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Acorda Brasil! A criminalidade brasileira à beira do caos... Aconteceu na Colômbia e no México. Chegou a nossa vez

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Vamos entrar numa nova era da criminalidade, um novo desenho do crime organizado vem tomando forma. Como o Brasil é uma potência econômica de outra ordem de grandeza, além de servir como uma verdadeira fazenda produtora de alimentos para o planeta, pressões internacionais podem impedir que o país se torne um narco-estado, como a Venezuela, por exemplo. Entretanto, isso não significa dizer que viveremos um mar de rosas. Dias sombrios virão.

Até a chegada de Pablo Escobar no cenário colombiano, não havia a figura dos “cartéis” de drogas. No máximo, o que existia eram alguns barões da droga que dividiam espaço com quadrilhas de contrabandistas, como cigarro, por exemplo. 

Com a criação dos cartéis a criminalidade na Colômbia assumiu novos e encorpados contornos.

Uma verdadeira guerra sanguinária se estabeleceu entre o Cartel de Medelin e o Cartel de Cali, situado na Região Sul do país (e chefiado pelos irmãos Gilberto e Miguel Rodriguez Orejuela).

Foi Escobar quem explodiu o prédio da Segurança de Bogotá, em 1989, além de estar por trás do assassinato da metade dos juízes da Suprema Corte Colombiana, em 1985. Escobar também foi o responsável pela morte de três candidatos à presidência da Colômbia. 

Assim como Escobar na Colômbia, Joaquín Guzmán também fez com que o México mergulhasse numa onda de violência jamais vivida e a população mexicana amargou dias de terror.

Hoje, El Chapo (como é mais conhecido), cumpre prisão perpétua nos EUA, mas a DEA (Administração de Repressão às Drogas), já documentou que a influência de Guzmán sobre o México correspondia à influência que Pablo Escobar exercia na Colômbia.

A Forbes o classificou como uma das pessoas mais poderosas do mundo entre 2009 e 2013.

Líder do Cartel de Sinaloa, um sindicato internacional do crime, El Chapo fez da criminalidade mexicana o seu exército de mafiosos. Foi o pioneiro no uso de células de distribuição e túneis de longo alcance perto das fronteiras, o que lhe permitiu exportar mais drogas para os Estados Unidos do que qualquer outro traficante na história. El Chapo também modificou o panorama da criminalidade do México com o seu cartel.

Nesses dois países o crime organizado subornou incontáveis oficiais de governos, juízes e outros políticos – e assim os tentáculos do crime organizado foram entranhados nessas nações.

Você percebeu algumas semelhanças com o Brasil? Então se prepare para o que vem pela frente.

Estão enfraquecendo as lideranças de todas as organizações criminosas do nosso país. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, são 53 facções espalhadas por todo o território nacional e ao que tudo indica, em breve o crime estará nas mãos de poderosos e impiedosos cartéis, formados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) e pelo Comando Vermelho (CV). Esse processo já começou.

Só no Rio de Janeiro, o Terceiro Comando Puro (TCP), o Amigos dos Amigos (ADA) e as milícias, dentre outras facções, já perderam seus espaços. As atividades estatais (ora o Judiciário, ora o Executivo), corroboram para esse novo cenário. De janeiro pra cá, o CV já retomou 21 comunidades e, muito rapidamente, todas as penitenciárias serão dominadas pelo CV.

Lula colocou o boné do CPX e Flávio Dino visitou a Maré sem o apoio da polícia, numa clara demonstração à que vieram.

Marcola foi transferido do presídio de segurança máxima de Rondônia para Brasília, muito mais próximo de São Paulo, de onde pode comandar sua organização criminosa com mais facilidade.

Nessa segunda-feira (19), o TJ do Rio suspendeu a transferência do traficante My Thor para um presídio federal. Dessa forma, My Thor segue comandando sua quadrilha de perto, mais forte do que nunca. Dos 26 presos a serem transferidos, apenas três deles são do CV. 

De outro lado, estão enfraquecendo os órgãos destinados a proverem a segurança pública do nosso país e desgastando a imagem da polícia (seja civil, militar ou federal), que a cada ano recebem menos recursos. Como numa jogada ensaiada, engessam a atividade policial e expõem o profissional de segurança a processos criminais, ainda que atuem em legítima defesa ou no estrito cumprimento do dever legal. Na última fase desse processo de degradação, proibirão os nossos policiais de utilizarem fuzis, sob a alegação de que mata a população negra e pobre. 

Portanto, meu estimado leitor, prepare-se para os dias sangrentos que virão. A formação de cartéis potencializará a violência urbana e levará a população brasileira ao caos – é o que nos espera em um futuro bem próximo.

Seja bem-vindo à nova era da criminalidade no Brasil – a era dos cartéis.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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