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A situação absurda e insustentável do técnico Cuca no Corinthians

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A situação do técnico Cuca (apelido de Alexi Stival) no Corinthians só piora, mas isso não é novidade na carreira do treinador.

Quando chegou a Belo Horizonte para sua segunda passagem pelo Atlético Mineiro em 2021 também houve algumas ameaças de protestos, mas a passagem vitoriosa por lá - onde o técnico venceu o Campeonato Mineiro, o Brasileiro e a Copa do Brasil no mesmo ano 2021 -, silenciou as vozes críticas. 

Porém, o Corinthians tem uma presença na mídia nacional infinitamente maior que o Galo mineiro e isso está complicando a vida do treinador.

Ainda essa semana, o advogado Willi Egloff, que representou a vítima de estupro na Suíça em episódio envolvendo o treinador, em 1987, disse que a declaração de Cuca (dada esta semana, na sua coletiva de apresentação  no Corinthians), que a menina suíça estuprada não o teria reconhecido, é falsa.

“A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor”, disse o advogado.

Numa reportagem do jornal suíço Der Bund, foi confirmado que o sêmen de Cuca foi encontrado na garota, que na época tinha apenas 13 anos. E pelas leis vigentes, a violação de uma garota de 13 anos, além de estupro, seria também um ato de pedofilia.

Sabe-se ainda que – de acordo com depoimentos das testemunhas – houve uma reconstituição do crime e que, desde o ocorrido (36 anos atrás), a vítima dos jogadores do Grêmio (Cuca entre eles) sofre com transtornos mentais graves, além de já ter tentado suicídio.

Em 1989, dois anos após o crime, o jornal Der Bund, fez uma reportagem detalhada em que começa dizendo que “o tribunal criminal de Berna condenou, ontem, os três jogadores de futebol brasileiros. Alexi (Cuca), Eduardo e Henrique, do Grêmio de Porto Alegre. Eles foram condenados por atentado ao pudor e coação. O tribunal condenou o quarto jogador, Fernando, apenas por coação.”

A história relatada pelo jornal é sórdida e, aparentemente, verídica. A publicação conta que os jogadores do Grêmio em excursão pela Suíça à época agiram assim: 

“Cuca, Eduardo, Henrique e Fernando, segundo relatos das testemunhas e vítima, encontraram a criança de 13 anos e mais dois amigos dela em frente ao hotel. As crianças pediram camiseta do Grêmio e logo os atletas disseram que dariam, não ali, mas no quarto. Quando chegaram ao quarto do segundo andar do hotel, os jogadores demonstraram que não queriam saber de dar a prometida camiseta do Grêmio, começaram a assediar diretamente a criança. Segundo os relatos das testemunhas, davam beijos e acariciavam o corpo dela”.

O relato do jornal suíço Der Bund prossegue:

 “Nesse momento, os jogadores expulsam os dois rapazes que acompanhavam a menina, um deles ainda vê um dos jogadores a jogando na cama, trancaram a porta do quarto e os dois saem desesperadamente atrás de ajuda. Pediram ajuda a funcionários do hotel, foram ignorados, correram para a rua e abordaram uma pessoa, que logo foi até o quarto do segundo andar e bateu à porta, que não foi aberta. Esse fato durou cerca de 30 minutos. A porta do quarto é aberta, a menina sai vestindo calça e camisa do Grêmio, visivelmente desorientada e abalada. Desconexa, ela relata o que houve para os amigos e vai pra casa pedir ajuda aos pais, que a levam à delegacia”.

O jornal relembra que, no primeiro interrogatório, os acusados negaram tudo, dizendo que sequer encostaram na menina. “Dias depois, num novo depoimento, com exceção de Fernando, os jogadores assumiram a relação e disseram haver consentimento: "Ela se divertiu com tudo" e "essa menina não é normal”, disseram.

Mas, no exame pericial feito na menina de 13 anos, foram encontrados esperma de Cuca e Eduardo, não havendo como comprovar marcas de violência física. A vítima relatou que ficou paralisada e em estado de choque durante o ato, algo compreensível se tratando de uma menina de 13 anos imobilizada por quatro homens adultos falando uma língua estranha. Por isso, não conseguiu gritar ou se desvencilhar.

Em suma, de acordo com o que apurou o Der Bund, o que se tem provado é:

“Cuca teve relação com a menina de 13 anos, o esperma dele foi encontrado na perícia, disseram pra menina que dariam camiseta do Grêmio para atraí-la para o quarto, a coagiram e foram condenados por isso”.

Cuca se defende, com argumentos vagos e incoerentes dizendo que não foi julgado e culpado, ou que a garota não o reconheceu – como mostramos, tudo isso não condiz com os fatos.

“Fui julgado à revelia, não estava mais no Grêmio quando houve esse julgamento com os outros rapazes. É uma coisa que eu tenho uma lembrança muito vaga, até porque não houve nada. Não houve estupro como falam, como dizem as coisas. Houve uma condenação por ter uma menor adentrado o quarto. Simplesmente isso. Não houve abuso sexual, (não houve) tentativa de abuso ou coisa assim”, reiterou o treinador.

Cuca é um técnico vencedor e competente no seu trabalho, mas isso não o exime da culpa.

O goleiro Bruno, ex-Flamengo, também era um bom goleiro, mas isso não o inocenta de ser um assassino psicopata que sequestrou e torturou a mãe de seu filho antes de mandar executá-la.

Assim como Robinho, ex-jogador do Santos e da seleção, foi inegavelmente um craque.

Podemos acrescentar nessa lista Daniel Alves, maior vencedor de campeonatos de futebol no mundo – porém, ambos estupradores.

Entretanto, existe um requinte de crueldade no caso de Cuca e seus colegas de time. Só no caso deles se tratava de uma criança de 13 anos.

O que você faria se sua filha de 13 anos fosse vítima de um estupro coletivo, dos ‘malandrões do futebol’?

Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

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