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A hipocrisia dos anticapitalistas

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O peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, é um dos mais importantes escritores latino-americanos. Llosa, é autor, entre outros, de ‘Tia Júlia e o escrevinhador’, ‘Pantaleão e as visitadoras’ e ‘A guerra do fim do mundo’, narrativa que aborda a vida do beato Antônio Conselheiro, líder dos jagunços e beatas exterminados na Guerra de Canudos.

Ele expõe aquilo que mais lhe irrita nos intelectuais: a hipocrisia dos anticapitalistas que preferem passar suas férias em New York, Paris ou Londres a Cuba, ou seja, dissociar as palavras do ato, dizer uma coisa e agir de maneira totalmente diferente.

O fracasso do socialismo não depende da cultura, da época ou da localização das vítimas. O socialismo já é falho em seu núcleo: a propriedade ‘coletiva’ dos meios de produção. 

Sendo assim, não há como criar uma versão funcional e produtiva do socialismo em lugar nenhum do mundo. Na prática, os problemas teóricos do socialismo geram convulsões sociais e protestos, os quais são combatidos com rigor pelas forças policiais do estado, resultando em uma carnificina maior que a de todas as guerras oficiais já travadas no mundo.

Aproximadamente sete milhões de pessoas morreram de fome na Ucrânia apenas no biênio 1932-33. 

 Os autores de O Livro Negro do Comunismo (1999) estimam em 100 milhões de pessoas o número de mortos gerados por regimes socialistas e comunistas. Isso é mais de 200 vezes o número de americanos mortos na Segunda Guerra Mundial.

Mesmo hoje, em Cuba, o salário médio é de aproximadamente US$ 20 por mês. Na Coréia do Norte, os cidadãos são rotineiramente capturados e publicamente executados pelo ‘crime’ utilizar televisões sul-coreanas contrabandeadas para o país. E, na Venezuela, há escassez de alimentos e remédios.

Quando o povo se torna faminto e infeliz, é impossível o estado sobreviver caso esse povo saiba que há pessoas em outros lugares do usufruindo uma vida muito melhor. Por isso, os estados comunistas recorrem à propaganda, à desinformação e à censura para fazer com que uma já cativa população fique ainda mais confusa e submissa.

Por tudo isso, devo-me confessar surpreso ao ouvir clamores por socialismo em pleno 2015 — se o poderoso argumento da impossibilidade do cálculo econômico sob o socialismo e a astronômica carnificina gerada por esse regime ainda não foram capazes de desanimar a esquerda em suas reiteradas exortações por mais socialismo, então nada mais o fará. 

O socialismo é uma ideia falida e mortal, tanto na teoria quanto na prática.

Fidel Castro uma vez disse:

‘Eu acho o capitalismo repugnante. É imundo, grosseiro e alienante [...] pois ele é causa da guerra, da hipocrisia e da competição’.

O que é mais curioso nessa citação é a aparente inocência pela qual um famoso ditador socialista usa o termo hipocrisia — como se a alternativa socialista ao capitalismo fosse algo além de hipocrisia. 

Os ditadores socialistas frequentemente afirmam que a liberdade econômica é escravidão; logo em seguida, por meio de uma revolução socialista, eles submetem toda a população a uma verdadeira modalidade de escravidão. O ditador socialista diz: ‘Eu sou um libertador’.

Ele culpa o livre mercado pela pobreza e assim o aniquila para que então ele possa disseminar a pobreza em escala quase universal. 

Um político tal como Castro, prometendo alegria e liberdade, traz, no entanto, o exato oposto daquilo que promete e tem a empáfia de dizer que o capitalismo é o hipócrita.

Considere a velha piada soviética que pergunta: ‘Camarada, qual é a definição de capitalismo?’. A resposta é: ‘É um sistema onde um homem explora o outro enquanto o socialismo é o oposto’. 

A piada é aplicável a todos os países socialistas. O ditador socialista culpa o livre mercado pelos problemas do mundo. Ele então instaura uma ditadura que controla a economia, os investimentos e as oportunidades. É uma ditadura total, pois o estado toma o controle total. O que poderia ser mais ‘imundo’ e ‘grosseiro’ que isso?

E o que o socialismo causa? Considere as mortes e a destruição causadas pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (v. a obra de R. J. Rumell) ou pelo nacional-socialismo do Partido dos Trabalhadores da Alemanha de Hitler.

Não é surpresa saber que, nesse contexto, o então jovem Castro foi um admirador de Hitler que passou seu período escolar com uma cópia do Mein Kampf debaixo do braço.

Segundo Augustin Blazquez e Jaums Sutton, Castro foi apelidado de ‘o louco’ por mimetizar ‘os discursos de Hitler e Mussolini em frente a um espelho, imitando seus maneirismos por horas a fio’. Eis que podemos ver a verdadeira ambição de Castro. Ele nunca se importou com a economia. Ele se modelou pelos grandes ditadores. Ele aspirou o poder absoluto. 

Como socialista demagogo ele diz que o capitalismo é causa da guerra, da pobreza e da alienação. 

Ele então promete paz, prosperidade e amor fraterno. ‘A hipocrisia pode se dar ao luxo de ser magnífica em suas promessas’, escreveu Edmund Burke, ‘pois nunca tem a intenção de ir além delas, ou seja, algo que não custa nada [ao hipócrita]’.

Foto de Pio Barbosa Neto

Pio Barbosa Neto

Articulista. Consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará

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