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O estranho "sumiço" de bilionários na China

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O nome oficial da ditadura chinesa é República Popular da China.

O problema é que a única coisa ‘popular’ por lá é a repressão. Literalmente, nenhum cidadão chinês está a salvo. Nem aqueles se radicaram no exterior.

O caso mais recente aconteceu em fevereiro desse ano. O bilionário chinês Bao Fan sumiu e reacendeu o interesse em um fenômeno recente do país: o desaparecimento de bilionários.

Bao é o fundador da China Renaissance Holdings — com uma lista de clientes que inclui as gigantes Tencent, Alibaba e Baidu — e é um magnata no setor de tecnologia do país e como todo bilionário tem uma equipe de segurança muito bem treinados.

Então a 'abdução' de um empresário desse porte envolveria tiroteio ou um combate violento, a menos que fosse feito por uma força esmagadoramente mais forte.

O caso de Bao é apenas mais um e segue um padrão já conhecido: ele esteve sumido por dias, até que sua empresa anunciou que estava "cooperando em uma investigação realizada por certas autoridades da República Popular da China".

Outro caso escandaloso foi o ‘sumiço’ do proprietário do aplicativo Ali Baba – uma espécie de Amazon do extremo oriente. O acionista Majoritário Jack Ma, dono de uma fortuna de u$ 23,9 bilhões de dólares, desapareceu após chamar o ditador da China, Xi Jinping de ‘palhaço’.

Existe relatos que Ma teria sido visto na Austrália, no Japão, mas na região com maior concentração de smartphones e câmeras de segurança do mundo, não foi registrada nenhuma foto, nenhum vídeo dele após os sumiço.

O mais provável considerando o histórico da ditadura é que ele tenha sido executado ou jogado em alguma masmorra no interior da China, não seria o primeiro a ter esse destino. 

"O governo chinês tem usado o mesmo método com muitas pessoas – e a única razão pela qual sabemos sobre o desaparecimento de empresários proeminentes é que eles são muito importantes", disse Yaqiu Wang, pesquisador da Human Rights Watch (HRW) na China.

Somente em 2015, pelo menos cinco executivos estão incomunicáveis, incluindo Guo Guangchang, presidente do conglomerado Fosun International, mais conhecido no Ocidente por ser dono do Wolverhampton Wanderers, time de futebol da Premier League inglesa.

Guo desapareceu em dezembro de 2015. Posteriormente, sua empresa anunciou que ele estava “ajudando nas investigações”. (Pra quem não se lembra o Wolverhampton é clube inglês que negocia nesse momento a compra do craque palmeirense, Raphael Veiga).

O ativista de Diretos Humanos, Yaqiu Wang ratificou:

"A julgar pelos últimos dez anos do governo de Xi Jinping, a tendência de repressão se tornará cada vez mais séria", disse. 
"Seus métodos se tornarão mais brutais e secretos, e os direitos básicos das pessoas serão menos garantidos." 

E essa realidade não está tão longe dos brasileiros já que o atual presidente Lula é um admirador assumido do governo chinês:

“A China (...) tem um partido político forte e um governo forte, porque o governo tem controle e poder de comando. O Brasil não tem isso, nem outros países”, declarou em entrevista ao jornal chinês Guancha em julho de 2021.
Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

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