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Erasmo de Rotterdan, o Apedeuta e o General Colão

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“Brasil? Fraude explica”. [Frase de Carlito Maia, publicitário (1924 - 2002), foi um dos fundadores do PT. Declarou que deixaria o partido quando este chegasse ao poder].

Erasmo de Rotterdan escreveu um livro intitulado “O Elogio da Loucura”. Em carta, ele explica a seu amigo Thomas More, que a inspiração para o livro veio do sobrenome More:- “dominou-me essa fantasia por causa do teu gentil sobrenome, tão parecido com a ‘Mória’- Loucura em grego”.

No livro de Erasmo, a “Loucura” é o personagem principal. Ela aparece toda fagueira e faz uma defesa intransigente de si mesma. Afirma que ela traz verdade ao mundo. É a Loucura que movimenta os homens, é a Loucura que faz a sociedade funcionar.

A Loucura é uma quimera imperiosa, uma necessidade, uma procura incessante por algo que faça sentido aos atos humanos. A Loucura é dona de todas as calúnias, dos fatos, das paixões, das ternuras, dos aborrecimentos. Ela é a única que nada esconde e tudo revela

Erasmo elucida porque escreveu o Elogio da Loucura:

-“Com efeito, muitos séculos antes, Homero escreveu a sua Batraquiomaquia, Virgílio cantou o mosquito e a amoreira, e Ovídio a nogueira; Polícrates chegou a fazer o elogio de Busiris, mais tarde impugnado e corrigido por Isócrates; Glauco enalteceu a injustiça, o filósofo Favorino louvou Tersites e a febre quartã; Sinésio a calvície e Luciano a mosca parasita; finalmente, Sêneca ridicularizou a apoteose de Cláudio, Plutarco escreveu o diálogo do grilo com Ulisses, Luciano e Apuleio falaram do burro; e um tal Grunnio Corocotta fez o testamento do porco, citado por São Jerônimo”.

E assim:

- “Não tens quem te elogie? Elogia-te a ti mesmo”.

E continua a Loucura discursando em sua defesa:

_ “Em suma, sem mim nenhuma sociedade, nenhum relacionamento feliz poderia durar. O povo cansar-se-ia do príncipe; o servo, do amo; a serva, da patroa; o professor, do aluno; o amigo, do amigo; a mulher, do marido; o locador, do locatário; o companheiro, do companheiro; o hóspede, do anfitrião; se de vez em quando não se enganassem uns aos outros, ora adulando-se, ora sabiamente fingindo não ver, ora bajulando-se com o mel da Loucura. Sei que estas vos parecem enormidades, mas ainda ouvireis piores”. (pag. 17).

A Loucura dos homens ignora defeitos, devassidão e justifica todos os atos dos políticos corruptos afirmando que eles em determinados momentos ajudaram suas famílias, mesmo o dinheiro sendo público.

Os brasileiros, confirmando o que disse Erasmo, deram exemplo da “loucura coletiva” em pleno século XXI, elegendo para Presidente um semi-analfabeto, um néscio, condenado a 12 anos de cadeia por corrupção, depois descondenado para participar de eleições. Alguns afirmam que nada disso é verdade, que a eleição deveria ter comprovante de votos, que foi ilícita, que o STF ignora os limites da Constituição, que o povo brasileiro não elegeu essa aberração.

Mas a realidade é que o sujeito é Presidente. E como o “Presidente” que foi eleito depois de ter sido acusado de promover o maior assalto do planeta terra já cometido contra uma nação, ele, alegremente continua afirmando coisas sem sentido e os “intelectuais-artistas-político-jornalistas e borra-botas-de plantão se derretem e afirmam que são palavras divinas”. Coisas assim:

- “A Ucrânia é culpada de ter sido invadida”... "Os EUA e a Europa também são culpados".
“A Democracia é coisa relativa, depende de narrativa” e há na Venezuela “excesso de democracia”. 
“Só vou estar bem quando fod** o Moro”.

E completando a sinfonia da Loucura: nomeou o próprio advogado para o Supremo e por tabela extinguiu as escolas cívico-militares, sem motivo.

Disse Erasmo no Elogio da Loucura:

- “Os homens, enfim, querem ser enganados e estão sempre prontos a deixar o verdadeiro para correr atrás do falso. Quereis disso uma prova sensível e incontrastável? Ide assistir a um sermão, e vereis que, quando o cacarejador (oh! que injúria! enganei-me, desculpai-me), queria dizer, quando o pregador aborda o assunto com seriedade e apoiado em argumentos, o auditório dorme, boceja, tosse, assoa o nariz, relaxa o corpo, inteiramente enjoado. Se, porém, o orador, como quase sempre é o caso, conta uma velha fábula ou um milagre da lenda, então o auditório logo se agita, os dorminhocos despertam, todos os ouvintes levantam a cabeça, arregalam os olhos, prestam atenção”.  (O Elogio da Loucura, pag. 36).

Boquiaberto o povo que esperava por picanha e cerveja, prometida pelo Apedeuta para ganhar a Presidência, até agora nada entendeu. Mas o pior estava por vir. Esse povo que adorava as forças armadas, venerava o Exército brasileiro por sua disciplina, respeitava por sua honradez, viu o Apedeuta escolher Marco Edson Gonçalves Dias, general da reserva do Exército Brasileiro, para o cargo de ministro-chefe do GSI em 29 de dezembro de 2022.

Depois o povo da picanha e da cerveja olhando para o céu e não para os problemas da nação, também viu o mesmo general encarcerar a mando do Apedeuta, mais de 1500 pessoas que estavam acampadas em frente ao quartel do Exercito, enganando-as, dizendo que as levaria a Rodoviária de Brasília. Cinicamente confessou o ato em que cometeu perfídia contra a população.

Então, abriu-se a caixa de pandora e horrorizado o povo brasileiro que olhava para o céu esperado a chuva de picanha e cerveja, descobriu que o tal General Dias era uma espécie de Lula de farda. Em 2012, quando atuava na 6ª Região Militar, se envolveu em uma polêmica ao receber policiais grevistas da Bahia, sendo filmado recebendo um bolo de aniversário deles. Após o episódio, foi afastado do comando e enviado à reserva.

O General adotado por Lula escondia mais segredos:

- “O cadete número 871, da 1ª Companhia do Curso de Infantaria, Marco Edson Gonçalves Dias, por ter praticado atos contra a honra e o pundonor [decoro] individual militar, utilizando-se, comprovadamente, de meios ilícitos na realização de uma verificação para julgamento, fica preso por 30 dias”, diz resultado da sindicância sobre o caso, com data de 26 de novembro de 1975″.

Isto é: o ex-chefe do GSI recebeu punição de 30 dias de prisão por ‘colar’ em exame. Sim, o general era um “colão” e foi preso quando era um cadete da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em 1975. A acusação era ter “colado” em exames da instituição.

Portanto, G. Dias não preenchia os requisitos necessários a promoção para o generalato, pois cometeu fraude, burlou, falsificou, enganou, tapeou, trapaceou, iludiu ludibriou e foi preso. Mas o Apedeuta mandou apagar a punição do G Dias e promoveu-o a general. No Exercito é conhecido como “general colão” ou “general do bolo”.

Assim como Lula sujou o país com seu mau-exemplo, G Dias sujou o Exército com sua cola desonesta.  Os dois continuam abraçados, frequentando hotéis 5 estrelas, viajando pelo mundo, falando idiotices e rindo dos brasileiros.

E a Loucura fala, mais uma vez, através da pena de Erasmo:

- “... Sou eu quem providencia, mantendo os homens na ignorância, na irreflexão, no esquecimento dos males passados e na esperança de um futuro melhor. Misturando as minhas doçuras com as da volúpia, eu amenizo o rigor do seu destino. Amam a vida não só quase todos os homens, como até aqueles cujo fio da existência está prestes a ser cortado pela morte, aqueles que devem deixar a vida depois de um bom número de anos”. (O Elogio da Loucura, pag. 22).
Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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