Sergio Moro é o homem que está abalando as estruturas institucionais do Brasil.
Cumprindo nova determinação do magistrado paranaense, a PF cumpre desde a madrugada desta sexta-feira (19) a 14ª fase da Operação Lava Jato. São 59 mandados judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Esta fase da operação, chamada de "Erga Omnes", tem como alvo as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez.
Em despacho sobre as prisões, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na 1ª instância, afirma o seguinte: "Considerando a duração do esquema criminoso, pelo menos desde 2004, a dimensão bilionária dos contratos obtidos com os crimes junto a Petrobrás e o valor milionário das propinas pagas aos dirigentes da Petrobrás, parece inviável que ele fosse desconhecido dos Presidentes das duas empreiteiras, Marcelo Bahia Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo."
Os executivos são suspeitos de crime de formação de cartel, fraude em licitações, corrupção de agentes públicos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Ao todo, foram emitidos 12 mandados de prisão.
Odebrecht
Marcelo Odebrecht, presidente, prisão preventiva
João Antônio Bernardes, ex diretor, prisão preventiva
Alexandrino de Salles, prisão temporária
Cristiana Maria da Silva Jorge, consultora, prisão temporária
Márcio Faria da Silva, prisão preventiva
Rogério Santos de Araújo, prisão preventiva
César Ramos Rocha, prisão preventiva
Andrade Gutierrez
Otávio Marques de Azevedo, presidente, prisão preventiva
Antônio no Pedro Campelo de Souza, prisão temporária
Flávio Lúcio Magalhães, prisão temporária
Elton Negrão, prisão preventiva
Paulo Roberto Dalmazzo
O juiz federal Sergio Moro disse ainda na decisão que determinou a prisão de executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, que mesmo após a deflagração da Operação Lava Jato, em março do ano passado, as empresas não fizeram nada para mudar a suspeitas sobre pagamento de suborno.
"Não há registro de que os dirigentes das duas empreiteiras, incluindo os presidentes, tenham tomado qualquer providência para apurar, em seu âmbito interno, o ocorrido, punindo eventuais subordinados que tivessem, sem o conhecimento da presidência, se desviado".
O magistrado diz que isso "é indicativo do envolvimento da cúpula diretiva e de que os desvios não decorreram de ação individual, mas da política da empresa".
O juiz Sergio Moro além de homem corajoso é, sem dúvida, um grande especialista em lavagem de dinheiro. Seu livro Crimes de Lavagem de Dinheiro (2011) é uma referência nacional na área.
Moro pode ainda ser apontado como uma das personalidades mais respeitadas e comentadas do país, na atualidade.
Casado e pai de dois filhos, Moro nasceu na cidade paranaense de Maringá, onde estudou direito antes de completar a sua formação na Universidade de Harvard (EUA). Doutor em Direito, juiz desde 1996 e também professor universitário, Moro se especializou em crimes financeiros e cursou um mestrado prático no caso Banestado, um processo judicial desenvolvido entre 2003 e 2007, que levou à condenação de 97 pessoas pelo envio ilegais de divisas ao exterior de vários bancos brasileiros.
Um dos condenados foi justamente o doleiro Alberto Youssef, transformado hoje um elo crucial no caso da Petrobras.
O perfil do juiz Moro, segundo pessoas próximas, é de um homem teimoso, reservado, técnico, frio (embora educado), extremamente competente, razoavelmente distante dos olhares da imprensa e sem medo de enfrentar figurões.