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Quando a natureza quer fazer um homem

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“Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo”. (Confúcio).

Apresento-lhes o poema de Angela Morgan (1875-1957), escritora, poetisa e jornalista americana. Intitulado “WHEN NATURE A MAN” ou "Quando a Natureza Quer Fazer Um Homem", desde que foi publicado, serviu de inspiração a todos os homens e mulheres que tem um ideal, que acreditam na Verdade, no Belo e no Bem.

O poema, nesta tradução, é dividido em 5 partes.

Na primeira parte a poetisa nos mostra a Natureza divina e seu querer, induzindo e mostrando ao homem escolhido as regras do jogo e o que ela faz ao escolhido.

Na segunda parte ela, a Natureza, sem o homem compreender porque está passando por tanto sofrimento, o incentiva a não desistir.

Na terceira parte a Natureza explica que todos esses desafios são para fortalecer o caráter e a alma do homem designado. A crueldade dos desafios são cada vez maiores. A Natureza se diverte com o pobre escolhido.

Na quarta parte a Natureza, finalmente, pede que o homem faça uma opção.

Na quinta parte, feita a escolha, a Natureza entrega o Homem que ela teceu para que ele sirva de exemplo nos momentos de crise da vida humana. Um Homem que não fugiu aos deveres e que forjou o caráter na luta pelo bem, pelo progresso, pelo belo, sem jamais se vitimizar.

Que o poema de Ângela Morgan possa servir de inspiração a você, a seus filhos, a sua família, no dia seguinte da Convenção de Jair Bolsonaro para comandar a nação pela segunda vez:

QUANDO A NATUREZA QUER FAZER UM HOMEM

                                        

                  I
Se a Natureza quer fazer um Homem/ E eletrizar o coração de um Homem,
E adestrar à força quer, um Homem, / Se a Natureza quer treinar um Homem
Para cumprir uma genial missão;/ E quando quer, de todo o coração,
Criar um Homem tão ousado e grande/ Que a sua fama ao mundo inteiro mande

                                                          - Observai os seus métodos e caminhos!

 Como coroa sempre com espinhos/ Aquele com quem ela simpatiza;
Como o desbasta e como o martiriza, / E a poderosos golpes o converte
Num esboço de argila que diverte/ Somente a Natureza que o compreende
          - Enquanto o torturado coração / Aos céus levanta a suplicante mão!
Quando o seu bem a Natureza empreende, / Como o abate, sem jamais quebrar,
Como se serve do que vai sagrar! / Como o derrete e não o deixa em paz,
E com que artes ela sempre o induz/ A apresentar ao mundo a sua luz...                                
                                 A Natureza sabe o que ela faz!
                                                            II
Se a Natureza quer transformar um Homem, / E se deseja sacudir um Homem,
E se pretende despertar um Homem;/ Se a Natureza quer fazer um Homem
Que, no futuro, cumpra-lhe o decreto;/ Quando ela tenta, com habilidade,
Quando deseja e quer, com ansiedade,/ Fazê-lo vigoroso, são, completo,
                                 Com que sagacidade ela o prepara!
Como o aguilhoa com a sua vara, / De que maneira o amola e como o enfeza
E o faz nascer em meio à pobreza.../ Com desapontamentos sempre punge
O coração daquele que ela unge;/ Com que sagacidade ela o esconde
E oculta, sem olhar ao menos onde,/ Soluce, embora o gênio, desprezado
E seu orgulho guarde esse passado!/ Manda-o combater mais arduamente,
Fá-lo tão solitário que somente / As mais altas mensagens do Senhor
Consigam penetrar a sua dor/ É assim que a Natureza lhe clareia
Da hierarquia a impenetrável teia./ E embora ele não possa compreender,
Dá-lhe paixões ardentes a vencer!/ Como impiedosamente ela o esporeia,
Com que terrível entusiasmo o fere/ Se acaso, acerbamente, ela o prefere!
                                                           III
Se a Natureza quer nomear um Homem,
E se ela quer dar fama para um Homem,
E se ela quer domar, acaso, um Homem;
Quando ela quer dar brio para um Homem
                             - Executar missão quase celeste,
Quando ela tenta o seu supremo teste/ Que há de imprimir a inconfundível marca
                             - No que há de ser um Deus, ou o Monarca
Quanto o dirige, e quanto que o refreia, / De modo a que seu corpo mal contenha
A inspiração ardente que o incendeia;/ E a sua ansiosa alma se mantenha
Sempre anelante por um sonho esguio! / Engana com ardis sua esperança,
Lança-lhe no rosto novo desafio, / No instante em que ele o alvo quase alcança
Faz uma selva - que limpar lhe custe;
Faz um deserto - para que se assuste,
E para que ele o vença, se capaz...
                            -  Assim a Natureza um Homem faz!
                                          IV
Então, para provar a sua ira, / Uma montanha em seu caminho atira -
E põe amarga escolha a sua frente:
                           - "Sobe ou perece!", diz-lhe, sorridente.
Meditai no mistério da Intenção!
Da Natureza o plano é tão clemente: Se compreendêssemos a sua mente!
Os que a chamam cega, tolos são, / Pois com o pé sangrando e lacerado
É que o Espírito sobe, descuidado, / Com entusiasmo e com vigor dobrado,
Esses caminhos todos, que ilumina/ Com essa força ativa, que é divina;
E do ardor maneja a espada de aço, / Para enfrentar o peso do fracasso;
E mesmo na presença da derrota, / Inda esperança em seu olhar se nota!
                                                 V
Eis que é chegada a crise! / Eis o grito que está a pedir um Chefe ao Infinito!
Só quando o povo implora a salvação, / É que ele vem governar a Nação...
Então a Natureza diz-nos: - "Tomem:

                - EU LHES ENTREGO, FINALMENTE, UM HOMEM!!”

(“When Nature a Man” - Angela Morgan – tradução e adaptação de Marques Oliveira).

Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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