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Explodem os crimes de furto de celulares no país e aumenta a sensação de insegurança

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Dizer que estamos vivendo uma onda de furto de celulares é querer tampar o sol com a peneira.

O que se vê é uma verdadeira explosão no índice dos crimes de furto desses aparelhos no país.

Esse aumento significativo é sentido pela população, na pele. 

O medo tomou conta das grandes cidades. Se deslocar para o trabalho, para a escola ou qualquer outro lugar, seja a pé, de carro ou de ônibus, se tornou uma missão – e das mais perigosas.

A sensação de insegurança que atormentava o brasileiro deixou de existir. Desde o início do ano, a sensação que o povo vem experimentando é de guerra mesmo.

Só na Cidade de São Paulo, foram registrados 14.627 boletins de ocorrência de furto de celulares, entre janeiro e fevereiro desse ano.

Em 2022, os paulistas da Capital registraram mais de 200 mil ocorrências desse tipo de delito, o que representa em média, um caso a cada três minutos.

Nessa verdadeira guerrilha urbana ainda não são granadas que explodem, mas são traumas que as vítimas carregam pelo resto de suas vidas.

Salvador (BA), só nos dois primeiros meses desse ano, registrou na polícia mais de 3.300 ocorrências de celulares, o que representa mais que o dobro de ocorrências do mesmo período no ano passado.

Entretanto, a Região Nordeste vem passando por dias mais sangrentos com o aumento da violência urbana, batendo recordes de homicídios e crimes de todas as espécies.

A sensação de insegurança do povo nordestino acompanha os recordes da escalada de seus crimes violentos, o furto de celular é apenas um coadjuvante nesse palco de horrores.

O povo de Belo Horizonte já estava amargando um aumento de 42% no índice de furto de celulares em 2022, mas... como não há nada que não possa piorar, nos primeiros meses desse ano aumentou ainda mais 30%.

O que para muitos seria apenas um fato curioso, pelas lentes dos especialistas o Rio de Janeiro retrata muito bem a presença desse verdadeiro exército de criminosos em franca atuação e articulação.

Enquanto a polícia comemorava a queda nos índices de furtos em geral, em especial o furto de celulares, só aumentou.

No primeiro bimestre de 2023, janeiro apresentou um aumento de 43,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, e um aumento ainda maior em fevereiro, atingindo 65,7% a mais que no mesmo mês em 2022.

Esses dados são do Instituto Rio21, fornecidos pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) para avaliar a situação da segurança na cidade do Rio de Janeiro.

O fato é que vivemos uma sensação de insegurança generalizada que é potencializada por esses crimes.

Os familiares da vítima, os colegas de trabalho, os vizinhos, todos se sentem afetados.

São fatos que entram no inconsciente coletivo.

Imaginem quando o estrago é ainda mais devastador, com a transferência de somas de contas, compras em aplicativos e outros prejuízos?

O aparelho celular tem venda rápida no mercado negro e por isso se traduz em lucro certo aos bandidos. O combate deve ser sistêmico e atingir a raiz do problema, sobretudo as lojas que se tornam canais de deságue contínuo de receptação.

Só no Estado de São Paulo, em 2022 foram roubados mais de 116,8 mil celulares. No Brasil, no mesmo ano, apresentando um aumento de 7% em relação ao ano anterior, tivemos cerca de um milhão de bloqueios do IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), decorrentes de celulares roubados/furtados.

Estamos diante de uma verdadeira indústria do crime. 

A polícia faz a sua parte, mas continuará enxugando gelo, porque essa criminalidade só cresce e os pontos de venda e receptação se multiplicam.

Tudo isso é fruto de uma política pública criminal que aponta para o caos, que vem soltando e reintegrando a população carcerária à sociedade cada vez mais.

Uma política criminal que aplaude a impunidade, porque o autor de furto, quando preso, não dorme um dia na cadeia. Quando reincidente, a passagem pela prisão é rápida como uma chuva de verão. Enfim, se nada for feito nesse cenário, de nada adianta a polícia intensificar a sua atuação no combate a esses criminosos e estaremos à beira de um colapso em matéria de criminalidade.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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