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Os testículos de Eva e as idiotices de Lula, reais e comprovadas

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“O caminho do justo está cercado por todos os lados pelas iniquidades dos egoístas e pela tirania dos perversos. Bendito é aquele que, em nome da caridade e da boa vontade, pastoreia os fracos pelo vale das trevas, pois ele é verdadeiramente o protetor de seus irmãos e o salvador dos filhos perdidos. E Eu atacarei com grande vingança e raiva furiosa aqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá: meu nome é o Senhor quando minha vingança cair sobre ti!”. (Jules, citando o texto bíblico do Profeta Ezequiel 25:17 no filme “Pulp Fiction - Tempo de Violência”, antes de executar a tiros qualquer transgressor da lei).

Na série da Netflix intitulada o “O Mundo de Philomena Cunk”, a repórter Diana Morgan (que faz o papel de Philomena Cunk) informa que fará um resumo da história da humanidade e para isso viajará por diferentes continentes e países entrevistando os maiores especialistas vivos sobre questões profundas que atormentam os seres humanos. O problema é que Philomena Cunk é desinformada, tem um conhecimento raso sobre os fatos e tem certezas absolutas sobre vários assuntos que não conhece, somente porque amigos seus lhe disseram que essas coisas são assim.

Philomena pergunta a um especialista se ele tem certeza que o homem foi à lua. O cientista responde que sim e explica como se deram as viagens espaciais, a tecnologia usada e como tudo foi documentado. Philomena diz que não acredita, pois existem vídeos desmentindo tudo. O cientista reafirma o que disse, mas Philomena Cunk replica afirmando que “acha que a lua nem existe”.

Nos cinco episódios da série, Philomena Cunk arrota asneiras por cima de asneiras, tudo com uma expressão muito séria e vai perguntado a diferentes especialistas coisas como:

- “As armas antigas podem matar pessoas contemporâneas”?

- “As pirâmides possuem aquela forma para impedir que pessoas sem-abrigo durmam em cima delas”?

- “Aristóteles era o autor da expressão: dança como se ninguém estivesse a ver”?

- “Jesus Cristo foi a primeira vítima famosa da chamada cultura de cancelamento"?

Suas perguntas são sempre afirmativas, isto é: primeiro ela assegura a veracidade daquilo que ela vai perguntar e depois pergunta ao especialista.

- “Uma das razões pelas quais ainda sabemos sobre os romanos hoje é a Wikipédia”.

- "As múmias do Egito antigo recebiam um tipo de tratamento de spa que Gwyneth Paltrow tem regularmente”.

- “Qual livro é melhor: a Bíblia ou o Alcorão”?

- “A caça foi superada pela agricultura, quando os primeiros agricultores começaram a cultivar trigo e depois aprenderam a assar pão. Eles também plantavam cevada, ervilha e lentilha para o preparo de um hambúrguer vegano aceitável para colocar dentro do pão”.

- “Os primeiros agricultores também inventaram a cerca, um aparato tecnológico de madeira para conter animais”.

- “Os humanos rapidamente escravizaram ovelhas, galinhas, cabras e seus inimigos número um – os bovinos”.

- “As fazendas ficaram muito parecidas com zoológicos, mas em um zoológico não se pode escolher um animal para matar e comer, a menos que o zoológico tenha dificuldades financeiras”.

 - “Os humanos transformaram os animais que não eram comidos ou montados em animais de estimação, se fossem fofos o bastante”.

- “A invenção da escrita foi um desenvolvimento importante ou foi mais uma moda como o rap metal”?

- “O que é que foi culturalmente mais importante: O Renascimento ou a ‘Single Ladies’, da Beyoncé”?

Tudo é dito com muita sobriedade: a postura é séria, o tom de voz baixo e grave, sem um sorriso no rosto como se estivesse trazendo mensagens importantes para a humanidade. Philomena Cunk transborda confiança, mas transmite apena ignorância. Fala sobre qualquer assunto: politica, filosofia, arte, ciência, magia, teatro, história... Ela “se acha”. É o típico “elu” do século XXI: despida de conhecimento razoável sobre tudo o que aborda, mesmo tendo recebido boa educação, arrota certeza e petulância sobre aquilo que não sabe, mas ouviu falar vagamente. Isto já é suficiente para ela.

No Brasil temos não uma mulher, mas um homem: Lula. É a nossa Philomena Cunk. Quando sua cara aparece na TV os brasileiros sentem dores na barriga de tanto rir. Ele pensa que é o homem mais sábio, não do Brasil, mas da face da terra. Malandro, discursa apenas para plateias amestradas:

- “Por tudo que compreendo, que eu leio e que eu escuto, a guerra seria resolvida aqui no Brasil na mesa tomando cerveja. Seria resolvida aqui. Se não na primeira cerveja, na segunda. Se não desse na segunda, na terceira. Se não desse na terceira, até acabar as garrafas a gente iria fazer um acordo de paz!”.

É a fórmula de Lula para acabar com a guerra na Ucrânia. Acreditem, ele foi aplaudido. Lula já disse milhares de idiotices e tornou-se Presidente do Brasil. Imagine como os cidadãos de outros países julgam os votantes brasileiros... Eis algumas das patetices mais famigeradas:

- “Quando Napoleão foi à China, ele cunhou uma frase que ficou famosa. Ele disse: A China é um gigante adormecido que o dia que acordar, o mundo vai tremer”. (Em 30 de abril de 2003, na abertura do seminário Brasil-China: um salto necessário. Fake histórica: Napoleão jamais foi à China.).

Neste ano de 2023, ladeado pelo presidente Alberto Fernández, que quebrou a Argentina economicamente, o “Big Boss” brasileiro piorou a sua obra insuperável: enalteceu a economia argentina que tem quase 100% de inflação e prometeu emprestar mais dinheiro para os ditadores de Cuba e Venezuela, aos quais chamou de países amigos.

- “Eu não sei se a América Latina teve um presidente com as experiências democráticas colocadas em prática na Venezuela. Poderia até dizer que [a Venezuela] tem excesso [de democracia]”. (Setembro de 2005).
- “Este homem, que apanhou como pouca gente apanhou, hoje, se transforma em um companheiro da maior importância.” (Sobre o ditador Hugo Chaves).
- “Às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin”. (Entrevista a uma revista dos Estados Unidos).
- “Imagina descer 1,4 mil metros de água, depois furar mais 3 mil metros de rocha, depois furar uma camada de 400 metros de sal e trazer petróleo. O buraco é tão fundo que qualquer dia a Petrobras vai trazer um japonesinho na broca”. (Em setembro de 2008).
- “Não tem coisa mais fácil do que cuidar de pobre, no Brasil. Com dez reais, o pobre se contenta; rico não, por mais que você libere, quer sempre mais, nunca se conforma”, (Em julho de 2009).
- “Nunca fiz concessão política. Faço acordo. Se Jesus viesse para cá e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria que chamar Judas para fazer coalizão”. (Em outubro de 2009, ao fazer alianças com adversários políticos).
- “Uma mulher não pode ser submissa ao homem por causa de um prato de comida, ela tem que ser submissa a um parceiro porque ela gosta dele e quer viver junto com ele”. (Janeiro de 2010).
 - “Tem hora em que estou no avião e, quando alguém começa a falar bem de mim, meu ego vai crescendo, crescendo, crescendo. Tem hora que ocupo sozinho, três bancos com o ego”. (Em março de 2010).
- “Cadê as mulheres do grelo duro do nosso partido?” (Em março de 2016).
- “Se eu voltar, vai haver uma regulação dos meios de comunicação. A gente não pode continuar permitindo que meia dúzia de famílias sejam donas dos meios de comunicação”. (Em janeiro de 2018).
 - “O Bolsonaro não entende absolutamente de nada a não ser de falar bobagem, a não ser de fazer fake news e a não ser de tentar destruir aquilo que nós destruímos”. (Papelão histórico em novembro de 2021, durante coletiva de imprensa no parlamento europeu).
- “Ainda bem que natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado corona vírus". (Entrevista à revista Carta Capital).

Philomena Cunk não é real, é uma personagem inventada. “O Mundo de Philomena Cunk” é uma produção original da BBC, distribuída pela Netflix. A série é um falso documentário ou “mockumentary” isto é: “Um estilo humorístico com alicerces na paródia e na sátira, no qual as opções estéticas (escolha de planos, depoimentos diretos para a câmara, entrevistas) fazem parecer um documentário, mas na verdade trata-se de uma peça de comédia, apenas com a aura de - será que isto aconteceu mesmo ou será que os especialistas entrevistados por aquela louca sabiam que tudo era de mentira”?

Sim sabiam, mas Philomena Cunk nos faz refletir sobre jornalistas e políticos que enganam pessoas com informações supostamente verdadeiras, apenas fingindo moderação, fazendo pose e articulando calmamente as palavras.

Já Lula é real, não é uma personagem idealizada. “O Mundo de Lula” e suas idiotices são reais e comprovadas. Lula é o ex-tudo: ex-analfabeto, ex-presidente, ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto, ex-lavador de dinheiro, ex-líder do mensalão, ex-viúvo... Justifica sua amizade com ditadores e tiranias de esquerda afirmando que é a “alma mais honesta desse país”. Os que votaram em Lula, os que inocentaram Lula, os artistas que apoiaram Lula, os jornalistas do “consórcio de imprensa”, os pseudos-cientistas que apoiaram Lula, os empresários, os que impediram a contagem pública dos votos, os que presenciaram o roubo do mensalão, petrolão e participaram do maior assalto já perpetrado contra uma nação, todos sabiam. Sim, sabiam.

Mesmo conhecendo tudo, sabendo de tudo, elegeram Lula presidente. Então o mal que se abater sobre o país não será novidade, não haverá qualquer surpresa, pois “O Horroroso e Real Mundo de Lula” foi votado por 50 milhões de brasileiros.

Em tempo: A passagem bíblica que abre o texto e que foi supostamente retirada do livro Ezequiel 25:17 é falsa. É tão inverídica quanto afirmar que Eva tinha testículos ou que Philomena Cunk é real ou ainda jurar que um semi-analfabeto que se expressa mal e nunca leu um livro é um líder político. Ela foi reescrita por Samuel L. Jackson e Tarantino. É um discurso inventado e que possui apenas partes do versículo bíblico. Eis o verdadeiro:

“E executarei sobre eles grandes vinganças, com furiosos castigos, e saberão que eu sou o Senhor, quando eu tiver exercido a minha vingança sobre eles”. (Ezequiel 25:17). 
Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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