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Dois reis de lata

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“Quando as pessoas temem o governo, isso é tirania. Quando o governo teme as pessoas, isso é liberdade”. (Thomas Jefferson).

Nestes dois meses de governo, o megalomaníaco Lula, um semi-analfabeto que jamais leu um livro ou expressou qualquer ideia digna de menção, passou a acreditar que é uma grande personalidade, uma espécie de “Rei Brasileiro”.

Suas falas e seus atos expressam isso.

Pedante e audacioso, após a eleição, julga que é um ser de outro mundo, uma espécie de “salvador da pátria” e que os votantes que o elegeram deram a ele autorização para fazer o que bem quisesse com a nação, com o dinheiro dos brasileiros, com as leis e os costumes.

Durante a campanha politica, Lula e o PT, que governaram e saquearam o Brasil durante 16 anos, repetiam dia e noite que salvariam o país do fascismo, mesmo sabendo que aqui não existe nenhum partido politico que expresse ideias fascistas em seu programa; que iriam salvar a Amazônia, mesmo os moradores da região amazônica expressando aversão às ideias petistas; iriam salvar a democracia, mesmo o país sendo uma democracia, estando em paz e com o executivo, o legislativo e o judiciário atuando e com todas as leis em funcionamento; “índios”, “negros”, “gays, mulheres”, todos precisavam ser “salvos”.

E os petistas apresentaram a nação brasileira o “salvador” desse caos: “o Rei Lula”, um ex-condenado pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro, ungido pelos deuses e que desceu a terra “brasilis” para livrar o povo do perigo iminente inventado por eles.

Shakespeare, na peça teatral “A tragédia do Rei Ricardo II”, expõe e problematiza o “direito divino do rei”:

- “Seria o verdadeiro governante aquele ungido ou o que possui melhores habilidades para governar? Por que governantes ruins tinham a permissão de governar de tempos em tempos? Presumivelmente, porque Deus deseja testar um povo ou puni-lo por insubordinação. Qualquer rei representando tal reprimenda é um flagelo divino”. 

Na encenação o rei Ricardo II é inconstante, lunático, alienado, vive de futilidades, e o tempo todo é cercado por nobres “aspones”, chamados de favoritos. Vive em uma realidade paralela cobrando altos impostos do povo para sustentar seus gastos astronômicos e privilegiar a nobreza.

Gastar o dinheiro que não é dele é sua ocupação predileta.

Inflado de orgulho, Ricardo II, diz ao mundo quem é ele e sua origem divina:

-“Nem toda a água no turbulento e rude mar / Pode lavar a unção de um rei ungido”.

Isto é: nenhum ser humano pode depor Ricardo II e ninguém jamais irá apoderar-se de sua aura de majestade. Ele é divino.

Na época medieval a monarquia era o regime de governo, não existiam democracias. Magistral e corajosamente, Shakespeare expõe na peça teatral a tragédia do péssimo governante, do mau rei. E vemos no palco do teatro a subversão de seu estado mental, que não sabe discernir entre o que é público e o que é privado. Possuindo um sentimentalismo barato e pueril, o Rei crê em sua origem divina e que foi nomeado pelos deuses para guiar os pobres mortais, seus servos, que trabalham arduamente para manter o luxo do reino.

“O Rei confunde o que o mundo medieval e da Renascença chama de os ‘dois corpos’ do Rei, o corpo sacramental da monarquia, que é eterno, e o corpo humano de um simples ocupante do trono, cuja frágil condição mortal está sujeita ao tempo e à fortuna”.

Ricardo II é um péssimo administrador, mantém uma corte imensa, emite autorizações a subordinados que lhes permitem atualizar e aumentar impostos e cobrar altas taxas de seus súditos, perseguir cidadãos, além de abusos diários contra o povo. Cheio de ambição confisca a riqueza de nobres do reino, assim como suas terras. Seu governo é uma tragédia anunciada.

Violando a noção de herança ao tomar títulos e terras, a maldade do Rei abre os olhos dos súditos e todos começam a insurgir-se.

Unidos e rebelados os duques obrigam Ricardo II a entregar a coroa a Henrique de Bolingbroke, seu primo.

Ricardo II é preso e na cela onde é jogado relembra a vida ignóbil. Lastima-se e dirige imprecações aos que retiraram seu poder:

- “Biltres! Serpentes! Réprobos! Danados sem salvação possível! Cães, dispostos sempre a rojar aos pés de todo mundo! Víboras aquecidas no meu peito, que o coração me pungem! Oh! Três Judas, cada um mais traiçoeiro do que Judas”!

Difama a sí mesmo, arrepende-se dos terríveis pecados que cometeu contra o povo, e quase enlouquecido torna-se violento e briga com seus carcereiros. É chicoteado por seus verdugos e depois assassinado na masmorra onde estava preso.

Esse foi o fim do rei Ricardo II.

Na monarquia brasileira do ano de 2023, o “Rei dos Petistas”, segundo J.R. guzzo:

“... é um homem que processa e distribui ódio em tempo integral, joga para destruir os adversários, em vez de competir com eles, e chefia um governo que tem mais de 900 presos políticos na cadeia — um recorde na história do Brasil. Mais que tudo, talvez, Lula é o grande padroeiro de um movimento inédito em matéria de rancor e de espírito de vingança: o que prega um país e uma sociedade “sem anistia”.

Luiz Felipe D'Avila, no texto “Os Verdadeiros Inimigos do País”, afirmou:

- “A volta do bonapartismo lulista já tem as sementes de uma farsa. Seu revisionismo histórico pretende sepultar os escândalos de corrupção do PT e tratar o impeachment de Dilma como golpismo. Sua visão diplomática consiste em reatar a aliança com ditadores e presidentes populistas latino-americanos e financiá-los com o dinheiro do BNDES. Sua ideia de governabilidade é a velha política de distribuir cargos e verbas públicas para aliciar partidos em troca de apoio no Congresso. Esse comportamento mostra que Lula não aprendeu nada e não esqueceu nada.
Esta combinação desastrosa de burrice (não aprender com os exemplos que deram certo), ignorância (o misticismo ideológico prevalece sobre os fatos e as evidências) e paroquialismo eleitoral (perpetuar os vínculos do corporativismo e do clientelismo para ganhar votos) revela que Lula manterá o Brasil alijado do mundo que dá certo e longe das soluções práticas para combater os verdadeiros inimigos do País”. 

Dois “reis de lata”. Dois ineptos que o destino de modo incompreensível depositou em suas mãos a responsabilidade pela vida e o desenvolvimento dos países onde nasceram.

No drama ficcional Shakespeariano o rei é punido por seus desmandos.

No drama real brasileiro que está sendo encenado ainda não sabemos qual será o fim do “Rei dos petistas”.

Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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