Uma história triste para os servidores do Governo do Estado do Rio de Janeiro

23/12/2016 às 05:57 Ler na área do assinante

Tenho certo pânico com o Natal. Em especial Natal nas redes sociais. Sempre tem aquela história supertriste, lastreada por sentimentos e ações edificantes rumo ao comovente final feliz... Tudo para desejar um Feliz Natal. É um clichê válido, admito. Mas, dá uma ‘gastura’, servindo-me aqui do nobre dialeto de Goiás.

Sabemos todos que a tal ‘vida real’ não é bem assim. Aliás, a tal ‘vida real’ no Brasil está puxada!

Então, eu poderia escrever sobre Alepo e a tragédia dos povos na Síria. Eu poderia escrever sobre o terrorista que invadiu o mercado em Berlim. Eu poderia escrever sobre as mazelas dos refugiados na Europa. Nem precisaria ir tão longe... Eu poderia escrever sobre quantas vidas de cidadãos foram ceifadas para sustentar o bilionário esquema de corrupção entre a Odebrecht e autoridades, políticos e partidos do Brasil e de outros 11 países miseráveis, alguns famélicos.

Eu poderia escrever sobre tanta coisa triste...

Então, se é assim, prefiro escrever sobre a desgraça vivida pelos Servidores Públicos do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que já estavam completamente ferrados, mas com previsão de receber a primeira das nove parcelas do salário de novembro a partir desta sexta-feira, 23 de dezembro, com alguma mínima possibilidade de ter um tostão furado para, pelo menos, garantir uma minúscula ceia de Natal.

Agora, nem isso terão...

Criminosamente, o Palácio Guanabara anunciou que, com o novo bloqueio do Governo Federal nas contas fluminenses, não haverá dinheiro algum em dezembro. Estima-se que só a partir de 05 de janeiro de 2017, os Servidores Públicos vão receber a primeira de cinco parcelas do salário de novembro. Noutras palavras, vão passar o Natal de 2016 na sarjeta, humilhados, literalmente fodidos (com o perdão pela má palavra).

Fique claro: não escrevo sobre governantes, deputados, secretários estaduais, assessores, desembargadores, procuradores, defensores públicos e toda ‘crème de la crème’ do serviço público. Estes recebem bons salários, têm condições de ter boa poupança. No estourar do balão, têm gordos limites na conta corrente e no cartão de crédito. Não é sobre eles que escrevo.

Neste Natal de 2016, quero pedir uma oração especial — que pode ser até um minuto de reflexão, pois oração será! — para os verdadeiros Servidores Públicos do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Porque a expressiva maioria deles e suas famílias não terão um Natal.

Com sinceridade, não consigo desejar um Feliz Natal a quem tenho convicção de que não terá um para celebrar.

Sim, é uma história triste... e não tem final feliz.

Reflitamos.

Helder Caldeira

da Redação
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