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A união indissolúvel entre a esquerda e as organizações criminosas: O Brasil é a bola da vez...

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Não importa a cidade que você viva, não importa nem se você reside na cidade ou no campo – se você mora no Brasil, você vive em constante sensação de insegurança. Não é para menos, afinal, o nosso país se encontra na nona posição entre os países com maior taxa de criminalidade do mundo.

Sabe quem ocupa a primeira posição nesse ranking macabro? A Venezuela.

Quer conhecer o Brasil do futuro? Conheça a Venezuela.

Um país que prometia despontar como uma das grandes potências econômicas em razão do seu petróleo, foi transformado numa nação governada por um ditador e comandada por “coletivos”, cada um deles com o seu território, onde exercem o poder estatal supremo, ditam as leis locais – e decidem quem vive e quem morre. São mais de cem grupos paramilitares fortemente armados que ocupam todo o território venezuelano. O que se sabe é que dezenas desses coletivos receberam intenso treinamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). São mercenários que traficam drogas, armas e pessoas.

Tudo começou quando Hugo Chávez criou seus “Conselhos”. Como ele não tinha força para alcançar seus objetivos junto ao parlamento, Chávez criou “conselhos”, que teriam o poder de legislar sobre determinados assuntos.  Como ele era quem nomeava os membros desses conselhos, passou a ter o poder de legislar também, esvaziando o Legislativo. Concomitantemente, Chávez já financiava esses grupos criminosos locais, que faziam ações sociais para esconder as organizações criminosas. Em 2011, mandaram soltar 40% da população carcerária, foi quando começaram a mergulhar na barbárie que vivem até hoje. Na época, a ministra do Serviço Penitenciário da Venezuela, Iris Varela, disse “não vou jogar lobos nas ruas”, mas jogou. Maduro herdou tudo isso. Hoje, os números oficiais são muito tímidos e otimistas, apontando setenta mortes para cada cem mil habitantes, o suficiente para fazer da Venezuela o lugar mais perigoso para se viver no Planeta, mas longe de corresponder à realidade, porque .a grande maioria dessas mortes sequer são registradas, menos ainda são contabilizadas.

O fato é que os Coletivos são financiados pelo governo e todos defendem os ideais da revolução bolivariana em primeiro lugar. Eles são os responsáveis pela escassa distribuição de alimentos e pela segurança pública – esses criminosos – e o resultado é esse – o maior índice de criminalidade do mundo.

Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência. Toda a humanidade do novo milênio está vendo na prática o que Marx e Engels teorizaram: a força do lumpemproletariado. Se deu certo na Venezuela, vai dar certo no Brasil – é o que conclui o erudito do comunismo - e somos a bola da vez.

Aliás, a Venezuela nem seria a primeira experiência, porque o tubo de ensaio desses dois pensadores foi o golpe do então Presidente Napoleão III (sobrinho e herdeiro de Napoleão Bonaparte e o primeiro presidente eleito pelo voto direto na França), quando destituiu a Assembleia Nacional Francesa da Segunda República. 

O termo lumpemproletariado vem do alemão lumpenproletariat. Lump significa pessoa desprezível e lumpen é trapo, farrapo. Eles compõem a classe mais desprezível do proletariado, aquela que não produz nada. Também são designados como “subproletariados”.

Marx e Engels noticiam que Napoleão III manipulou o lumpemproletariado da época e contou com o apoio deles para dar o golpe no parlamento. Eram homens “com duvidosos meios de vida e de duvidosa procedência, junto a descendentes degenerados e aventureiros da burguesia, vagabundos, licenciados de tropa, ex-presidiários, fugitivos da prisão, escroques, saltimbancos, delinquentes, batedores de carteira e pequenos ladrões, jogadores, alcaguetes, donos de bordéis, carregadores, escrevinhadores, tocadores de realejo, trapeiros, afiadores, caldeireiros e mendigos”, segundo esses pensadores.

Até seria interessante dedicar algumas linhas a romantizar a delinquência da época, não fosse a necessidade de nos reportarmos aos dias atuais. O que é importante sublinhar, é que no vocabulário marxista, essa classe não é apenas desprovida de recursos econômicos, mas também de consciência política e de classe, sendo, portanto, suscetíveis de servirem aos interesses da burguesia.

Assim atuou Napoleão III e exatamente assim também atuou Hugo Chávez, com os coletivos.

No Brasil...

Uma das maiores organizações criminosas desse nosso país, o Comando Vermelho, nasceu na década de 70, quando pequenos traficantes e criminosos violentos de todos os gêneros dividiram celas com os nossos presos políticos, no Presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Foi quando os bandidos aprenderam o que era “organização” e criaram a Falange Vermelha (atual Comando Vermelho). Ali nasceu também uma união indissolúvel entre aqueles presos políticos de esquerda e as organizações criminosas doutrinadas por eles – o lumpemproletariado - que se perpetuou até os dias atuais. Se Marx fosse brasileiro e tivesse assistido a primeira posse do Lula como presidente, diria não ser por acaso que coincidiu com a entrada do crack no Brasil.

O Brasil vem soltando seus presos: ora determina uso de tornozeleira eletrônica, ora simplesmente determina prestação de serviço comunitário como pena alternativa e mais nada de controle social. Hoje, nossa política criminal é de que não seja recolhido à prisão o autor de crime sem grave ameaça ou violência à pessoa, cuja pena não ultrapasse quatro anos de reclusão. Autor de furto, por exemplo, não é preso. Assim como o furto, uma infinidade de outros crimes - seus autores saem pela porta da frente da delegacia. Somos obrigados a conviver com eles, soltos e insistindo na delinquência, aterrorizando a sociedade. É o lumpemproletariado encorpando, sendo não apenas implementado, como financiado – ou para que existiria o auxílio-reclusão, se não fosse para patrocinar esse verdadeiro exército do crime? É um financiamento travestido de ajuda humanitária. É quando a esquerda faz cara de boazinha e pousa pra foto - por isso que se diz que “o amor venceu”.

A vitória da direita em 2018 foi apenas um acidente de percurso – os projetos foram plenamente retomados. Muito antes disso o juiz federal Odilon de Oliveira, de Ponta Porã, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, já havia denunciado fortes evidências da atuação de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no treinamento de bandidos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao Comando Vermelho (CV), os mesmos que treinaram os coletivos da Venezuela.

A visita do então candidato Lula ao Complexo do Alemão, em outubro de 2022 e a visita do ministro da Justiça ao Complexo da Maré, em março de 2023, além da calorosa recepção ao ditador Nicolás Maduro que o mundo inteiro acabou de assistir, apontam para o caminho que nos aguarda. O fortalecimento do crime organizado em todas as suas formas e facetas e a deterioração da polícia e do controle estatal.

Uma polícia forte é a última fronteira entre a ordem e o caos, no Brasil.

Ainda há tempo de reverter esse processo. O sistema penitenciário urge por investimentos. Se não há vagas para novos detentos, que sejam construídos novos presídios – e não que sejam soltos os delinquentes. A política pública criminal tem que mudar de direção. Como está, caminhamos a passos largos para uma situação de descalabro, ou melhor, descontrole social. O mesmo ministro da Justiça que visitou o Complexo da Maré acaba de assinar um termo de cooperação técnica com o Governador Claudio Castro, onde o Governo Federal se propõe a investir na polícia do Rio de Janeiro, é uma esperança no fim do túnel. A criminalidade é como serpente de mil cabeças, para cada delinquente que é preso, mil novos surgem e se desenvolvem. Se não queremos mergulhar no caos de um descontrole social e repetir a história dos nossos irmãos venezuelanos, devemos dedicar especial atenção a esse fenômeno social – o crescimento do lumpemproletariado e as reais intenções por trás desse fenômeno.

Fica a dica.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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