, já valeu a pena.

Paulo Cursino

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