Entrevista ou farsa?

26/08/2022 às 14:54 Ler na área do assinante

“Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso”. (Bertolt Brecht).

A Globo finalmente arrancou a máscara. Até então todos desconfiavam do posicionamento da emissora, mas, nesta quinta, o Brasil inteiro, boquiaberto, assistiu a emissora dos Marinhos abrir espaço de 40 minutos para um candidato que cumpriu pena e passou 580 dias na prisão após ter sido condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, fazer um comício aos brasileiros disfarçado de entrevista.

Descondenado pelo Supremo por filigranas jurídicas, hoje disputa a Presidência do Brasil e enche de vergonha os brasileiros que ainda possuem consciência moral e querem uma representatividade limpa perante o mundo e não um ex-condenado da justiça dirigindo a nação e se exibindo como representante do povo brasileiro aos outros povos do mundo.

É isso o Brasil? É esse o tipo de representante do povo?

Isso é o melhor que temos para representar o povo brasileiro?

De forma vergonhosa os dois entrevistadores deixaram o sujeito que cometeu, junto com seu partido, o maior assalto já praticado a uma nação na história da humanidade, falar como um papagaio gabola, elencar mentiras sobre mentiras e ainda fazer promessas ao povo que foi surrupiado durante o seu governo.

Desprezíveis em suas atitudes, os dois entrevistadores levantavam as bolas para o ex-condenado cortar para todos os lados. Livre, leve e solto não foi perguntado sobre a delação de Palocci, sobre o Sítio, sobre a roubalheira junto com as empreiteiras...Entendendo qual era a proposta, o ex-tudo posou de moralista e disse, ainda, que nunca houve corrupção em seu governo.

E por tabela afirmou que a ex-Presidente Dilma fez um governo extraordinário!

Faltou ele jurar que nunca existiram 13 milhões de desempregados ao final do governo Dilma, onde ele dava as cartas. Que ele não foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva em três instâncias, julgado por nove juízes, mas em 2021 teve as sentenças anuladas por Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de entendimento de erro processual por incompetência de foro.

O país incrédulo viu e ouviu tudo. E a cara de satisfação dos dois entrevistadores era ainda mais chocante. É como se Lula e os entrevistadores dissessem:

- “Estamos falando para um bando de desmemoriados. A população brasileira não lembra nada sobre os bilhões roubados e devolvidos, sobre a Lava-Jato, sobre as propinas, sobre a roubalheira... Então podemos inventar outra realidade”.

E o que posava de entrevistado inventou.

Disse que o MST não invadiu propriedades produtivas.

E de novo os dois entrevistadores se calaram. Isto é, concordaram que nunca houve invasões em fazendas, fábricas e até no Congresso, em Brasília. Que nunca houve o MST, nem o “o Exército de Stedille” e que esse Exército estava sempre a postos para defendê-lo. Não, nunca houve isso. O MST produz para o Brasil produtos diferenciados...

Foi um apagão à moda de Stálin. Sumiram todos os desmandos e todas as roubalheiras. Nada aconteceu.

Com a emissora a sua disposição, o sujeito que quer “voltar a cena do crime”, segundo as palavras de Alckmin, seu vice, falou o que quis e o que não quis.

Não respondeu a questões que interessavam ao povo brasileiro, como os bilhões enviados a ditaduras de Cuba, Venezuela e países africanos. Não foi interrompido, ao contrário, interrompeu e fez perguntas aos entrevistadores mostrando que ele mandava ali.

Não se comprometeu com coisa alguma e ainda disse que faria surpresas ao Ministério Público.

Foi um verdadeiro programa eleitoral patrocinado por uma emissora decadente e que ainda imagina mandar no Brasil e aposta na falta de memória da população para eleger os mesmos que assaltaram a nação brasileira.

Basta relembrar as palavras de Bonner no início do programa:

- “O senhor não deve nada à Justiça”.

Não, não foi uma entrevista, foi uma farsa.

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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