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A volta de Simão Bacamarte, reencarnado em Lula, a Casa de Orates ou Itaguaí é aqui

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“Todos nós podemos errar, mas a perseverança no erro é que é loucura”. (Zenão de Cítio Zenon).

Machado de Assis, entre os anos de 1881 e 1882, escreveu um pequeno livro chamado “O Alienista”. É a historia do médico Simão Bacamarte, um homem que afirmava ser detentor de profunda ciência e que convence o povo da vila de Itaguaí a construir um hospício e a Câmara Municipal a lhe outorgar poderes ditatoriais para que ele internasse e estudasse os loucos, e eram muitos, segundo ele, que passeavam pela na vila de Itaguaí.

Em 2022, no Brasil real, o espírito de Simão Bacamarte saiu da catacumba onde repousava e encarnou-se no “semi-analfabeto-condenado a doze anos de cadeia” – depois descondenado pelo STF, Lula da Silva, para disputar eleições, que afirmou ao povo ser profundo conhecedor de todos os problemas do Brasil, apesar de nunca ter lido um livro, ser a alma mais honesta do Universo, além possuir dezenas de títulos de Dr. Honoris Causa entregues por Universidades de esquerda, portanto um homem de ciência, um “intelectual orgânico”, segundo os preceitos de Gransci.

Uma espécie de Avatar, segundo a propaganda oficial. Ele convenceu o povo a lhe outorgar poderes para dirigir o Brasil, afirmando que todos os pobres comeriam picanha e beberiam cerveja se nele votassem. Além de tudo, todos seriam amorosos, o amor, sim o amor venceria e todos seriam felizes se ele se tornasse Presidente mais uma vez. O povo acreditou em suas promessas. Eleito Presidente, em passo acelerado ele criou um colossal Ministério.

No livro, “O Alienista”, o hospício de Simão Bacamarte, construído com dinheiro público, era um gigantesco casarão com 50 janelas pintadas de verde, por isso ficou conhecido como “A Casa Verde”:

- “Era na Rua Nova, a mais bela rua de Itaguaí naquele tempo; tinha cinquenta janelas por lado, um pátio no centro, e numerosos cubículos para os hóspedes. Como fosse grande arabista, achou no Corão que Maomé declara veneráveis os doidos, pela consideração de que Alá lhes tira o juízo para que não pequem. A ideia pareceu-lhe bonita e profunda, e ele a fez gravar no frontispício da casa; mas, como tinha medo ao vigário, e por tabela ao bispo, atribuiu o pensamento a Benedito VIII, merecendo com essa fraude, aliás, pia, que o Padre Lopes lhe contasse, ao almoço, a vida daquele pontífice eminente”. (O Alienista, pág. 03)

O Brasil de Lula-Bacamarte tem 37 Ministérios, milhares de assessores, aspones, lambe-botas, olheiros, todos pagos com dinheiro público, e entre cochichos e arrotos, é chamado às escondidas de “A Casa de Orates”. Como a maioria dos nomeados para cargos importantes em seu governo estavam presos e foram soltos para governar, ninguém se entende, todos sabem tudo e ninguém faz absolutamente nada a não ser bisbilhotar a vida da população, perseguir partidários do ex-presidente e sondar terceiros para ver quem puxa mais saco do “patrão-intelectual orgânico-Lula Bacamarte”.

Do alto de sua sabedoria, Simão Bacamarte ia pelas ruas da Vila de Itaguaí recrutando clientes, conforme suas conveniências científicas. Tudo era indício de comportamento anormal. E tinha louco de todo tipo: quem dividia herança, quem estava sem nada, quem era supersticioso, quem acreditava em praga, quem gostava de admirar a própria casa, quem era bom orador. Os que pretendiam fugir escondido de Itaguaí eram apanhados e levados para “Casa Verde”.

Quatro meses depois, a Casa Verde já estava cheia de loucos, e é preciso “anexar uma galeria de mais trinta e sete” cubículos ao hospício. A partir daí, todos da vila ficam sujeitos ao julgamento médico de Bacamarte: “[...], nada o consternava fora da ciência; [...], se ele deixava correr pela multidão um olhar inquieto e policial, não era outra coisa mais do que a ideia de que algum demente podia achar-se ali misturado com a gente de juízo”.

Simão Bacamarte dá mais um passo e usa a ciência para justificar a repressão e instala o pânico quando começa a internar, na Casa Verde, segundo ele, todos os que não são guiados pela razão.

No Brasil real de 2023, Lula-Bacamarte, o presidente “do bem e do amor”, da “democracia que venceu”, afirmou sobre um cidadão que discutiu com uma “ortoridade suprema” do governo:

- “Um cidadão desses é um animal selvagem, não é um ser humano. Essa gente que nasceu no neofascismo, colocado em prática no Brasil, tem que ser extirpada”.

Em discurso para sindicalistas em São Bernardo do Campo (SP), Lula-Bacamarte, inspirado pelo homônimo do além, Simão Bacamarte, avisou:

- “Vocês têm que estar preparados, porque nós derrotamos o Bolsonaro, mas não derrotamos o bolsonarismo ainda. Os malucos estão na rua. Tem pessoas xingando pessoas, e nós queremos fazer com que este país volte a ser civilizado. As pessoas não têm que se gostar, têm apenas que se respeitar”.

Em 6 meses de governo, Lula-Bacamarte, segundo a Revista Veja, já gastou mais de 24 milhões de reais em viagens internacionais. As informações foram obtidas por VEJA via Lei de Acesso à Informação (LAI). As despesas englobam as viagens feitas por Lula-Bacamarte e sua comitiva para os seguintes países: Argentina, Uruguai, Estados Unidos, China, Emirados Árabes, Portugal, Espanha e, finalmente, Reino Unido. Os deslocamentos ocorreram entre janeiro e maio deste ano. 

Em propaganda para enganar o povo, Lula-Bacamarte, segundo o site “O Antagonista”, já gastou: “Este ano, durante o período de quatro dias, a campanha dos 100 dias de governo – que pouco teve a apresentar – irrigou os cofres de Globo, SBT, Record, Band e Rede TV. Só a Globo ganhou R$ 11,6 milhões; o SBT, outros R$ 9,8 milhões; a Record, R$ 6,6 milhões; a Band, R$ 3,7 milhões e a Rede TV, R$ 854 mil”.

Lula-Bacamarte é um boa-vida. Sua filosofia é viver bem com o dinheiro público. Tem uma esposa que se chama “Janja”, apelidada de “a gastadora”. Assim dormem em cama de 40 mil reais, sentam-se em sofá de 60 mil, frequentam os melhores restaurantes, bebem os melhores vinhos, hospedam-se em hotéis 5 estrelas e fazem discursos para o povão, afirmando que um dia eles chegam lá, um dia comerão picanha regada a cerveja.

E como a loucura tomou conta do Brasil-Itaguaí, ou os loucos estão soltos, tudo virou ao contrário: os que estavam presos estão prendendo todos aqueles que os puniram, deputados estão sendo cassados injustamente, jornalistas presos por emitir opiniões, populares estão sendo encarcerados por não concordar com resultados das urnas e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, unha e carne com Lula-Bacamarte, condenado a 450 anos de cadeia, está livre, leve e solto, fumando charutos cubanos em Copacabana e será homenageado com enredo de Escola de Samba. 

No livro, “O Alienista”, o povo se rebela contra o despotismo de Simão Bacamarte. O líder é o barbeiro Porfírio, cujo apelido é Canjica. Os revoltosos saem vitoriosos e o levante ficou conhecido como a “Revolta dos Canjicas”. Porfirio Canjica dissolve a Câmara, assume o poder, mas o astucioso Simão Bacamarte tem influência sobre ele.

Há uma nova revolta, agora liderada pelo barbeiro João Pina. Porfirio Canjica, com medo, decreta o fim da Casa Verde e o desterro do alienista. Mesmo assim, João Pina sobe ao poder. No meio de toda essa confusão o Vice-Rei envia uma tropa para restabelecer a ordem. Simão Bacamarte mais uma vez sai por cima e coloca todos os revoltosos na cadeia, além de outros “cinquenta e tantos indivíduos” no hospício, e restitui o poder ao Presidente da Câmara.

No Brasil real que elegeu Lula-Bacamarte pela primeira vez em 2002 e deu a ele e a seu partido 16 anos de governo, povo também se revoltou. Lula-Bacamarte e seus asseclas foram para cadeia por corrupção. Mas 7 anos depois, assim como Simão Bacamarte, voltou ao poder.

Em Itaguaí, agora com plenos poderes, Simão Bacamarte deitava e rolava: qualquer mentira que alguém dissesse e ele soubesse, imediatamente era internado na Casa Verde. Como tudo era loucura, diagnosticou que esposa estava com “mania suntuária”, e a internou.

Meditando sobre todos os acontecimentos, Simão Bacamarte, resolve, repentinamente, soltar todos os internos da Casa Verde, pois “resultara para ele a convicção de que a verdadeira doutrina não era aquela, mas a oposta, e portanto, que se devia admitir como normal e exemplar o desequilíbrio das faculdades e como hipóteses patológicas todos os casos em que aquele equilíbrio fosse ininterrupto”. (O alienista, pag. 35).

Decretou que todos os loucos estavam curados, pois, segundo ele: “Os alienados foram alojados por classes. Fez-se uma galeria de modestos; isto é, os loucos em quem predominava esta perfeição moral; outra de tolerantes, outra de verídicos, outra de símplices, outra de leais, outra de magnânimos, outra de sagazes, outra de sinceros, etc.”.

Meditando ainda mais, “Simão Bacamarte achou em si os característicos do perfeito equilíbrio mental e moral; pareceu-lhe que possuía a sagacidade, a paciência, a perseverança, a tolerância, a veracidade, o vigor moral, a lealdade, todas as qualidades enfim que podem formar um acabado mentecapto”. E, portanto, “recolheu-se à Casa Verde”.

Fechada a porta da Casa Verde, entregou-se ao estudo e à cura de si mesmo. Dizem os cronistas que ele morreu dali a dezessete meses no mesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada. Alguns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco além dele em Itaguaí, mas esta opinião fundada em um boato que correu desde que o alienista expirou, não tem outra prova senão o boato; e boato duvidoso, pois é atribuído ao Padre Lopes, que com tanto fogo realçara as qualidades do grande homem. Seja como for, efetuou-se o enterro com muita pompa e rara solenidade”.

No Brasil-Itaguaí de 2023, Lula-Bacamarte, um velho iracundo de 77 anos, amigo de ditadores ferozes, doente, cercado de bajuladores, todo tentado extrair o máximo possível dos cofres públicos, faz comentários absurdos e contraria todas as declarações de direitos humanos e a visão cristã, protegida na Constituição. Hipócrita, sente orgulho de ser comunista. Segundo Deltan Dallagnol, Lula-Bacamarte “protege corruptos, ladrões e assassinos, mas desumaniza, cancela, caça e persegue quem vê como seus adversários políticos”.

Então Itaguaí é aqui. A vaidade, a ambição de Lula-Bacamarte, a frieza e a ditadura que o cegam e o tornam mecânico, sem limites, assim como Simão Bacamarte, ele próprio se tornará vítima da tirania que instaurou no país e reconhecerá que o único louco é ele e também se internará, não em uma “Casa Verde” ou “Casa de Orates”, mas na catacumba onde repousa Simão Bacamarte.

Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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