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CPI do 8 de janeiro, prenúncio de avalanche de crises em um governo que é a própria “crise”

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Para entender o contexto da CPMI, temos de voltar um pouco no tempo, e olhar o cenário das duas perspectivas. Antes a base não a queria, mas depois da coleta de assinaturas e o pedido a Pacheco, o governo entendeu que não poderia evitá-la. Assim meu palpite é que nos entendimentos recentes, a CPMI entrou como parte de acordos entre as casas e partidos. E quando falo acordos, falo no sentido de relatoria e presidência. Assim, houve um meio termo para formar a comissão, de um modo que nem o governo nem a oposição se sentissem completamente ignorados. Mas é importante ressaltar o fator Arthur Maia.

Maia é do União Brasil. Tende a olhar com perspectiva de centro, e isso contempla a possibilidade de duas versões entrarem, tanto a de omissão, que é a estratégia da oposição, quanto a de financiamento e organização, que é a da base do governo.

Magno Malta tem subrelatoria e não precisa de apresentação. Cid é irmão de Ciro Gomes, o mesmo que atacou Lula não tem três semanas. Eliziane Gama é a Senadora que bateu na direita na CPI do Covid, e amiga de Dino. Mas, observações sobre ela devem ser feitas.

Entrar como amiga do ministro, já mostra que ela não seria em tese, totalmente imparcial no relatório final. Isso já entra como pressão, que bem evidenciada, pode obrigar a Senadora a tomar decisões mais equilibradas. Além disso, seu eleitorado é da base evangélica. Se o setor for incisivo na pressão pela força da verdade, nenhum político trocaria milhões de votos por amizade alguma de ministro.

Quanto a Cid, se falas do próprio Ciro Gomes forem usadas, duvido que o irmão condene o outro. Bolsonaro pediu atenção na CPMI e isso significa que alguma informação importante pode chegar (talvez de Do Val) e ser definitiva. Outra coisa bacana seria o depoimento dos presos do quartel, que tiveram prerrogativas ignoradas.

Em uma avaliação geral, eu não diria que a comissão está perdida. Ela pode trazer resultados bons e ruins. Só de entender que ela ficaria apenas no judiciário, e agora nossa parte pode ser ouvida, já é uma vitória. Junto com as outras CPIs, podemos ter avalanches de crise, em um governo que em si é a própria crise.

Agora é pegar a pipoca e acompanhar.

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