O montante do PIX, a transparência, os presos políticos e os efeitos colaterais: Temas ‘proibidos’, mas que precisam ser discutidos

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Apesar do título, o texto desta coluna é mais simples do que parece.

A campanha de doações via PIX para a conta pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro, iniciada a partir de um extrato negativo que o capitão mostrou durante evento no Rio Grande do Sul, acabou se tornando uma grande ‘case’ de marketing espontâneo, ou seja, não planejado.

Incomodado com as perseguições que parecem não ter mais fim, Jair revelou que sua multa por falta de utilização de máscaras em eventos realizados no estado de São Paulo, as famosas motociatas, acabaram lhe ‘rendendo’ pouco mais de R$ 1 milhão em multas aplicadas ainda pela gestão do ex-governador tucano João Doria Jr.

E ainda que o ‘calcinha apertada’ não esteja mais ocupando a cadeira do Palácio dos Bandeirantes, essas penalizações, por serem aplicadas por decreto, já tramitam na dívida ativa do estado e estão em processo de cobrança.

Assim, o primeiro bloqueio na conta de Bolsonaro foi acionado, em pouco mais de R$ 317 mil.

Imediatamente, centenas de apoiadores e parlamentares conservadores entenderam que era preciso fazer ‘uma vaquinha’, iniciando as transferências e mostrando os comprovantes.

Com o CPF do recebedor à mostra, choveram ‘contribuições, que ainda seguem em grande quantidade, mesmo que o ex-presidente jamais tenha pedido por isso.

Segundo algumas fontes, a arrecadação já estaria na casa dos milhões. 

Até por isso, é de suma importância que Jair Bolsonaro venha à público, abrindo seu extrato mais uma vez, e mostrando o quanto, até aqui, já foi depositado, de maneira transparente. E que assim mantenha, até que as doações cessem e as multas sejam quitadas.

A partir daí, vem um segundo e não menos importante ponto, já que, como dito no início deste texto, o caso ganhou contornos de campanha de marketing, tal o sucesso da empreitada e a divulgação em larga escala, mesmo considerando as críticas que partiram dos opositores, que por si só também acabaram por publicizar o fato.

Considerando que haverá uma sobra substancial de dinheiro da doação é preciso definir uma destinação deste montante. E o justo é que isso seja definido em conjunto, pelos próprios doadores, ou seja os apoiadores ‘da campanha’.

De minha parte, tenho uma proposta que servirá para demonstrar que a direita está ciente de suas responsabilidades e unida em torno dos ideais e bandeiras que tanto defendeu nos quatro anos de Jair Bolsonaro na presidência.

Por que não doar a diferença para ajudar as famílias dos ‘presos políticos’ de 8 de janeiro, os mesmos 99% de inocentes, enquadrados injustamente, como já afirmou o próprio capitão?

Para tanto, basta fazer um levantamento dos nomes, analisar rapidamente a situação em que se encontram os familiares dessas pessoas e, de maneira organizada e justa, fazer a partilha, talvez com a ajuda de uma comissão de parlamentares e lideranças ou de uma associação de advogados que os atendem.

Há ainda uma outra possibilidade, ainda mais bombástica e que define bem a visão de ‘ciência’ que os conservadores têm, ainda que acusados de negacionistas durante toda a pandemia.

É doar os valores para alguma associação que apoia ou atua junto aos que ficaram com sequelas e efeitos colaterais graves causados pelo ‘experimento’, o qual não podemos citar sem o risco de censura, desmonetização e até banimento.

Mas podemos ir ainda mais longe, e talvez já esteja na hora de criar uma campanha para estes dois segmentos, buscando doações em larga escala também por meio de uma campanha via PIX.

Já temos a comprovação de que funciona, um excelente ‘garoto propaganda’ e os meios de divulgação.

Agora é se unir novamente, aplicar a devida transparência e agir.

Foto de Uélson Kalinovski

Uélson Kalinovski

Jornalista desde 1996, com especialização em Ciência Política e mais de uma década de experiência na cobertura dos temas nacionais, em Brasília.
Executivo da produtora UK Studios, em Jundiaí/SP.
ukalinovski@gmail.com / Uelson Kalinovski (Facebook e YouTube) / @uelsonkalinovsk (Twitter)

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