desktop_cabecalho

Sem "mensalão" e "petrolão", Lula acumula derrotas e vexames no Congresso

Ler na área do assinante

A grande imprensa sempre vendeu a imagem que Lula seria um bom articulador político, habilidoso – e que ele conseguiria aprovar qualquer coisa no Congresso e eleger qualquer um.

Como quase tudo na biografia do atual presidente, essa é outra ‘fake news’.

É verdade que Lula aprovava qualquer coisa no Senado e na Câmara nos seus dois primeiros mandatos, mas não por sua habilidade política, esse apoio maciço era comprado a peso de ouro. Primeiro com o "Mensalão" que desidratou os cofres públicos em pelo menos R$ 102 milhões de reais.

Era corrupção na veia.

Depois, enquanto o mensalão era investigado, foi posto em andamento o ‘Petrolão’ - também com o objetivo de comprar apoio no Congresso e que deu origem à histórica operação Lava-Jato.

Segundo a BBC, em março de 2018, a força tarefa liderada por Sergio Moro e Deltan Dallagnol, já havia recuperado R$ 11,8 bilhões de reais – repare que, nessa época, a propina tinha saído de controle e já movimentava 1100% a mais que o Mensalão.

Passados 20 anos do 1º mandato de Lula, ele volta à presidência num Brasil mais atento, com milhões de ‘fiscais’ espalhados pelas redes sociais – ainda que a grande imprensa e órgãos fiscalizadores insistam em fazer vista grossa.

Dentro desse cenário, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem acumulado derrotas nos primeiros testes na Câmara dos Deputados ao não conseguir garantir uma base aliada consistente para aprovar matérias de seu interesse.

Sem as ‘ferramentas’ que o PT se acostumou a usar, seu poder de convencimento é zero!

Na semana passada o aliado do PT, o deputado comunista, Orlando Silva, passou o vexame de ter que pedir a retirada da pauta da PL das Fakenews, depois de ter aprovado a tramitação de urgência.  

Em novo confronto com a oposição na Câmara dos Deputados, a gestão petista não conseguiu segurar a derrubada de mudanças feitas por decreto presidencial de Lula no marco legal do saneamento. O projeto sobre o tema foi aprovado na Câmara por ampla maioria: 295 votos a favor e 136 contra.

Em tese, a base de apoio a Lula na Câmara é formada pelos partidos PT, PCdoB, PV, MDB, PSD, PDT, PSB, Psol, Rede, Avante e Solidariedade. Somados, são cerca de 220 deputados. Porém chama a atenção que nem todos ajudaram o governo nessa semana e até mesmo bancadas de partidos que contam com ministérios votaram em peso a favor do texto. Portanto, contra o próprio governo. Graças a Deus por esse movimento para derrubar o ‘Marco Legal do Saneamento’ tinha a pior das intenções. 

O deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo, fez uma cobrança dura à base aliada depois da aprovação do projeto.

“A votação do PDL hoje aqui na Câmara mostra que temos que fazer um freio de arrumação dentro do governo. Os líderes que encaminharam contra o governo vão ter que decidir se são ou não governo. Vida que segue”, postou no Twitter.
Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

Ler comentários e comentar